domingo, 11 de novembro de 2012

As lembranças que te deixo de herança

Ando meio nostálgica essa semana. Ontem, passando pela Pituba, avistei uma sorveteria antiga, tradicional, aonde nunca fui. Mas aquela imagem me transportou a um outro tempo, tempo em que eu, com meus pais, frequentava a Cubana, no Elevador Lacerda; uma sorveteria no Campo Grande (cujo nome nem me recordo mais); e uma outra (muito parecida com essa da Pituba) próxima ao Relógio de São Pedro.

Lembrar destas sorveterias me fez resgatar algumas outras lembranças da infância: os domingos na praia, as voltas pelo conjunto habitacional do Cabula, onde meus pais fizeram amigos que conservam até hoje, as viagens de amigos que meus pais faziam, carregando-nos a tiracolo, as tardes de sábado na TV, os momentos de euforia diantes dos brinquedos novos.

Doces lembranças da infância, nas quais a presença dos meus pais sempre representou ponto forte.

Fiquei pensando nas lembranças de infância que gostaria de proporcionar aos meus filhos. Sei que não tenho o poder de definir as lembranças que eles levarão para o futuro, até porque a percepção de cada momento depende de diversos fatores que escapam ao nosso controle. Mas quero estar presente nestas lembranças, quero ser responsável por lembranças que, daqui a alguns anos, levem aos lábios dos meus (eternos) pequenos um sorriso saudoso.

E, pensando nisso, tenho refletido mais sobre as programações de lazer das crianças e sobre a qualidade do tempo que lhes reservo.

Gostaria que eles tivessem mais lembranças de praças e menos de shoppings,  mais de brincadeiras e menos de TV, mais de mim e menos de babás...

Infelizmente, aqui em Salvador não temos tantas opções de lazer a céu aberto, não temos grande diversidade de programas culturais e a presenças de babás nos lares ainda é uma realidade (como na minha casa).

Mas, na medida do possível, tenho tentado proporcionar aos meus filhos, que se encontram em diferentes estágios da infância, opções de lazer que se alinhem com o que acho importante para o seu momento da infância. 

Além disso, tenho procurado me fazer presente em cada momento de suas rotinas. Seja dando um banho, levando para a escola, contando uma história, conversando, tomando a lição, brincando, dançando, pulando, jogando para cima... Bem menos do que eu gostaria, é verdade! É que as necessidades da vida moderna cobram o seu preço. E às vezes fico remoendo uma culpa quando opto por dormir, deixando os pequenos com a babá; quando saio com o maridão ao invés de estar com as crianças; quando faço uma programação com um dos pequenos em detrimento dos demais. Mas administro minhas culpas com tranquilidade.

Hoje de manhã, passeando na pracinha com Samir e com os três, observava uma mãe que havia chegado com seus dois filhos e uma babá. Ela se sentou num banco, distante, enquando a babá se divertia na praça com os pequenos. Fiquei pensando nas futuras lembranças de infância daquelas crianças. Fiquei pensando onde estaria o pai delas e o que aquela família eventualmente fazia junto como lazer. Sei que aquele pequeno recorte talvez não pudesse dar uma representação fidedigna daquela família, mas aquele retrato, sem dúvida, não é o que gostaria que meus filhos levassem em suas memórias para o futuro.

Imediatamente uma outra cena, que sempre me incomoda, e, infelizmente, presencio com muita frequência, me veio à mente:  a cena da mãe carregando a sacola do bebê, e a babá com a criança no colo, num shopping center. Essa imagem para mim é tão significativamente negativa!! Tenho vontade de chegar perto da mãe e perguntar se ela não prefere desfrutar do aconchego do filho ao seu colo a ter que se portar como uma mera carregadora de sacolas.     

Mas cada família tem sua rotina, seus hábitos, suas prioridades, seus valores. E tem também a responsabilidade inescusável pelas lembranças que permearão a memória dos seus filhos. Acho que precisamos refletir mais sobre isso.



7 comentários:

newtonrodrigues disse...

Perfeita suas ponderações Jana. Vivenciei alguns momentos em que pais faziam os programas de finais de semana em situações que lhes apraziam e não tinha nada a ver com o universo infantil. Vi de perto, familiares, pais que iam a bares e locais onde a bebida e o bate papo adulto eram o ambiente, e nele as crianças se inseriam como podiam.
Juramos eu e Patricia que jamais permitiriamos isso acontecer em nossa familia. Acredito que estamos no caminho certo, e hoje lendo seu post me acalento ao saber que mais pais se preocupam na qualidade das lembraças que deixaram ao seus filhos, ainda que ao tomarmos esta atitude, passava ao largo este pensamento das lembranças, mas apenas de sermos bons pais, pois haviamos feito uma escolha ao decidirmos ter filhos, a escolha de sermos pais e não procriadores.
Parabens a sua familia linda e exemplar!

Vaneska disse...

Ai, Jana, que coincidência... tenho pensado tanto nisso também... não é fácil. Mas, a melhor frase foi essa "administro a minha culpa com tranquilidade" - tô precisando aprender isso, rsrsrs, mas aos pouquinhos vou conseguindo. Acho que o importante é que a cada momento livre a gente faz de tudo para estar ao lado dos pequenos e proporcioná-los momentos de descontração e alegria ao nosso lado.
E gostei demais da ponderação do Newton no comentário acima: "havíamos feito uma escolha ao decidirmos ter filhos". E essa é a nossa verdade: escolhemos ter filhos e ser pais, participativos e parceiros.`
Pra variair, adorei o texto.
Beijos!

aprendendoasermae disse...

Jana adorei o post e é a mais pura verdade tudo que falou e somo as familias que tem babas para semana e as do fim de semana e ai pergunto e quando é a vez da mãe e o pai?
Pelo o que tenho visto no seu blog a sua presença de mãe é muito forte então tenha a certeza que as boas lembraças na vida dos rebentos é o que mais vai ter,fique tranquila.
Um beijo na familia!

bruna disse...

voc~e sumiu de novo o que esta acontecendo

Anônimo disse...

Ótima reflexão, Jana! Eu amei ler suas recordações. Lembrei um pouco da minha infância...

Tb fiquei pensando sobre a infância dos meninos. Acho que somos bem presentes, mas sempre acho que podemos fazer mais... Será que é mesmo necessário ou eu que me cobro demais?

Acho que vou ficar refletindo um bom tempo sobre o assunto que vc tão bem abordou em seu post...

Ah, antes de ir, deixa eu te dizer: adorei a foto de vc com os 3! Sua família é muito linda!!!

Beijão
Ju

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Jana!!!

Vim aqui só comentar duas coisas: primeiro, fico feliz em poder ajudar com o emu exemplo! É bom quando a gente sabe que não está na "luta" sozinha né?! Sigo firme na academia, guria, continuo adorando!!! Segundo, que coincidência a festinha dos pequenos serem do mesmo tema! É encantador o Pequeno Princípe, eu estou adorando fazer as coisinhas!!!

Beijos, querida!
Tudo de bom pra vcs!
Ju

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