segunda-feira, 30 de julho de 2012

Já?

 

Num piscar de olhos, 230 dias ficaram para trás. 180 de licença maternidade, 30 de licença prêmio e 20 de férias. E agora é hora de voltar a trabalhar! Pode até soar pedante, mas passou rápido demais.

Tinha tantos planos para esse longo período… Queria ter malhado para voltar magra ao trabalho, queria ter organizado as fotos que tenho pendentes de revelação desde 2010, queria ter feito dieta, queria ter aprendido a usar o corel draw ou o photoshop, queria ter lido “A Menina que Roubava Livros”, queria ter feito um check up médico…

Ao invés disso, brinquei muito com as crianças, consegui dar um acompanhamento melhor a Leti nas atividades escolares, me organizei para voltar a monitorar os estudos de Lipe, me ocupei com desfralde de Leti e com a introdução de alimentação sólida de Mateus, proporcionei variadas opções de lazer para os pequenos, li alguns livros (de Ruth Rocha, clássicos infantis, livros de desfralde…), reli outros (de Lipe para Leti), testemunhei o desenvolvimento lindo do meu bebê, organizei pequenas festinhas de aniversário para Lipe e Leti e pequenos encontros de “mesversários” para Mateus, troquei de babá, fiz mudança, engordei, montei 3 fotolivros e um scrapbook, vi nascerem filhos de amigas mais que queridas.

O saldo, logicamente, foi extremamente positivo! Mas agora é hora de reorganizar a vida, estabelecer prioridades e encarar a rotina.

A partir de agora, terei todos os compromissos de mãe de 3, mulher, dona de casa somados às minhas (esquecidas) obrigações laborais.

Para minha sorte, meu trabalho me proporciona uma flexibilidade que me permite conciliar todas as atividades funcionais aos meus compromissos maternais (e conjugais, e pessoais, e domésticos…).

Só preciso, agora, com mais um bebezinho em casa, descobrir a melhor forma de fazer esta conciliação.

Por enquanto, eis o que me espera para estes dois últimos dias do mês de julho…

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domingo, 22 de julho de 2012

Nostalgia

Acabei de deixar Lipe numa balada. A primeira! Lembrei-me de um clichê que me caiu como uma luva: a primeira vez a gente nunca esquece.

Meu filho está crescendo. Seus interesses são diferentes. São poucos os desenhos animados que vê na TV, os livros que ele lia hoje é Leti quem "lê", e ele não se empolga mais ao passar pela frente da Ri Happy (já pela Centauro...).

Suas horas de lazer têm sido gastas com futebol, tênis, videogame (jogos de futebol) e com bate papo entre amigos.

É um estágio diferente da sua infância. Porque ele continua, sim, sendo uma criança. Mas uma criança crescida. Com outros interesses.

Ao mesmo tempo que é gostoso sentir sua evolução, a maneira como se relaciona com as crianças da sua idade, a forma como vai construindo sua identidade e sua personalidade, dá um friozinho na barriga constatar que ele está mais perto do que ontem da sua autonomia e independência.

Mãe é mesmo um bicho complicado! Cria seus filhos para serem independentes, mas quando percebem que esta independência pode estar chegando (e no meu caso ainda está longe disso) começa a ficar nostálgica... Ou será que só eu sou assim????

Por outro lado, ao olhar para Mateus, percebo um novo ciclo reiniciando. Uma outra fase, com encantos diferentes, descobertas diferentes, demandas diferentes. Uma dependência plena, absoluta, que me dá, como mãe, a sensação de ser super, por ser responsável por atender a todas às necessidades do meu bebê, desde as mais comezinhas, que asseguram a sua subsistência, até aquelas que lhe proporcionarão segurança, equilíbrio, prazer. Somos, como mães, a fonte de onde eles extraem os primeiros nutrientes para seu desenvolvimento. E isso me dá, realmente, a sensação de ser A super poderosa (rs).

E, com Leti, uma experiência completamente diferente! De surpresas, de aprendizado, de exercício de paciência, de tolerência, de respeito à diferença, de alegria, de superação. Ela vive um estágio de descoberta que contagia todos ao seu redor.

E é nesse ambiente tão plúrimo que Lipe tem dado continuidade a sua infância. E, apesar de os estágios de vida serem completamente diferentes, são muito comuns, aqui em casa, os momentos em que Lipe senta e curte o brinquedos que compro para Leti (às vezes até mais que ela), experimentando, brincando de faz de conta, jogando; em que ele larga tudo o que está fazendo para fazer gracinhas para o irmão, sentindo-se recompensado com sorrisos banguelos dos mais lindos; em que tenho os três ao meu redor, na cama, apenas para reforçarmos o sentido de família.

Sei que, embora hoje a diferença de idade entre Lipe e seus irmãos o impeça de vê-los como amigos, num futuro próximo essa diferença se fará irrisória e, além de irmãos, terei três grande amigos sob o meu teto.

É nisso que eu invisto diariamente!



(Obs.: Comecei a escrever o texto ontem, sábado, dia da balada)

sábado, 14 de julho de 2012

Hora da Porqueira

 

A “estereotipia salivar” de Leti tem piorado. E muito! O tempo todo ela está com o dedo na boca, molhando com a saliva e passando por todos os lugares: paredes, portas, janelas, mesas, espelhos, elevador… É feio, antifuncional e anti-higiênico!

Até então, nossa postura diante destes comportamentos era a repreensão; seja dizendo que não podia, seja distraindo-a para outras coisas. Mas de nada estava adiantando.

Até que sua TO teve um insight.

Segundo ela, a mania que Leti tinha de manipular massinha e de usar, como se fosse massinha, alguns alimentos poderia ser uma necessidade tátil sua, que, ao ser tolhida por nós, acabou por ser canalizada para outros comportamentos que lhe trouxessem a mesma sensação de saciedade.

Ela acha que, como suspendemos o uso da massinha e de tudo que pudesse ser transformado em algo similiar, Leti buscou outras formas de satisfazer sua necessidade tátil, usando da saliva, matéria prima eternamente disponível, para esta empreitada.

Achei seu raciocínio plenamente razoável.

E, usando das técnicas da integração sensorial (e de dieta sensorial), ela sugeriu que usássemos outra estratégia: que tirássemos 30 minutos por dia e proporcionássemos a Leti extravasar esta sua necessidade tátil com materiais que lhe trouxessem prazer. Sugeriu usarmos maizena com água, farinha de trigo com água, gelatina, areia com água… Texturas diferentes, sensações diferentes. Nestes momentos, ela estaria no comando. Sem cobranças, sem expectativas. O momento seria de mera exploração sensorial, para dar vazão a suas necessidades.

E, por incrível que pareça, das duas vezes que fizemos (iniciamos ontem no consultório, para ela nos orientar como fazer) ela usou da saliva raríssimas vezes (de vez em quando, quando a maizena estava mais seca, ela colocava o dedo na boca, mas era só adicionar mais água que o movimento parava).

Ontem, no consultório, ela usou maizena, água e gelatina (para dar cor e cheiro). Colocou numa vasilha em cima da mesa e deixou Leti, que estava sentada na cadeira, explorar como quisesse.

Hoje em casa, usei uma bacia grande, e mergulhei-a numa mistura de farinha de trigo, água e gelatina. Ela, por vinte minutos, mexeu, remexeu, passou a mistura pelo corpo, pela bacia, pelo chão… Pediu para colocar mais farinha, mais água, mais gelatina. Até tentou usar a tesoura para cortar o pacote de farinha de trigo (coisa rara, já que ela tem uma resistência terrível ao uso da tesoura). Poderia contar nos dedos de uma só mão quantas vez fez uso da saliva. Foram pouquíssimas. Passados vinte minutos, pediu para sair. Estava saciada!

Na hora do almoço, tentou fazer porcaria com o arroz, o que me fez considerar a possibilidade de fazer uma “hora da porqueira” com arroz cozido, já que, sempre que ela almoça, fica numa ansiedade enorme para amassar e manipular o arroz pela mesa e pelo corpo.

A ideia é institucionalizar uma hora para a porcaria. Batizei o momento de hora da porqueira porque toda vez que ela passa saliva na porta da brinquedoteca (ela tem uns lugares preferidos para isso), a babá fala “porqueira não, Leti” e ela, assimilando tudo o que ouve, quando vai fazer a porcaria e percebe que vamos recriminá-la, já antecipa: “poquêa ão”.

Queremos, assim, que ela perceba que tem hora para tudo e que, no dia, ela vai ter um momento específico para saciar suas necessidades táteis,  não precisando, portanto, fazer uso da saliva o tempo todo e em todos os lugares.

Tomara que dê certo!

 

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domingo, 8 de julho de 2012

Desfralde: Notícias

E eis que acabaram as férias e, com elas, o  meu prazo para encerrar o processo de desfralde de Leti. Encerrar? E seria possível mesmo desfraldá-la completamente em 3 semanas? Acho que não!

O período foi de experimentação, tentativas e erros, comemorações, e, como disse antes, paciência, MUITA paciência.

Mas tenho que confessar que o saldo foi (está sendo) positivo!

Passamos de uma estatística (aproximada) de uns cinco, seis xixis no chão para cada um no penico, para o inverso. Ohhhhhhhhhhh #todascomemora \o/  \o/  \o/

Devo dizer que os feedbacks que tive do post anterior me ajudaram muito. Principalmente um email enorme que recebi da minha cunhada, dinda de Leti (ela sempre responde os posts por email, o que é um desperdício, pois seus comentários são sempre muito enriquecedores, e poderiam ajudar também outros leitores), dando sua opinião sobre cada uma das minhas dúvidas.

E como considero que nossa experiência tem sido exitosa, apesar de não poder afirmar que minha filha está desfraldada, gostaria de compartilhar as estratégias que adotamos aqui, partindo das dúvidas que sucitei no post anterior.

Revi a postura de deixá-la sentada até fazer o xixi, mesmo quando ela já está sem urinar há muito tempo e demonstra intenção de levantar do penico. Não queria que ela entendesse o ato como castigo. Então, passei a levá-la ao penico de hora em hora e a deixá-la sentada lá por, no máximo, 10 minutos, respeitando sua vontade de se levantar.

Tenho aproveitado o tempo para conversar, ler e para fazer xixi no vaso à sua frente (sempre guardo o meu xixi para os nossos momentos rs). Minha irmã comprou para ela dois livrinhos que tratam deste processo de desfralde: “a hora do penico para meninas” e “o que tem dentro da sua fralda”. Amei o último! E ela também. Quando se senta, logo pede o livro do (r)atinho e se diverte a cada página que passamos. Percebo também, que, toda vez que eu faço xixi ela pára o que está fazendo e fica olhando atentamente.

Mantive, em alguns momentos, a barganha. Este talvez seja o ponto mais polêmico das minhas estratégias, mas tem funcionado, por isso, ainda tenho mantido, embora numa frequência cada vez menor. Os prêmios são alguma guloseima que quer, ver TV, brincar de massinha… A ideia é reduzir até chegar ao zero.

Tenho contado até mil quando ela se levanta do penico e faz o xixi no chão. Mas devo admitir que isso quase não tem acontecido. Quando acontece, falo calmamente que não deve fazer o xixi ali e que sei que da próxima vez ela fará no penico.

Penico em frente à TV, never more!

Quando sai, tenho colocado a calcinha por baixo da fralda. Assim, asseguro sua percepção de estar molhada quando faz xixi, evito constrangimentos para ela e ainda tenho como saber se fez ou não xixi enquanto estivemos fora (com a fralda, se fizesse pouco xixi, não teria como saber, por causa da absorção). Mas, mesmo com fralda, sempre a levo ao banheiro. De adulto. Levo seu redutor de assento alcochoado de princesas numa sacola e adapto em qualquer vaso sanitário. Achei melhor assim porque uma vez, no shopping, ela havia feito cocô na calcinha sob a fralda, fui tentar trocar num banheiro infantil (que só tinha um vaso sanitário) e, como demoramos, uma mãe ficou insistentemente batendo na porta, enquanto eu tentava limpar o estrago que havia sido feito. Aquilo me tirou do sério… Como os banheiros de adulto têm vários vasos, ao usá-los, evito este desconforto. O único problema é que ela definitivamente não gosta de usar o vaso, adulto ou infantil (prefere o penico).

Com o tempo, passei a perceber os sinais de que quer fazer xixi. (Com menino é tão mais fácil…). Quando a percebo parada, concentrada e abrindo um pouco as perninhas, pego-a no colo e levo-a correndo ao penico. Às vezes, quando pego, já começou a fazer o xixi, que vai deixando seu rastro pelo caminho. Mas, com o susto, ela dá uma travada e, minutos depois, faz o restante. (Às vezes, não).

Teve um dia muito engraçado no Shopping. Ela estava de calcinha e fralda. Num determinado momento parou, abriu as perninhas e olhou preocupada para baixo. Estávamos longe de um banheiro, não tinha como levá-la. Sabia que ela estava fazendo xixi. Minha reação na hora foi dizer: – você está de fralda, filha.

Ao longo destas 3 semanas, algumas novidades: em um dia (apenas) pediu à babá para fazer xixi, e fez; passou 3 dias sem fazer xixi no chão (embora tenha feito um em minha cama, e tenha feito nas fraldas de soneca e passeios); fez xixi no vaso adulto da casa da minha mãe uma vez; e no vaso infantil da brinquedoteca do prédio uma outra vez.

Nosso próximo desafio é a escola. Como ela passa o turno todo lá, pretendo mandá-la só de calcinha, para não deixá-la de fralda a tarde inteira, todos os dias da semana. Mas estarei avaliando se esta é, realmente, a melhor forma de fazer a sua transição.

Aguardem cenas dos próximos capítulos.

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terça-feira, 3 de julho de 2012

O Portfólio

 

A avaliação da escola de Leti sempre foi feita através de um relatório que buscava contar um pouco da caminhada da criança na escola, ao longo do semestre.

Neste ano, prepararam uma surpresa! Um portfólio lindo, grande, minucioso, cheio de fotos… Tive um prazer quase gastronômico ao degustar as informações ali contidas…

Um trabalho lindo, que conta com riqueza de detalhes a chegada de Leti ao Ciclo II, sua adaptação, suas conquistas, suas dificuldades… O sentimento que emana da leitura do texto, ouso dizer, é de amor, profundo amor. Só quem trabalha por amor pode ter essa sensibilidade aguçada para perceber cada pequeno avanço, para saber quando e como intervir para ajudar, para se fazer parceira da família no processo de estímulo constante ao desenvolvimento do ser em formação.

Me senti dentro da escola, constatei a transparência da sua atuação no trabalho com a minha filha e  ratifiquei a certeza de ter feito a escolha certa!

O portfólio não avalia apenas as aquisições cognitivas da criança, mas também, e principalmente, seu aspecto emocional, relacional, o desenvolvimento da sua autonomia, da sua linguagem, enfim, seu desenvolvimento como um todo.

E pede que a família personalize a capa e ofereça contribuições à construção do documento histórico da criança, pelo menos, no que diz respeito às férias (já fiz a capa e selecionei o material para fazer, junto com Leti, páginas sobre as férias)

Uma parte, em particular, me emocionou: o relato do professor de música. Ele fala, em suma síntese (há foto do seu texto abaixo) que sempre se questionava quanto à influência das aulas de música no desenvolvimento de Leti. Conta que, depois da visita da turma ao ensaio da orquestra Neojiba, quando Leti chorava toda vez que paravam de tocar, ele pôde perceber o quanto a música proporcionava prazer e felicidade à minha filha que, no seu tempo, e do seu jeito, demonstrava estar constantemente experimentando, aprendendo, vivendo…

Aqui gostaria de abrir um parêntese, para falar duas coisas: a primeira é que o primeiro feedback que Leti me deu da escola foi sobre o ensaio da orquestra. Sempre que a busco na escola, procuro saber como foi o dia, o que aconteceu e ela nunca fala nada. No dia do ensaio, falou de trompete, de prato, de violoncelo… lindo, lindo!

A segunda é que o relato do professor casa muito com a avaliação que Aline Momo, Terapeuta Ocupacional especializada em integração sensorial, fez de Leti no ano passado. Em seu relatório ela falava que Leti não tem déficit de integração sensorial, mas que ela precisa de mais tempo para integrar os sentidos. Lembro-me bem que ela, no momento da avaliação, submetia Leti a alguns estímulos e, quando parava bruscamente, ela chorava. Mas, ao repetir o estímulo, ela parava. Exatamente como aconteceu no dia do ensaio.

Gostaria de postar aqui foto de todo o trabalho, mas o post ficaria enorme, selecionei, então, apenas algumas partes para ficarem como registro.

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O relato do professor de música:

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A visita ao ensaio da orquestra:

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A capa:

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