segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

E agora?

Ontem à noite Samir voltou para o interior. A partir de hoje retoma sua rotina, depois de ter ficado um mês aqui em Salvador, me ajudando com as crianças. E ele é o tipo de pai que ajuda de verdade!

Ontem, quando nos despedimos, às 22h, não sei quem inspirava mais preocupação: eu, que passaria a primeira noite inteira sozinha com as três crianças; ou ele, que atravessava a porta do elevador com um olhar tão abatido, que parecia estar indo para uma guerra. Ele não cansava de repetir que estava indo com o coração partido.

Mas parece que as crianças, enquanto eu me despedia do papai, fizeram um acordo para cuidar da mamãe, minimizando o trabalho que me dariam à noite, e o cumpriram à risca. 

Mateus, que tinha acabado de mamar às 22h, acordou às 00:30 e às 3h, mas dormiu logo depois; Leti acordou às 4h, pedindo "gagau", mas se conformou com uma negativa e logo retomou o sono, acordando definitivamente às 5h. Ficou tranquila na cama até às 5:30h, quando nos levantamos e fomos à cozinha fazer a sua vitamina. Às 5:45h já era hora de acordar Lipe e preparar seu café para que fosse à escola às 6:10h, quando o transporte escolar passa para pegá-lo. E, às 6:30, quando a secretária da casa já havia chegado para poder ficar com Leti, Mateus acordou novamente para mamar, dormindo depois, das 7 às 9h, período em que pude descansar tranquila, para recarregar as energias para aguentar a nova rotina que tomará conta da minha vida.

Embora a noite tenha sido cansativa, foi plenamente exequível, já que as crianças intercalaram seus horários e pude dar conta de tudo. Pena que não tenho uma garantia de que será sempre assim.

Ainda achei tempo pela manhã para começar a fazer shantalla em Mateus e para colocar Leti para tirar seu cochilo no final da manhã e para dar seu banho e arrumá-la para ir à escola.

Dia de segunda feira será o mais light da minha rotina, porque Leti não tem terapias pela manhã, mas, em compensação, hoje à tarde, precisei levar Mateus para fazer o teste da orelhinha. E, como o horário era próximo ao do inglês de Lipe, tive que fazer uma ginástica para conciliar tudo: levar Leti na escola; voltar em casa para pegar Lipe, Mateus e babá; ir para a clínica fazer o exame de Mateus; deixar Lipe no inglês; parar no estacionamento do Bompreço para amamentar Mateus, enquanto passavam os 50 minutos da aula de Lipe; voltar para casa para deixar Mateus e cia; retornar para a escola de Leti para ir buscá-la.

Ufa! Cheguei em casa cansada, não posso negar. Mas feliz de ter conseguido dar conta de todos os compromissos.

Mas, sinceramente, não sei se o restante da semana será tão exitoso como hoje, já que hoje, para minha sorte, não sofri muito com choque de horários, principalmente à noite.

Tenho medo de noites como algumas que passamos, quando Samir ainda estava aqui, em que Leti e Mateus, de madrugada, acordavam chorando na mesma hora. Não gosto nem de pensar.

Também não sei como conseguirei conciliar os horários das mamadas de Mateus, com os horários das terapias e da escola de Leti, e com os do inglês e do futebol de Lipe. Não gostaria de ter que ficar carregando meu bebê pra cima e pra baixo, junto comigo. Hoje mesmo, já voltando pra casa, depois de toda a peregrinação, ele, mesmo de barriga cheia, deu uma crise de choro no carro, certamente em decorrência do stress de tantas idas e vindas no bebê conforto. Acho que ele merece um pouco de paz nesse início de vida.

Essa semana vai ser nosso termômetro. Meu pai e minha irmã se prontificaram para ajudar no transporte de Leti para as terapias. Será uma grande ajuda!!!! Mas, se o bicho pegar, Samir disse vai tirar férias de novo. (Ele liga o tempo todo pra saber como estão as coisas)

Cogitou de contratar outra babá (o que seria na verdade uma antecipação, já que a atual está grávida, sairá de licença em junho e precisará ser substituída) ou um motorista temporário, mas em tempos de mudança, reforma e armários, só poderemos absorver qualquer gasto excedente se estritamente necessário. Vou tentar o máximo que puder dar conta de tudo, para não precisar contratar ninguém.

O fato é que, antes de Mateus nascer, apesar de saber que ficaria enclausurada por uns tempos, tomando conta do meu baby, não tinha a exata noção do que isso representaria de mudança em minha vida, já que, tanto no pós parto de Lipe, como no de Leti, tive uma ajuda mais ostensiva de Samir, que fazia com que os dias e as noites ficassem mais leves. Ele levantava à noite, trocava fraldas, colocava o bebê para arrotar, me proporcionando um tempinho maior de sono.

Agora, como Leti demanda quase tanta atenção como um bebê, a ajuda noturna de Samir ficou muito voltada para ela, o que deixou minhas noites mais longas. Mas, durante o dia, quando a babá assume os cuidados com Leti, ele sempre dava um suporte com Mateus, para eu poder recuperar a noite perdida.

Mesmo com a ajuda dele, me senti mais cansada nesta fase puerperal que das outras vezes. Lembro que, com Leti, quando também tinha acabado de me mudar, mas em condições bem mais favoráveis que agora (já que o apê estava todo montado), minha casa vivia cheia por opção minha. E eu tinha energia de sobra para receber amigos em casa, seja em que hora fosse.

Agora, quando vai anoitecendo só penso em dormir, e aproveitar os intervalos de sono das crianças.

Seria tudo tão mais fácil se Samir trabalhasse em Salvador... O pior é que, segundo a previsão de um amigo dele, a perspectiva de chegar à capital é de aproximadamente mais uns 9 anos.

Ou seja, terei ainda muitas e muitas noites para me desdobrar para dar atenção aos três pimpolhos.


 
Ainda bem que a cama é grande e acomoda todo mundo bem

Obs.: Este é o retrato das minhas noites: prole toda junta, para facilitar o compartilhamento da atenção. Rs.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quem disse que amamentar é fácil?

Pode até ficar, depois de um período de prática, como, aliás, quase tudo na vida. Mas o início não é nada fácil. Nem para uma maria de terceira viagem.

Quem vê uma mãe amamentando seu bebê de mais de um mês de idade, sem ter passado pela experiência da amamentação antes, pode jurar que todo o prazer que a amamentação proporciona não exige nenhum sacrifício como contraprestação.

E a culpa dessa falsa impressão é nossa! Porque, passado o tumultuado primeiro mês da vida do bebê, a gente acaba esquecendo de tudo que ocorreu nessa fase inicial (que não é pouca coisa).

Minha experiência foi muito parecida com meus três filhotes.

Primeiro, a dificuldade do bebê pegar a mama corretamente. Eles, com aquelas boquinhas tão pequenininhas, insistem em querer pegar só o mamilo, na hora da fome, quando o correto é abocanhar toda a aréola. Daí até o bebê aprender a se alimentar, corretamente, sozinho, vai um pequeno stress da mãe (e de vários pitaqueiros), para tentar auxiliá-lo nesta nova empreitada.

Outro problema da fase inicial, quando produzimos apenas o colostro, que dizem ser a primeira vacina do bebê, é que, algumas vezes, a falta de efetividade da sucção faz com que o bebê precise de leite artificial para complementar sua alimentação. Aconteceu comigo nas três vezes.

Na primeira, fiquei arrasada, achando que não conseguiria amamentar meu filho exclusivamente com o meu leite. Mas, em todas as três vezes, eles só precisaram do leite artificial no hospital, e em quantidade bem reduzida, mantendo-se exclusivamente no leite materno depois da alta hospitalar.

Mas, o pior problema da amamentação, para mim, é o dia da apojadura.

O dia da chegada do leite é um dos dias mais esperados, porque finalmente estaremos produzindo um alimento substancioso para o nosso bebê, com tudo o que ele necessita para se nutrir até seu sexto mês de vida, mas, ao mesmo tempo, problemático, porque a quatidade do leite que produzimos inicialmente ainda não está adequada à necessidade do nosso bebê.

Nas três vezes, aconteceu depois de passadas 72 horas do parto.
Meus seios ficaram extremamente entumecidos e doloridos, e, da primeira vez, entrei em pânico, sem saber o que fazer, e achando que ficaria daquela maneira por todo o tempo em que fosse amamentar meu filho.

Cada pessoa que me via naquele estado dava um palpite diferente: mandava colocar água quente, mandava passar um pente, mandava colocar gelo, mandava tirar o leite... e eu ia fazendo tudo que mandavam (#desespero). Até que a madrinha da minha irmã me ligou, para saber como eu estava, e, antes de desligar, resolveu perguntar pela mama, ao que lhe respondi, falando da minha aflição.

Lembro como hoje. Era uma noite de sexta feira. Ela largou tudo em sua casa e foi à casa da minha mãe (onde eu morava à época) cuidar de mim. Isso é o que ela fazia no dia a dia do seu trabalho, numa maternidade pública.

A primeira coisa que fez (e que nenhum pitaqueiro tinha mandado eu fazer) foi desobstruir os ductos dos meus seios. Uma massagem firme, de dentro para fora, para desentupir os pequenos canais congestionados de leite, que estavam atrapalhando que o farto leite das minhas tetas conseguissem chegar a boquinha do meu filho. Depois, a ordenha. A retirada do excesso do leite, para que Lipe conseguisse ter força para mamar o que precisava para se alimentar. Por fim, a aplicação de bolsas de gelo, que exerciam uma função anestésica e não estimulavam o aumento da produção láctea.

Falando, parece simples. Mas foi um processo bastante doloroso e que durou cerca de dois dias.

Passada essa fase, às vezes ainda remanescem alguns probleminhas.

Fissuras nos mamilos são comuns quando o bebê não abocanha o peito direito. Tive com Lipe. É terrível e perigoso. Terrível porque dói muito. Perigoso porque tendemos a oferecer apenas a outra mama ao bebê, o que acaba desequilibrando a produção nos dois seios. (esse é um dos motivos para, algumas vezes, uma mama acabar ficando maior que a outra).

O uso regular do lansinoh ajuda a evitar tais fissuras, e não é contra indicado, porque não precisa ser retirado do seio antes do bebê mamar. Fora isso, os obstetras recomendam, durante a gestação, a exposição da mama ao sol, para dessensibilizar mamilo e aréola, o que não consegui fazer em nenhuma gravidez.

Outro probleminha que pode surgir é a mastite, que é um processo inflamatório na mama, de ocorrência mais comum no primeiro mês de vida do bebê. A pega incorreta, o não esvaziamento da mama, uma rotina muito rígida para a amamentação ou um trauma no seio são algumas das causas descritas pelo Babycenter  para a mastite.

Os sintomas são similares a uma gripe: mal estar, fadiga, febre, além de dores no seio, e, algumas vezes, o tratamento exige o uso de antibióticos.

Tive depois que Leti nasceu. Tive febre alta e todos os sintomas comumente relatados e precisei fazer uso de antibiótico. A medicação resolveu e o problema não apareceu mais.

Com Mateus, não tive fissuras, nem mastites. Ele foi quem pegou o peito mais rápido, e acho que as experiências anteriores me ajudaram no trato com a mama, para evitar estes tipos de problema. Desta vez também, não precisei de ajuda externa no momento da apojadura, consegui fazer massagem, ordenha e a fase foi bem mais tranquila.

Sinto apenas um pouco de dor quando ele começa a mamar no seio esquerdo, e acho que é porque ele não pega este peito direito. Ajusto daqui, ajusto de lá e, poucos minutos depois, não sinto mais qualquer incômodo. E sigo amamentando meu bebê, com seus 28 dias de vida.

Mas uma coisa tem me preocupado um pouco desta vez. É que não sinto meu peito super-hiper-mega-cheio entre uma mamada e outra de Mateus. Pelo contrário. Às vezes, sinto até o peito bem murcho.

Fico com medo de não ter leite suficiente para alimentá-lo. E o pior é que sempre que ouvia alguém dizer que não tinha conseguido amamentar seu filho, ficava com uma pulga atrás da orelha, desconfiando da história, por acreditar que toda mãe produz a quantidade de leite suficiente para seu filho.

Durante o dia, ele mama muito e dorme muito pouco. À noite, graças a Deus, ele tem conseguido dormir bem. Também parece estar crescendo, e tem feito bastante cocô, o que, para mim, talvez sejam indícios de que sua alimentação esteja satisfatória.

Estou super ansiosa para a consulta de um mês, para ver se ele ganhou peso direitinho.

Por último, não sei se é lenda ou verdade (mas, por via das dúvidas, prefiro não arriscar), diz-se que a amamentação impõe também algumas restrições alimentares à nutriz. Nem falo da necessidade de manter uma alimentação saudável para assegurar a qualidade do leite, mas dos efeitos deletérios que esse ou aquele alimento pode causar ao bebê. Coincidência ou não, de todas as vezes que comi chocolate, dendê, feijão e café, meus babies sofreram com cólicas. Então, pelo sim, pelo não, evito estes alimentos no período da amamentação (obs: o café substituí pelo sem cafeína e não tive problemas).

O fato é que, tirando os cuidados com a alimentação, todos os outros probleminhas de que falei, na maioria das vezes, não sobrevivem ao primeiro mês de vida do bebê e, passada esta fase de adaptação, o prazer que a amamentação proporciona compensa todo e qualquer sacrifício para assegurarmos o melhor alimento que existe para o nosso bebê.

O post, portanto, não tem por objetivo desestimular a amamentação, pelo contrário. Minha intenção com ele é compartilhar experiências, e oferecer alento para que está passando por essa fase inicial, pensando, como eu pensava, que seria assim por todo o sempre. Saibam: logo, logo tudo isso passa.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Oinc, oinc

- Lipe, vá tomar seu banho!
- Banho? Pra que banho, mamãe? Tomei banho ontem! E nem suei! Por que tem que tomar banho todo dia? E blá blá blá...

- Leti, vamos levantar do peniquinho para tomar banho?
- Acabou, acabou (ela sempre fala acabou quando não quer algo).

Mateus, seguindo o caminho dos irmãos, como ainda não tem lábia para se esquivar do banho, chora, se esguela, e parece que vai parar de respirar, de tão estatalado que fica.

Estou frita!!!!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dever de casa

O trabalho da fono de Leti não tem se restringido ao consultório, como ela mesma havia anunciado na época da avaliação.

Por conta da greve dos policiais militares, as aulas que haviam iniciado no dia 30/01, foram suspensas na mesma semana, retornando apenas ontem. Por isso, não sei a quantas anda o acompanhamento junto à escola, principalmente porque não sou eu quem a tem levado às terapias.

Mas temos feito um acompanhamento intensivo em casa, com suporte no material elaborado por ela   .

Sua meta, por ora, é dar mais funcionalidade às mãos de Leti. Então as atividades buscam trabalhar força, motricidade fina e articulação conjunta das mãos. Simultaneamente, devemos fomentar a comunicação, trabalhando sempre a nomeação na hora das atividades.

O primeiro material que ela preparou foi um conjunto de 3 pastas, com fotos de mulheres, e partes do rosto destacadas, para serem colocadas no lugar com velcro.

Objetivo: trabalhar força (para retirar o velcro), motricidade, noção de todo e partes, e comunicação. Apesar da resistência inicial, hoje ela tem tirado de letra.




A segunda etapa foi composta de brinquedos e joguinhos. O objetivo é trabalhar coordenação, força e motricidade.

O encaixe de moedas e palitos em latas de nescau e leite, respectivamente, visa trabalhar a motricidade e a coordenação. Leti tem feito razoavelmente bem. Mas prefere os palitos.







Esses brinquedinhos abaixo, cujos nomes desconheço, buscam trabalhar a força e o trabalho conjunto com as duas mãos. 

São os que Leti menos gosta. Ela resiste muito a estas atividades e a qualquer uma que lhe exija um pouco mais de força.

O de madeira é mais conhecido. Quando apertamos, simultaneamente, os dois lados da madeira (pintados de azul), o bonequinho se movimenta (ação e reação).

Com o rosa não há ação e reação, o objetivo é só abrir a "ferradura", junto com outra pessoa (uma de cada lado). O negócio é duro pra caramba.





O último material foi a pasta abaixo, que tem objetivo similar às primeiras, mas que visa também trabalhar o pareamento, e, consequentemente, conceitos de igual e diferente.






Ah, apesar de ela resistir um pouco às atividades que exigem força, a "hora da atividade", como ela mesma diz, não tem sido maçante, e tem respeitado o seu tempo de concentração e interesse.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pensando a Inclusão

No final do ano passado, instigada a entender um pouco mais sobre inclusão, participei de dois eventos realizados em Salvador, para discutir a temática: O Congresso Baiano de Educação Inclusiva e o Simpósio sobre Terapêutica e Inclusão no Autismo.

O Congresso foi um evento mega, que contou com a participação de estudantes e profissionais do Brasil inteiro e se aprofundou na discussão de diversos temas ligados à inclusão em suas diversas facetas.

Na programação do Congresso, foram oferecidos minicursos, de temas diferentes, com duração de 4 horas. Participei do minicurso de Inclusão na Educação Infantil, ministrado pela Pedagoga Mônica Loiola, e, o que aprendi ali, sem dúvida, me deu mais subsídios para acompanhar, junto à escola da minha filha, se realmente a inclusão estava sendo praticada.

O Simpósio foi um evento mais direcionado ao autismo. A sequência para mim foi perfeita, porque primeiro obtive informações gerais sobre inclusão, com indicação de instrumentos normativos aplicáveis e livros interessantes sobre o assunto; e depois tive a oportunidade de ver como a inclusão pode ser feita para auxiliar crianças autistas.

No Congresso, tomei conhecimento da existência do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica e das Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil, documentos até então desconhecidos por mim, que nenhuma formação tenho na área de educação.

Entendi um pouco como, em tese, a inclusão deve ser processada nas escolas; com avaliação da criança especial, adaptação curricular, previsão de terminalidade em relação ao currículo previsto para o ciclo, possibilidade de acompanhamento paralelo nas salas de recursos multifuncionais...

A palestrante, didaticamente, tratou das adaptações curriculares, ponto crucial para a realização efetiva da inclusão, em 4 passos:

Passo 1: Conhecer e Sentir - Fase em que se estabelece as prioridades e potencialidades da criança.

Passo 2: Planejar e Escolher - Fase normalmente acompanhada por uma equipe multidisciplinar, em que se definirão metas, escolhendo a maneira e o momento oportuno de usar as metodologias pensadas para aquela criança.

Passo 3: Pensar Recursos - Fase em que se colocará em prática as atividades pensadas para a criança, que auxiliarão o seu desenvolvimento em sala de aula (uso de lápis maior, jogos adaptados, uso de comunicação alternativa...).

Passo 4: Registro e Avaliação - Registro de metas propostas para a criança e das atividades por ela realizadas.

Por fim, elencou o que entende como importante numa escola inclusiva: currículo flexível, centrado no sujeito, foco nas diferentes linguagens, ênfase em valores e procedimentos (e não na intelectualidade), formação do professor e equipe multidisciplinar.

O Simpósio foi direcionado para o autismo, e não se limitou à inclusão escolar, mas também abordou a parte terapêutica, tratando do tratamento biomédico para autistas, dos métodos de intervenção terapêutica existentes, da avaliação neuropsicólogica, dos modelos pedagógicos, além da inclusão escolar e no mercado de trabalho.

A palestra que mais me marcou foi a da representante da AMA.

Depois de falar um pouco sobre a instituição, a presidente da AMA/BA, Rita Valéria, mostrou como são feitas as atividades, para auxiliar a criança nas habilidades que elas precisam, para o acompanhamento escolar. Brincadeiras aparentemente aleatórias, motoras e de encaixe, por exemplo, são idealizadas pensando-se em como poderá ajudar a criança a desenvolver sua motricidade fina e a apurar seu senso espacial (para ajudá-la a escrever num papel, por exemplo).

Jamais cogitaria a possibilidade de colocar minha filhota numa instituição de ensino especial (pelo menos por enquanto isso não passa pela minha cabeça), mas fiquei pensando no quanto uma parceria com a AMA poderia ser benéfica ao seu desenvolvimento.

O fato é que saí dos dois "cursos" me questionando sobre como estimular melhor o aprendizado de Leti. Principalmente por que muitas vezes ela me surpreende, mostrando que sabe coisas que nem imaginava que ela sabia.

Fiquei com medo dos profissionais estarem subestimando-a e, com isso, deixando de estimular o aprendizado de conhecimentos que ela tem capacidade de adquirir.

Com base nas informações que obtive nos cursos, e nos livros que comprei lá, elaborei um questionário e resolvi reiniciar minha busca por uma escola inclusiva para Leti. Desta vez, com outro enfoque. Não estaria buscando uma escola acolhedora e que pregasse a atitude inclusiva, mas uma que tivesse um projeto concreto de inclusão, com um trabalho sistematizado e individualizado de adaptação curricular. No meu questionário, enumerei todos os fatores que achava importante saber se a escola continha e comecei minha pesquisa.

Comecei pela escola em que ela estudava. Depois, entrevistei outras quatro escolas, para definir se ela mudaria ou não de escola.

Quando marquei as visitas nas escolas, não antecipei que se tratava de uma criança especial. Não queria ter um discurso previamente preparado no meu atendimento, apostei na espontaneidade. Um risco!

Em apenas uma das escolas entrevistadas, a pedagoga que me atendeu soube me dar informações precisas sobre o processo de inclusão. Tudo que eu achava importante, na prática, era feito lá. Uma equipe multidisciplinar avaliava a criança por um período, planejava a adaptação curricular necessária, estudava a questão da terminalidade..., ou seja, havia, de fato, um trabalho individualizado para favorecer a inclusão da criança especial. Só o tamanho da escola me assustou.

Nas outras, precisaria marcar com um profissional específico para obter informações sobre o trabalho de inclusão.

Dentre estas estava uma altamente recomendada, por ser, inclusive, pioneira em matéria de inclusão em Salvador, e constituir centro de estudos sobre a temática. Nesta eu voltaria para conversar com a tal psicóloga, que eu até já conhecia, por ter palestrado no Simpósio, mas, em meio a minha caminhada, um fator me fez mudar de ideia.

Depois de entrevistar todas as escolas, e antes de marcar o retorno para esta, que eu achava que valeria à pena, começamos o acompanhamento de Leti com uma fono nova (já mencionei isso aqui, no final do ano passado). A fono me apresentou uma proposta tentadora: fazer um acompanhamento de perto junto à escola, com adaptação de material; com atividades paralelas para melhorar o funcionamento das suas mãos; enfim, com apoio irrestrito e contínuo à escola, para favorecer o desenvolvimento da minha pequena.

E seu entusiasmo me contagiou! Ela viu tantas possibilidades em minha filha, que não tive como recusar sua proposta.

E, ante essa nova possibilidade, achei melhor manter Leti na mesma escola em que estudava, escola com a qual mantivemos uma relação tão intensa, e tão rica, durante um ano e meio de nossas vidas. Principalmente por conta do momento de muitas mudanças que estamos passando: mudança de casa, mudança de rotina, mudança na família, que acabou de ficar maior...

Achei que mais uma mudança na vida de Leti talvez fosse contraproducente neste momento.

Voltei à escola, para conversar com a diretora e a coordenadora, e dar um feedback sobre a minha decisão, quando fiquei sabendo, para minha imensa felicidade, que a fono de Leti havia sido contratada para prestar uma consultoria à escola.

Neste momento, uma paz tomou conta do meu coração, me dando a convicção de que eu tinha tomado a decisão acertada.

Inclusão é uma tarefa difícil! Vontade de fazer inclusão já é um importante passo para que as coisas possam dar certo. Mas a vontade tem que andar junto com a capacitação profissional e com o trabalho árduo, especializado e consistente. E, mais uma vez, a escola da minha filha me mostrou que está atenta e disposta a fazer um trabalho sério  e de qualidade com as crianças que chegam por lá.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

15 DIAS DE VIDA

Mateus nasceu no dia 25/01/2012, às 21:22h, no Hospital Aliança, de parto cesáreo. Pesou 3.840kg e mediu 51cm. Segundo a pediatra do hospital, um bebê GIG.



Wow!!! Um bebê GIG!!

E, por ser um bebê GIG, tinha uma tendência maior a fazer hipoglicemia, motivo pelo qual seu açúcar tinha que ser regularmente monitorado, através de (terríveis) furadinhas no pé. Eu, que estava me achando, por ter parido um bebê GIG, depois da primeira furada de pé (e do sofrimento para tentar tirar a quantidade necessária de sangue), fiquei me lamentando por meu filhote não ter nascido, no máximo, com 3.500kg.

Ele chegou a fazer hipoglicemia e, por isso, precisou tomar umas três mamadeiras de NAN no hospital, como complemento.

Mas pegou o peito super bem. Foi o que pegou mais rápido dos três. E já voltamos para casa só no leitinho materno.

Teve também uma icterícia tardia e, por precaução, a médica prescreveu um banho de luz antes da alta, para não precisarmos ter que ficar mais tempo no hospital. Com aproximadamente 20 horas de banho de luz, ele caiu do risco moderado para o baixo risco e pudemos ir para casa, com a recomendação de fazermos o acompanhamento.

Arrasada, por não poder ver os olhos do meu bebê.


Já fez teste do pezinho, tomou as primeiras vacinas e foi à primeira consulta com a pediatra, no sétimo dia de vida.

Adorei a pediatra! Muito cuidadosa (às vezes até demais), e não se restringe aos cuidados com a saúde, mas também com a segurança e com o desenvolvimento neuropsicomotor. 

Indicou um livro (PEKIP) para ajudar na estimulação do seu desenvolvimento, e já orientou começar a brincar com brinquedos em preto em branco, e colocá-lo, acordado, de prono, para fortalecimento da musculatura cervical. Fora, é claro, o conversar olhando no olho, o contato físico, e essas coisas que a gente já sabe...

Apesar de ele não ter recuperado ainda o peso do nascimento no dia da consulta (o que é normal), engordou bem depois da alta - cerca de 48g/dia, quando a média é de 20 a 30g. Mas continuava ictérico.

Ela pediu que retornássemos com uma semana, para vermos o peso, e acompanharmos a icterícia.

Voltamos ontem. Continuava amarelinho, mas dentro da normalidade. Alcançou 4kg e agora não precisa mais ser acordado para mamar (embora eu não tivesse precisado acordá-lo hora alguma, porque ele sempre solicitava o peito antes de 3 horas depois da mamada anterior).

Seu umbigo está demorando de cicatrizar, mas ela disse que podemos esperar por até 45 dias.

Fora isso, ele está ótimo! Comendo bem, dormindo bem, reclamando muito quando é contrariado (quando tem fome, quando toma banho, quando trocamos sua fralda sem ele estar completamente saciado...). 

Ainda fica mais tempo dormindo que acordado, mas, quando acordado, e de barriga cheia, fica uma delícia: nos olha nos olhos, se acalma só de sentir meu aconhego (delícia!), de vez em quando parece sorrir, curte a nossa companhia...

Lipe está completamente apaixonado! Leti, bastante enciumada! Vez por outra, faz um carinhozinho nele, mas na maior parte do tempo o ignora. Quando o vê no colo de Samir, imediatamente diz que quer o colo do papai, numa tentativa explícita de demarcar o seu território.

Aos poucos, todos nós vamos nos adaptando.


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Te amo... e algo mais

Sobre o TE AMO.

Ontem, depois de 9 dias de pós parto doloroso, comecei a me sentir ótima: sem dores, sem incômodos, sem inchaços...

Aproveitei, então, para dar um pouco mais de assistência a Leti que andava, principalmente, sob os cuidados da babá.

Ontem conseguimos tempo para brincar, para jantar juntas, para ler, para dormir. Só fiquei lhe devendo o colo, que ela constantemente me pede, sem entender que não posso lhe dar (fico de coração partido).

Na hora em que deitamos em sua cama para dormir, ela não escondia sua felicidade, se balançando e repetindo: - "qué dubí com mamãe".

Li uns livrinhos para ela e, quando acabamos, ficamos agarradinhas só nos curtindo.

Foi nessa hora que ela olhou nos meus olhos e disse: - te amo!

Perguntei de novo o que havia dito, porque não acreditava que tivesse escutado certo, e ela repetiu.

Não preciso nem falar a emoção que senti. Normalmente, essa frase é minha, nesses nossos momentos noturnos. Sempre digo e repito diversas vezes que a amo quando estamos juntinhas e agarradinhas e ela, não sei se entendendo ou não o significado do que dizia, usou a frase num contexto mais que adequado e quase matou a mãe de felicidade. 



Sobre o ALGO MAIS: notícias do parto e pós parto.

Como disse antes, meu pós parto não foi dos melhores. Foram 3 partos, com 3 médicos diferentes e, apesar da médica desta vez ter sido disparadamente a melhor, as experiências do parto e pós parto foram as piores.

(Às vezes fico achando que foi um aviso para eu abortar de uma vez por todas a ideia louca de ter um quarto filho rs).

Como disse em alguns posts anteriores, apesar de querer muito, desta vez, ter parto normal, a médica não permitiu, por conta dos riscos a que estaria exposta decorrentes das cesáreas anteriores. Não me restou opção, portanto, que não fosse outra cesárea.

Mas a obstetra não teve qualquer responsabilidade pela má experiência com o parto, e sim o anestesista.

Desde a primeira gravidez, que sempre morri de medo da anestesia. Achava que se não conseguisse ficar parada na hora da picada, ficaria paraplégica (embora não conheça nenhuma história de parturiente que tenha ficado paraplégica por causa de anestesia).

E meu medo foi desmistificado facilmente, já que, tanto no parto de Lipe, como no de Leti, sequer senti a furada da anestesia.

Mas desta vez foi diferente.

O médico, sem exagero, me furou umas 10 vezes para conseguir fazer o bloqueio. E furava, empurrava agulha, e dizia: ih... não ouvi o click. (me mate!).

Minha linda e sensível médica, sentindo o meu pânico, ficou grudada comigo, tentando me confortar, até a hora em que a malfadada anestesia pegou. (eu já estava quase desistindo de parir).

E não foi só isso. Antes da anestesia, ele teve dificuldade de encontrar minha veia para fazer meu acesso venoso. É a primeira vez que isso acontece! Minha veia é super fácil de achar.

Depois que Mateus nasceu, emocionando a mamãe, o papai e a tia Samira que estavam na sala de parto, e as outras 22 pessoas que estavam no vidro do restaurante esperando para ver o seu rostinho, tive um sangramento que descia do abdômen, que fez com que a cirurgia fosse mais demorada, já que a médica quis se assegurar que eu não estava tendo uma hemorragia antes de me costurar de novo.

Nesta hora, senti uma ânsia de vômito terrível, cheguei a virar a cabeça para o lado, esperando o vômito, quando me deram uma medicação que aliviou a náusea e me deixou meio dopada. Depois disso, não lembro de muita coisa mais.

Meus partos sempre haviam sido tranquilos, sem intercorrências. Desta vez, foi diferente!

O pós parto também foi mais doloroso! Sofri de gases por mais tempo e senti dores e ardores no lugar dos pontos, o que foi suficiente para me fazer pensar duas vezes antes de desbravar uma distância de poucos metros em casa. O inchaço do final da gravidez me acompanhou por quase 10 dias, aumentando minha indisposição.

Mas, como tudo na vida passa, meus dissabores também passaram, e desde ontem me sinto ótima! Desinchei, não sinto mais o desconforto dos gases, o intestino voltou a funcionar, os pontos não me incomodam mais, enfim, tudo começa a voltar ao normal.

O único problema agora é esquecer que fiz uma cirurgia e começar a fazer o que não devo.
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