terça-feira, 23 de julho de 2013

Um lindo processo de descoberta

Estava tudo no script! Leti dormiu às 20h e Mateus já estava dormindo. Fiz companhia ao primogênito até dormir, tomei um banho, dei uma olhadinha no facebook (ê, vício!) e, às 21h, o espaço já se encontrava organizado para eu começar o meu turno de trabalho.

Tudo fluía naturalmente até que, às 22h, Leti resolveu acordar.

Fui ao seu quarto, dar um aconchego, achando ser o choramingo de costume, que logo cederia espaço ao sono profundo. Ledo engano! A disposição estava, para meu terror, instalada em seu corpo. Ela queria descer da cama, queria brincar, queria ler um livro, queria assistir um desenho, enfim, queria tudo, menos dormir!

E eu, que só pensava nos processos que me aguardavam no quarto, arranjava mil justificativas para tentar demovê-la da intenção de descer da cama.

Quando ela disse que queria assistir o Peixonauta, disse que era hora de dormir, e que o pegaria (seu boneco de pelúcia) para dormir conosco. Não acreditei que ela fosse dar muito cartaz a esta investida. Então ela me disse que queria pegar a Pirata (Uníqua, do Backyardigans). Prontamente, me levantei para buscá-la e entreguei em sua mão.

Fiquei impressionada com sua reação. Ela, que não demonstra muito (ou quase nenhum) interesse por bonecos e pelúcias, segurou a Uníqua pelas duas mãos, acima da sua cabeça, e ficou um tempão conversando, sorrindo, mostrando as partes do seu rosto (nariz, boquinha, olhos - sim, no plural -, depois que levantava o tapa olho para ver os dois), se divertindo! Foi um momento lindo!!! Foi a primeira vez que vi uma interação plena sua com um boneco.

Um pouco depois, percebi um cheirinho característico e, ao avaliar sua fralda (há um ano arrastamos um processo tormentoso de desfralde), encontrei ali um bônus. Depois de trocar sua fralda, ela me disse que queria fazer cocô no vaso. Apesar de achar que se tratava de um mero subterfúgio para sair da cama, levei-a ao banheiro, valorizando a sua comunicação.

Conversando com ela, aproveitei para mencionar o carocinho em seu olho e lhe dei um espelho para que pudesse vê-lo. Ela, na verdade, não conseguiu reparar no carocinho. Acho que, talvez, por ter encontrado algo muito maior, muito mais interessante. Uma menininha linda do outro lado do espelho, com um sorriso largo nos lábios, tagarelante e super disposta chamava a sua atenção.

E pela segunda vez, em uma mesma noite, a minha pequena inaugurou um outro processo de interação: o dela com ela mesma!

Parecia viver um lindo momento de descoberta!

Ela se olhava, sorria, se aproximava como se beijasse o espelho, contava os cupcakes do pijama através do espelho, apontava para seu rosto, falando: olhos, nariz, boquinha (no diminutivo), cantava, falava cores em inglês, mostrando a estampa do pijama através do espelho...

Ficou um longo período em estado de alerta, olhando para si mesma através do espelho. Quando fiz menção de guardar o espelho, ela disse: "- Qué Letícia!"

Fiquei admirada, surpresa e feliz por ter deixado meu trabalho de coração aberto para atender minha pequena, que só depois da meia noite conseguiu, finalmente, cair em sono profundo, deixando a mãe exausta (mas feliz, repito) e com o trabalho pendente para o dia seguinte.




Um comentário:

Mariana - viciados em colo disse...

ai, jana! estas crianças não desistem de nos surpreender! ainda bem! e depois? me conta! ela voltou ao espelho?

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