sábado, 27 de fevereiro de 2016

Quem menos anda, voa!

Antes de ir almoçar na casa da avó, Mateus pega um pacote de cookie para levar para o lanche.
 
Leti, que já almoçou, se anima toda e fica tentando pegar a iguaria da mão irmão, que fica irado e começa a gritar.
 
A cena de repete algumas vezes, mesmo com minha tentativa de mediação.
 
Então, buscando dar um fim ao litígio, digo a Leti que se tentar pegar de novo, perderá o cookie a que terá direito na hora do lanche.
 
Mateus, nada ingenuamente, começa a apontar o pacote pra Leti, provocando-a, e, quando ela pega, imediatamente a entrega: - mamãe, ela pegou de novo! (esperando a minha resposta de que ela perdera seu direito)
 
Na sequência, Mateus começa a dizer que vai querer o cookie de sobremesa, não de lanche.
 
Lembro a ele que ainda não almoçou e que só terá direito de comer TUDINHO!
 
Na mesma hora Leti reivindica: "EU já almocei tudo"...
 
E assim seguimos para a casa de vovó...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Criatividade que surpreende

Quando ele chegou em casa com o saco de bolinhas, presente que escolheu para a tia lhe dar de aniversário, fiquei pensando que a empolgação com uma piscina de bolinhas não duraria uma semana. Mas ele tinha outros planos para o seu presente. E as bolinhas jamais encheram uma "piscina". Se ele brinca de mercado, a bola vira uma maçã a ser vendida a um cliente; se tem uma rampa, a bola vira um carrinho; se está mais agitado, rapidamente a transforma em bombas de canhão; se encontra panelinhas, a bola vira ingrediente para uma sopa... E por aí vai! A cada dia me surpreendo mais com sua criatividade para transformar o presente que, sem dúvida, foi eleito como o seu preferido, e o acompanha para onde quer que ele vá. De tudo isso tiro a lição de não tolher nem subestimar as decisões tomadas pelos meus pequenos.
 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A Margem do Negociável

Na sexta Leti retomou suas atividades da Ciranda. Ontem, a escola.
 
Muitas mudanças a aguardam neste novo ano.
 
Por todo o segundo semestre do ano passado, ela apresentou resistência para ir à Ciranda Pedagógica. Sempre que era dia de pedagógica, ela repetia "Pedagógica, não. Terapêutica!".
 
Já perto do final do ano, eu lhe dizia que precisaria concluir o trabalho na pedagógica, mas que se, de fato, eu percebesse que ela não estava querendo continuar, no ano seguinte ela sairia da Pedagógica.

E ela é tão esperta que, nos últimos dias, já repetia: "você vai tirar você (no caso, ela) da Pedagógica".
 
Quando decidimos colocá-la na Pedagógica, há dois anos, fiquei com muito receio da sua reação diante da quantidade de atividades que assumiria. Além da escola, seriam 4 tardes completamente comprometidas, duas com a Terapêutica e duas com a Pedagógica, além da sessão individual de terapia e as aulas de natação.

Eu me cansava só de imaginar.

Mas a recomendação que sua terapeuta me deu foi colocá-la e avaliar, pelo seu comportamento, se estava sendo demais para ela. Naquela oportunidade, ela ainda não colocava com tanta propriedade os seus desejos...

E tudo seguiu muito bem até meados do segundo semestre do ano passado. Até então ela não dava mostras de cansaço e conseguia dar conta da extensa agenda.

Mas exatamente na época em que começou a reclamar da Pedagógica, intensificou seus atos de autoagressão, o que acabou me deixando muito preocupada.

Cheguei a conversar na Pedagógica, e também na Terapêutica, na escola, com a sua psicóloga, para tentar descobrir o motivo, tentar fazer mudanças que a fizessem mudar também.  A rotina lá mudou um pouco; as atividades de casa, tanto da Pedagógica, como da escola foram suspensas, deixamos o seu tempo em casa mais livre, mas ela permanecia firme em seu intento.

Então o ano acabou. Vieram as férias e o assunto morreu por aqui.

Eu já estava convicta que sua rotina seria alterada para 2016.

E, como ela não mudou de ideia, saiu da Pedagógica como eu havia prometido. E faço questão de repetir, quantas vezes seja necessário, sempre que a estiver levando à Terapêutica e ela disser "Pedagógica não", que ela não está indo para a Pedagógica porque nós tínhamos combinado que ela não iria mais se ela me demonstrasse que estava sendo demais para ela. Ela tem que estar convicta do poder da sua manifestação de vontade!

Nesta nova fase da Leti decidida, falante, desejante e comunicante, preciso validar, na medida do possível, suas decisões. Sempre dentro da margem do negociável, é claro!

Tirá-la da Pedagógica não significa que tiraria da escola se ela também assim o quisesse. Afinal, ela precisa aprender que seus desejos são validados, mas que também existem regras em relação às quais ela precisa se amoldar.

E sair da Pedagógica também não significa que ficará sem o apoio pedagógico que precisa, principalmente nesta importante fase de alfabetização. Já estamos nos mobilizando para fazer uma outra abordagem, com foco mais direcionado na alfabetização, e por um período de tempo mais curto. Em breve estaremos cheios de novidades por aqui...


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E por falar em margem do negociável, eu estava preocupadíssima com a volta às aulas de Mateus. Ele, muito amadurecidamente, vinha compartilhando comigo seu novo projeto de vida de não ir mais à escola e ficar só em casa. Falava com muita tranquilidade e convicção.
 
Mas como sair da escola foge à margem do negociável, fizemos um combinado: nos primeiros dias de aula, ele poderia ir à escola de fantasia, até se adaptar melhor. Queria proporcionar leveza ao seu retorno. Como a escola não se opõe, negociamos o fardamento e ele seguiu para a escola, lindo e leve, resistindo um pouco para entrar na sala, mas ficando bem logo em seguida.
 
E assim voltamos a nossa abençoada rotina...



 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O Início da Medicação

O fim do ano, além das grandes surpresas da escola, nos trouxe também algumas preocupações.

Apesar de ter voltado da consulta com o psiquiatra, sobre a qual falei aqui, com remédios e exames prescritos, acabei protelando tudo para o retorno da viagem da Disney. Mas, de fato, só na última semana do ano foi que consegui organizar tudo o que queria para partir para os exames.
 
Como mencionei na postagem, o médico sugeriu que tentássemos técnicas alternativas para tentar desviar Leti dos seus atos de autoagressão, antes de passar medicação, principalmente por conta dos efeitos colaterais.

Mas no início de janeiro, um episódio acabou invertendo a ordem das coisas.

Ela vinha com a língua machucada desde que voltei da Disney e, mesmo tendo passado por 3 médicas, nenhum tratamento resolvia porque ela vivia manipulando a língua com a unha. Era uma espécie de círculo vicioso: a língua machucava, ela sentia dor, se incomodava e mexia na língua, agoniada, machucando-a mais.

A terceira médica que a viu, minha grande amiga, falou o que já deveria estar bem claro para nós: enquanto ela não contivesse sua ansiedade, nenhum tratamento surtiria efeito já que não conseguíamos conter seu ímpeto, uma vez que ela tinha livre acesso à língua quando queria, independente de nossa vontade.

Durante um churrasco que fizemos para a avó de Samir, ela se machucou tanto que quase encharcou a toalha de banho com o sangue que tirou da língua.

Fiquei num desespero incontrolável e entrei em contato com o médico para saber se poderíamos iniciar a medicação. Passei para ele, por email, uns exames que tínhamos, nos falamos por telefone e ele ficou de passar a prescrição por sedex.

Neste intervalo, fomos passar uns dias em Praia do Forte e ela ficou bem por lá.

Mas de volta para casa, tudo voltou ao que era antes. Então a prescrição chegou.

Como sabia que um dos efeitos colaterais era aumento de peso, passei a controlar mais de perto sua alimentação alguns dias antes de começar a usar o remédio.

A orientação era começar com um comprimido e, depois de uma semana, passar a dar um inteiro, uma vez ao dia.

E assim foi.

Começamos há aproximadamente 10 dias. Comecei dando pela manhã e achei que ela ficou muito lenta, por todo o dia. Fui ajustando o horário até passar a dar à noite.

Tinha esperança de dar uma melhorada no sono, mas não tinha adiantado muito, não.

Há poucos dias, passamos a dar a medicação por volta das 21h, e ela passou a dormir mais ou menos às 22h. Coincidência ou não, passou a dormir melhor. Acorda uma vez na madrugada, mas, se deitamos com ela, dorme de novo até às 5h. Padrão de excelência!

Mas como ela sempre responde bem às alterações que fazemos para tentar ajustar seu sono, e a melhora normalmente só dura uma semana, ainda estamos no prazo de carência para emitir alguma opinião definitiva a respeito.

Os episódios de autoagressão reduziram sensivelmente! A língua, graças a Deus, está completamente cicatrizada.

Na segunda quinzena de fevereiro sua rotina voltará ao normal e procurarei ver se a medicação está trazendo benefícios efetivos à sua vida, para avaliar os prós e contras.

Até lá, toda atenção é pouca para os sinais que a minha pequena apresentar.


 
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