terça-feira, 1 de outubro de 2013

Entre Rosas e Espinhos

Leti não tem estado numa boa fase ultimamente. Tem se mordido no braço, batido com a cabeça nos lugares, apertado as bochechas... Eu, que normalmente condiciono meu bem estar geral ao estágio pelo qual ela passa (sob a ferrenha censura da psicóloga), sigo preocupada com este momento.

Semana passada, conversando sobre essas atitudes com sua TO, e tentando descobrir algum motivo que pudesse ter desencadeado esses episódios auto-agressivos, chegamos à conclusão de que a falta de alguns estímulos proprioceptivos pode ser a causa. Explico melhor.

Fazendo uma avaliação das últimas três semanas, quando este movimento começou a se intensificar, constatamos que houve uma mudança nas atividades da sala de movimento da Ciranda, quando atividades proprioceptivas foram substituídas por outras que estimulam o sistema vestibular (voltadas ao equilibrio). As atividades que eram todas feitas no chão, passaram a ser feitas em equipamentos suspensos. Ao mesmo tempo, desde o início do mês, quando seu professor de natação se afastou para uma cirurgia no joelho, ela ficou sem as massagens de alongamento que ele lhe fazia ao longo da aula.

A TO acha que, para compensar, para sentir mais seu corpo, ela acabou buscando estes expediente auto-agressivos com maior regularidade.

Diante da suspeita, fizeram algumas alterações na sala de movimento da Ciranda, alternando atividades proprioceptivas e vestibulares, e, além disso, para nossa sorte, hoje, nosso querido professor de natação retornou a suas atividades, retomando os exercícios de alongamento, e o vínculo afetivo constituído desde o início do ano com a minha pequena, que não estava gostando muito do professor substituto.

Vamos aguardar uns dias para avaliar se haverá melhora em seu quadro geral, quando nos certificaremos de que a suspeita foi efetivamente a causa, e, caso não haja progresso, voltaremos ao ponto de partida, para tentar descobrir o que tem desestabilizado a minha pequena.

Mas, para não dizer que não falei das rosas, preciso falar de pequenos progressos em suas atividades de vida diária.

Todos sabem das suas limitações motoras, da dificuldade de ultrapassar obstáculos, de exercitar a motricidade fina e até a grossa.

Na semana passada, quando a levava para a escola, pedi que subisse sozinha no carro, que é alto, e se sentasse no banco.

Por algumas vezes, diante da sua dificuldade, me contive para não dar um apoio na subida, para não conduzir seu movimento... Mas consegui assistir passivamente (aliás, não tão passivamente, já que ficava encorajando-a a não desisitir) a elaboração do seu planejamento motor até o final quando ela, finalmente, sentou-se elegantemente no banco. Um movimento normalmente simples, corriqueiro, mas que, naquele contexto, foi como uma vitória numa competição esportiva. Foi lindo perceber que ela conseguiu (mesmo tendo duvidado disso por muitas vezes), foi aliviante ver minha angústia recompensada.

Outra coisa que já tem feito com mais frequência, e não fazia, é carregar a própria mochila (de rodinha), na ida e volta da escola e da Ciranda. Crianças bem pequenas fazem isso. Mateus já faz. Mas ela não fazia. Não queria sequer segurar a mochila. Eu tentava fazer junto. Conduzia sua mochila segurando por cima da sua mão, quando ela aceitava. Um belo dia, pedi para levar sozinha, para analisar como andava sua habilidade, e lá se foi ela, linda, leve (ou quase) e solta, carregando sua mochila. 

Por último, há alguns dias, enquanto a levava para a Ciranda, percebi pelo retrovisor que ela estava com o lanche em suas mãos. Quando parei o carro e olhei para trás, notei que havia aberto o zíper da lancheira e tirado o lanche para tentar comê-lo, outra habilidade que não tinha.

Tenho procurado me focar nestes pequenos progressos para não me angustiar muito com os também pequenos retrocessos, que sei fazerem parte do seu processo de desenvolvimento.

Espero em breve poder falar mais de flores por aqui...

apertando as bochechas



6 comentários:

aprendendoasermae disse...

Jana quando falamos de neurologia temos quer ser perseverantes e acreditar em dias melhores.Fique tranquila e olhe todas as situações como uma forma de crescimento pessoal.Que Deus abençoe a todos.
beijos!

Sheilla Amorim A Mascarenhas disse...

Muito feliz com tantas flores, amiga! :)

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Bom dia Janaína, Tenho lido vários textos seus e me emocionado bastante. Tenho um filho autista de 07 anos que nos últimos meses tem apresentado regressões e um quadro bastante agressivo. Não mais quer participar da escola e a hiperatividade tem dificultado bastante as terapias. Ele faz uso de Ritalina e Risperidona que não tem surtido muito efeito para controle da agitação e aumento da concentração respectivamente. Gostaria muito de saber quem é o Neuropediatra que acompanha Leti hoje e se podemos conversar mais sobre esse assunto. Te agradeço muito, Luana

Janaína Mascarenhas disse...

Querida Luana, a neuro que acompanha Leti éNayara Argolo, mas há muito tempo que ela nao vai lá. Na verdade, quem acaba me ajudando com ela é a psicóloga e a TO. Meu email é janainamascarenhas@gmail.com e meu face Janaina Mascarenhas. Beijo

Lu Calaza disse...

Leti é uma linda, os retrocessos fazem parte e mais progressos surgirão logo logo. Paciência é o nosso lema, né, querida? Beijo, estou acompanhando vcs! Luciana, mãe do príncipe Felipe.

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