quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Enfim, um rastro de maturidade...

Já faz tempo que evito escrever sobre Lipe aqui. Ele está crescendo, mais inserido no mundo cibernético que eu e com uma privacidade que precisa ser preservada. (não que a dos pequenos possa ser invadida, mas a percepção desta privacidade e das suas consequências faz, sim, uma grande diferença).

E ao longo de todo esse período de silêncio tenho vivido, como todas as mães, as (poucas) dores e (muitas) delícias de ser  a sua mãe.

Minha maior queixa sempre estava relacionada à escola; ao seu comportamento e a sua postura diante das responsabilidades a ela inerentes. E eu sempre aguardava a chegada do dia em que, finalmente, ele amadureceria e exigiria de mim menos cobranças, cedendo espaço para mais leveza em nossa relação.

A sensação que tenho é que este dia está chegando.

Ele continua brincando muito em sala de aula, as notas permanecem medianas, mas consigo enxergar dentro dele um outro garoto; mais crescido, mais amadurecido, mais comprometido, mais família, mais antenado ao mundo ao seu redor...

Tenho tentado lhe dar mais autonomia, apostar mais na sua capacidade de resolver problemas e focar mais nas suas qualidades que nos defeitos.

Paralelamente, ele tem contado com acompanhamento psicológico de um homem, jovem, com quem possa criar uma certa identificação, facilitando o diálogo.

O fato é que tenho notado mudanças.

Percebo mais responsalibilidade com as obrigações escolares, mais disponibilidade para dividir comigo os assuntos correlatos, uma sincera boa vontade na ajuda com os irmãos, mais fome de informação...

À vezes fica difícil acreditar que só tenha 12 anos de idade, tamanho o interesse que demonstra por tudo que se passa pelo mundo afora (e tamanha a quantidade de informação que acumula a respeito destes seus interesses). Ele, de fato, é fruto do mundo globalizado!

Esta semana, quando voltávamos da escola, ele conversava com Júlia, filha de uma grande amiga, sobre o ataque às torres gêmeas com tanta propriedade que parecia ter vivido aquele momento. A riqueza de detalhes foi tanta que Júlia lhe perguntou como ele tinha ficado sabendo daquilo tudo. Ao ouvir que tinha sido em um jornal, a amiga não escondeu o espanto e lhe perguntou se ele era bom em história. Ele titubeou e respondeu: - mais ou menos.

Neste momento tive que intervir e responder que não, ele não era bom em história. Era excelente! Como um garoto que sabe o que se passa no Oriente Médio, se interessa por guerras mundiais, conflitos étnicos, sabe dos problemas econômicos da Argentina, conhece detalhes do islamismo, aponta as características que nos distinguem dos países europeus pode não ser bom em história. E acrescentei que notas em provas de história não eram os únicos indicativos da sua competência na disciplina. (embora eu não me oponha a excelentes notas no boletim... rs)

É lindo vê-lo crescer, apropriar-se do mundo, construir sua história, conservando o carinho com a família, e especialmente com os irmãos. É gratificante constatar sua inteligência, não a refletida em notas, mas demonstrada no dia a dia, nos bastidores. É instigante não ter respostas para suas perguntas desconcertantes. É fascinante aprender com ele!

Linda maturidade...



2 comentários:

aprendendoasermae disse...

Que bom esse momento! Beijos a todos!

Luciana disse...

Ai amiga... e pensar que o vi pequeno.... Que lindo depoimento!!!

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