quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Viciada em Companhia

Desde que Leti nasceu, sempre dormiu sozinha no berço, sem que precisasse ser ninada, o que, para mim, era a constatação de que não eram lendas alguns relatos que ouvia por aí.

Achava o máximo colocá-la no berço acordada e esperar que ela, sozinha, numa precoce demonstração de auto suficiência, adormecesse sem qualquer auxílio meu. Pensava em como isso seria útil quando ela estivesse grande e pesada e eu já não conseguisse carregá-la sem que isso custasse certo esforço.

Ela, além de dormir sem ser ninada, ficava incomodada se tentássemos niná-la, o que eu deveria ter estranhado à época, mas que acabou passando desapercebido, ante a comodidade que representava.

E foi assim por muito tempo.

Na verdade, hoje acho que essa sua caracterísica já era uma demonstração da dificuldade que ela teria para se relacionar com as pessoas, o que, aos poucos, tem sido vencido, à base de um esforço conjunto que vem sendo empreendido por nossa família e pelos profissionais que com ela lidam rotineiramente.

E, para mim, uma das demonstrações da sua evolução neste campo relacional é a atenção que ela tem demandado na hora de dormir.

Não chegou ao ponto de exigir o colo (ainda bem, porque com 15kgs não teria coluna que aguentasse), mas tem exigido nossa presença à noite: seja sentados ao chão, ao lado do berço; seja deitados junto com ela na rede que instalamos em seu quarto; ou até deitada dentro do seu berço (sim, muito raramente faço isso, e ela ama).

O fato é que, ultimamente, ela só dorme quando tem a certeza de que alguém de sua confiança está ao seu lado, no quarto.

Isso poderia parecer um retrocesso, mas, no fundo, não acho que seja. Não acho que ela tenha perdido autonomia, acho que ela reforçou vínculos, criou referências, e vejo isso como uma coisa muito positiva, ainda que de vez em quando atrapalhe alguns de meus planos.

Adoro niná-la na rede, fazer carinho em suas costas para que durma, cantar músicas que fazem parte da minha vida, para embalar seu sono.

Estou aproveitando intensamente essa nova fase da sua vida, esperando saber a hora certa de lhe proporcionar as devidas transições.

6 comentários:

Patrícia disse...

Olá Janaína, me desculpe mas só agoura pude visitar o seu blog.
Sou a mãe do Enzo, amigo secreto da Letícia no Sobrinhos Virtuais, ele amou o livro que vc mandou!
Que lindos os seus filhos, Deus os abençoe sempre, também tenho 2, uma moça com quase 18 anos e o meu pequeno com 4: Gabi e Enzo, corujice a parte, tbm são lindos.
Muitos beijinhos e uma Ano Novo repleto de coisa boa!

Patrícia.

Mariana - viciados em colo disse...

Janaína,
mas que forma mais legal de ver as coisas: ninguém estranhaeria porque a "autonomia" é o que todos os pais e parentes desejam - você só estranharia se soubesse o que você sabe hoje. O povo quer que o recém-nascido durma a noite toda!

Achei este post especial porque demonstra o quanto estamos ansiosos em adiantar a habilidade da autonomia que não percebemos que cada coisa tem seu tempo: o tempo da autonomia e o tempo do acolhimento.

Muitas vezes achamos ótimo uma característica que vai atrapalhar outras aquisições no futuro (o caso da habilidade com o computador/videogames e da leitura precoces, por exemplo).

Fico feliz em saber que tem mais uma viciada em colo (é colo de alguma forma, né?) no mundo. Ainda mais porque este vício é sinal de que coisas boas acontecem...

Beijoca

Janaína Mascarenhas disse...

Mari,
Esse post foi 100% inspirado em seu blog.
Yes, Leti é uma nova viciada em colo. aeaeaeaeaeae. bjs

Luciana disse...

Quero Leti viciada no meu colo tb!!!!
Canto, danço, faço mímica ..... vale tudo com tia Lú.

Leila Daniela disse...

Jana, me diz uma coisa: como é que tu cabes dentro do berço de Leti? O berço deve ser ou do mesmo tamanho ou pouquinho maior que o de Heitor? Me conta essa façanha

Janaína Mascarenhas disse...

Toda espremida, amiga! Depois coloco uma foto para você ver. Beijo.

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