Recentemente, muito se discutiu aqui na
blogosfera sobre a conciliação que a mulher deve fazer entre seu papel de mãe e de profissional.
Atualmente, me encontro num dilema terrível.
Sempre me considerei uma mulher super privilegiada: nasci no seio de uma família equilibrada, amorosa e dedicada; tive apenas uma irmã, mas uma menina(para mim)-mulher fenomenal, por quem nutro um amor maternal, vivo rodeada de amigos verdadeiros, tive a grande felicidade de encontrar em meu caminho um homem que me completa como mulher, e que, além de tudo, se mostra um pai maravilhoso e uma pessoa cheia de virtudes, tive dois filhos lindos, que fizeram com que eu passasse a ver a vida com outros olhos e, simultaneamente a tudo isso, consegui obter uma realização profissional plena.
Adoro o meu trabalho: a matéria, os colegas, os chefes e, principalmente, a flexibilidade de horário que ele me proporciona.
Para mim, poder trabalhar em casa e acompanhar o crescimento dos meus filhos é algo que não tem preço (sem querer fazer qualquer alusão ao Mastercard rsrsrsrs).
No meio do ano passado, fui convidada pelo meu chefe para ocupar um cargo comissionado e aceitei a proposta, muito feliz, por entendê-la como um reconhecimento pelo trabalho que vinha desempenhando. Encarei a nova etapa como um desafio, e como um convite a viver mais profundamente o dia a dia do meu trabalho, consciente de que isso exigiria mais turnos meus fora de casa, tendo em vista as inúmeras reuniões de que teria que participar.
Mas, chegado o final do ano, parei para fazer uma reavaliação da minha vida pós nomeação.
Minha rotina é muito louca! Samir passa a semana no interior, por causa do seu trabalho, e eu, sozinha (ainda que meus pais sempre se disponibilizem para me ajudar), tenho que dar conta do meu trabalho, da administração da casa, de acompanhar a vida escolar de Lipe (que me consome horrores), de levar Leti para escola, terapias, médicos, Lipe para o inglês, além dos cuidados que procuro dispensar para meu próprio bem estar.
A sensação que fiquei foi de que estava atropelando tudo, e sem conseguir dar conta das minhas atividades com o capricho que desejaria. Lipe faltou inglês porque não pude levá-lo, fiquei sem tempo para estudar, para malhar, chegava atrasada a reuniões do trabalho, para poder deixar as crianças com alguma antecedência em seus compromissos, acumulava processos, enfim, o preço que estava pagando pela maior realização profissional estava sendo maior do que o que eu inicialmente me tinha proposto a pagar.
Angustiada com essa situação, decidi que pediria exoneração do cargo, e comuniquei minha decisão às minhas colegas e ao meu chefe, para que já pensassem em quem me substituiria.
Resolvi continuar no cargo no mês de janeiro, porque as outras três colegas estariam de férias.
Ontem, resolvendo umas pendências com meu Chefe, ele tentava me convencer a não sair do cargo, a tentar contribuir para o grupo de alguma maneira que não exigisse minha presença física constante na Instituição. Fiquei de pensar.
Mas, sinceramente, não me sinto seduzida a mudar de ideia.
Amo meu trabalho. Sem hipocrisia, de verdade!
Mas, o papel que desempenho com mais satisfação em minha vida é o papel de mãe. E, para mim, é super importante poder conciliar as duas coisas. E eu conciliava melhor antes.
Também não conseguiria ser mãe com dedicação exclusiva. Renunciar a tudo em prol da maternidade. Respeito quem assim o faz. E acho que cada um sabe o que é melhor para si. Parafraseando Caetano, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Mas, mesmo sendo uma entusiasta da maternidade, acho que não seria plenamente feliz se tivesse que renunciar a tudo para ser, apenas, mãe em tempo integral de meus filhos.
Então, diante de toda esta celeuma, acho que o melhor seria, realmente, abrir mão do cargo comissionado, continuando, é claro, no meu cargo efetivo, e continuar dispondo de uma flexibilidade de tempo maior para poder atender às demandas dos meus filhotes, já que essa fase passa tão rápido. Não é verdade?