sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Jogo do Contente, ou… um Pedacinho da Escola em Casa

 

Tudo tem seu lado bom, já dizia Eleanor Potter, nos seus emocionantes livros da série Pollyana, que marcaram minha adolescência e me ensinaram a jogar o jogo do contente.

 

A nossa mudança de casa não foi exatamente como eu desejava. Se eu pudesse, teria decorado todo o apê (feito de grandes reformas a uma sofisticada decoração) e deixado ele com cara de Casa Cláudia (rs). Mas não deu.

Arrumamos (como deu) os quartos e a cozinha e a parte  mais visível da casa (sala e varanda) acabou recepcionando os móveis antigos (que ocupavam uma área equivalente a 1/3 do tamanho), os quais devem continuar nos acompanhando ainda por um bom tempo

Mas o que deveria ser um problema mostrou o seu lado bom.

Já vinha pensando em reforçar mais em casa atividades que Leti vem desenvolvendo na escola. Com este objetivo, já há aproximadamente 2 meses a pró de Leti vem me encaminhando por email o planejamento semanal da sua turma para que, antecipadamente, em casa, eu possa fazer atividades semelhantes, para tentar favorecer uma maior participação sua em sala.

Com o mesmo foco, sua fono preparou um material lindo, com o objetivo de tentar aproximá-la de seus colegas e da escrita. O quadro, enooorme, com fotos de todos os colegas, e seus respectivos nomes (na foto e num plastificado com velcro anexo) precisava de um lugar especial em casa.

E foi ele que encheu minha mente fértil de ideias.

Aproveitei o cantinho da minha varanda (que antes estava ocupado por um tatame de Mateus, que foi despejado) e montei um espaço direcionado para as atividades pedagógicas da a minha pequena.

Uma coisinha aqui, outra ali, e ficou do jeitinho que eu queria. Cada coisinha naquele lugar tem a sua função.

Criei um calendário adaptado, para lhe familiarizar com a marcação da escola. Coloquei um alfabeto em EVA em frente à mesa, para intensificar o contato com as letras. Deixei acessível um material adaptado que sua TO havia lhe dado com o seu nome, para fomentar o processo da leitura e escrita (que se inicia com o reconhecimento das letras do próprio nome). Coloquei um quadro branco, para ela desenhar (isso nem tem na escola, mas sua dinda tinha lhe dado o presente, ela adooooora desenhar nele, achei que ficaria apropriado no espaço). Acondicionei, em organizadores específicos, materiais artísticos, sucata, material pedagógico adaptado preparado pela fono, alguns poucos livros de história e materiais para atividades de motricidade e sensoriais). Improvisei um pequeno varal (sugestão da fono) para ela deixar expostos trabalhos artísticos feitos ao longo da semana.

Além disso, deixei no mesmo espaço uma rampa de madeira, que simula uma escorregadeira, um túnel de espuma e um tecido grande.

Cada coisa tem o seu por quê, e visam trabalhar resistências que Leti tem.

O objetivo da rampa é fazer treino ostensivo para ela melhorar o equilíbrio na hora de usar a escorregadeira. Segundo sua fono, aprender (e sentir prazer n) essa atividade vai melhorar sensivelmente sua interação com os colegas da escola e, consequentemente, sua comunicação.

O túnel (emprestado também pela fono) visava vencer sua resistência de transitar em lugares apertados (o que podia segregá-la de atividades da escola). Essa resistência foi vencida fácil e rapidamente. Agora temos usado o aparato para trabalhar seu equilíbrio e motricidade grossa (equilibrando-a, não mais dentro, mas por cima do túnel).

O tecido foi ideia minha depois do último final de semana, quando fomos assistir ao espetáculo De céu, de sol de lua, no teatro, e percebi que ela ficou super-hiper-mega incomodada quando passavam um tecido por cima dela. Usamos hoje pela primeira vez. Peguei um livro de histórias que ela escolheu  e li para ela cobertas pelo tecido, como se fosse uma cabana (que foi, inclusive, a expressão que usei com ela). No início ela ficou tentando tirar, mas depois aceitou. Fizemos por duas vezes e vou tentar fazer com alguma regularidade para trabalhar sua questão sensorial.

Estou querendo usar, ainda, uns pneus que a TO me ofereceu para preparar uns circuitos motores para ela.

Antes de montar o espaço, a fono de Leti esteve em minha casa (onde ficou das 18 às 23hs) me ajudando a montar uma programação para Leti, me indicando bibliografias específicas e me auxiliando com o planejamento da escola.

Embora muita gente tenha resistência à transformação do ambiente familiar em terapêutico, estou muito tranquila quanto a minha iniciativa porque sei que a intenção não é essa.

Leti ainda precisa de um direcionamento para o seu brincar e se eu posso direcionar alguns dos seus momentos de brincar para atividades que busquem aprimorar seu processo cognitivo, não vejo nenhum mal nisso. Aliás, eu mesma quando criança, adorava brincar de escolinha… E o espaço ficou lindo, colorido, cheio de possibilidades… Sem que eu sequer a chame, ela sempre está por lá, explorando, desenhando, bagunçando…

A última coisa que estou precisando fazer, para fechar meu projeto pedagógico do segundo semestre de 2012 (kkkkk, brincadeirinha), é fazer o meu planejamento: eleger algumas atividades específicas (além das sugeridas pela fono, que tomam um tempo curtíssimo da rotina da minha princesa), para ela fazer com regularidade (e orientar a babá para acompanhá-la quando eu não puder fazê-lo), para que ela se aproprie de algumas habilidades e conteúdos que acho importantes.

Agora me diga: se minha casa estivesse digna de uma Casa Cláudia, quando eu poderia disponibilizar estas oportunidade para minha filhota????? Sábia Pollyana…

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O cantinho (despejado) de Mateus agora está acomodado no meio da minha sala (guarnecido, na maior parte, por brinquedos antigos de Leti. Quem disse que menino não brinca com brinquedo rosa?? rs).

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5 comentários:

Luciana disse...

Que lindo amiga! Vc é uma mãe sensacional. Nunca medindo esforços para estimular Leti. Que idéia massa. O cantinho ficou perfeito!!!!!!! Deus continue guiando seus passos. Bjs

V. disse...

OI Janaína!

O cantinho da Leti ficou uma perfeição, está lindo!!
Muito boa essa idéia de estimulá-la em casa... eu também tenho feito isso com o Haniel... tento fazer algumas coisas em casa que eu sei que funcionam com ele com seus cuidadores..

Beijos!

Unknown disse...

Excelente...me fez lembra de uma fase que já passei... quando meu filho tinha 08 anos, (hoje com 16), senti que ele tinha uma certa dificuldade na aprendizagem e, as professores apenas diziam que era noraml! sozinha e contra todos, fui em busca de solução e foi aí que descobri que ele tinha dislexia...briguei conta tudo e contra todos... Ele foi acompanhado de psicopedagoga,psicólogo, comprei livros que abordavam o assunto e dei de presente as suas professores... e muitas vezes chorei sozinha... hoje ele faz o 2º ano do ensino médio, com suas dificuldades, é calro, mas não deixou de viver as mesmas vivências de seus colegas. O que se percebe é que muitas vezes não somos estendidas pelas pessoas que estão de fora do nosso contexto e acham que protegemos demais nosso filhos... mas ser MÃE é isso! Parabéns!!

Anônimo disse...

Que legal o cantinho de Leti... To tentando bolar um pra felipe tb no ap novo... To na correria da mudança que parece nao ter fim... Mas final de setembro já espero estar aí ... Bjo. Carla

Sheila Ferraz Chastinet disse...

Amei Janaina, vou tentar fazer algo parecido´para meu filho!!
Gostaria muito de te conhecer pessoalmente e trocar "figurinhas "sobre estas angustias e descobertas acerca dos nossos filhos!! Vamos marcar um dia??
Ah, me passa o fone da fono de Leti?
Obrigada!!!

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