sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Eterno dilema: maternidade X trabalho

Recentemente, muito se discutiu aqui na blogosfera sobre a conciliação que a mulher deve fazer entre seu papel de mãe e de profissional.

Atualmente, me encontro num dilema terrível.

Sempre me considerei uma mulher super privilegiada: nasci no seio de uma família equilibrada, amorosa e dedicada; tive apenas uma irmã, mas uma menina(para mim)-mulher fenomenal, por quem nutro um amor maternal, vivo rodeada de amigos verdadeiros, tive a grande felicidade de encontrar em meu caminho um homem que me completa como mulher, e que, além de tudo, se mostra um pai maravilhoso e uma pessoa cheia de virtudes, tive dois filhos lindos, que fizeram com que eu passasse a ver a vida com outros olhos e, simultaneamente a tudo isso, consegui obter uma realização profissional plena.

Adoro o meu trabalho: a matéria, os colegas, os chefes e, principalmente, a flexibilidade de horário que ele me proporciona.

Para mim, poder trabalhar em casa e acompanhar o crescimento dos meus filhos é algo que não tem preço (sem querer fazer qualquer alusão ao Mastercard rsrsrsrs).

No meio do ano passado, fui convidada pelo meu chefe para ocupar um cargo comissionado e aceitei a proposta, muito feliz, por entendê-la como um reconhecimento pelo trabalho que vinha desempenhando. Encarei a nova etapa como um desafio, e como um convite a viver mais profundamente o dia a dia do meu trabalho, consciente de que isso exigiria mais turnos meus fora de casa, tendo em vista as inúmeras reuniões de que teria que participar.

Mas, chegado o final do ano, parei para fazer uma reavaliação da minha vida pós nomeação.

Minha rotina é muito louca! Samir passa a semana no interior, por causa do seu trabalho, e eu, sozinha (ainda que meus pais sempre se disponibilizem para me ajudar), tenho que dar conta do meu trabalho, da administração da casa, de acompanhar a vida escolar de Lipe (que me consome horrores), de levar Leti para escola, terapias, médicos, Lipe para o inglês, além dos cuidados que procuro dispensar para meu próprio bem estar.

A sensação que fiquei foi de que estava atropelando tudo, e sem conseguir dar conta das minhas atividades com o capricho que desejaria. Lipe faltou inglês porque não pude levá-lo, fiquei sem tempo para estudar, para malhar, chegava atrasada a reuniões do trabalho, para poder deixar as crianças com alguma antecedência em seus compromissos, acumulava processos, enfim, o preço que estava pagando pela maior realização profissional estava sendo maior do que o que eu inicialmente me tinha proposto a pagar.

Angustiada com essa situação, decidi que pediria exoneração do cargo, e comuniquei minha decisão às minhas colegas e ao meu chefe, para que já pensassem em quem me substituiria.

Resolvi continuar no cargo no mês de janeiro, porque as outras três colegas estariam de férias.

Ontem, resolvendo umas pendências com meu Chefe, ele tentava me convencer a não sair do cargo, a tentar contribuir para o grupo de alguma maneira que não exigisse minha presença física constante na Instituição. Fiquei de pensar.

Mas, sinceramente, não me sinto seduzida a mudar de ideia.

Amo meu trabalho. Sem hipocrisia, de verdade!

Mas, o papel que desempenho com mais satisfação em minha vida é o papel de mãe. E, para mim, é super importante poder conciliar as duas coisas. E eu conciliava melhor antes.

Também não conseguiria ser mãe com dedicação exclusiva. Renunciar a tudo em prol da maternidade. Respeito quem assim o faz. E acho que cada um sabe o que é melhor para si. Parafraseando Caetano, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Mas, mesmo sendo uma entusiasta da maternidade, acho que não seria plenamente feliz se tivesse que renunciar a tudo para ser, apenas, mãe em tempo integral de meus filhos.

Então, diante de toda esta celeuma, acho que o melhor seria, realmente, abrir mão do cargo comissionado, continuando, é claro, no meu cargo efetivo, e continuar dispondo de uma flexibilidade de tempo maior para poder atender às demandas dos meus filhotes, já que essa fase passa tão rápido. Não é verdade?

4 comentários:

Luciana disse...

Jana,

Ninguém melhor do que vc para conhecer seus limites, saber as barreiras que deseja transpor, entender seus anseios, sua ansiedade...

Amiga, vc é mto dedicada a tudo que faz. Dá sempre o melhor de si.
Tenho certeza de que, se vc não está se sentindo confortável do jeito como estão as coisas, é porque algo precisa mudar.
Seja qual for sua escolha, a opção que fizer será a mais acertada. Não tenha dúvidas!
Vc tem suas prioridades e as prioridades das prioridades... rsrsrs
Amiga, siga seu coração.
Não lhe fatará quem lhe dê apoio. Sempre!
bjs

Dany disse...

Jana,
como li acima, a vida é feita de escolhas e eu, como você sabe, nunca tive como prioridade o trabalho.
Nunca me arrependi.
Ainda bem que, qualquer que seja a sua decisão, continuará sendo minha colega!
Bj

Mariana - viciados em colo disse...

é verdade!
eu já tive que tomar esta decisão: antes mesmo de ficar grávida de arthur, passei no mestrado enquanto estava numa coordenação. conciliei o quanto pude, mas chegou um momento que não rolava mais, era mestrado, alice e o cargo que me exigia mais do que as 40 horas. exonerei-me, amiga! foi a melhor coisa que fiz... o "delta xis a mais" não valia à pena mesmo...
beijoca

Carolina disse...

Jana, minha amiga querida, somos tão parecidas, irmãs gêmeas de alma... Quando me pergutam o que sou, sempre digo que sou mãe, esposa e depois, bem depois, médica. Não sou uma médica famosa, não tenho um consultório lotado, mas nem por isso sou incopetente. Modéstia à parte, sempre fui muito competente em tudo que fiz. Só que preferi ser mais competente em casa. Seria muito frustrante para mim ter rios de dinheiro para cobrir meus filhos de coisas materiais, e perder o dia-a-dia deles. Nunca me arrependi de nada.
Amo muito vocês.

Um beijo,

Carol

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