terça-feira, 10 de novembro de 2015

Linda Transição

Com Leti, aprendemos a ver o tempo de uma maneira diferente, sem pressa. A valorizar cada pequena conquista.
 
Primeiro, desejamos e trabalhamos para o aparecimento da fala. Depois, para uma fala um pouco mais funcional. Depois para a formação de frases mais completas. Depois para o aparecimento de falas que traduzissem algo de abstração e sentimento. E, simultaneamente, uma fala que se colocasse na primeira pessoa.
 
Neste ano sua comunicação deu um grande salto!
 
As frases completas ela já domina há tempos. E, há um tempo um pouco menor, sua fala traduz mais que desejos e constatações, mas sentimentos e fantasias.
 
Pode ser parecer bobagem, mas ouvi-la falar, com um tom de voz adequado ao contexto, que está um pouco cansada, ou se sentindo gripada, ou feliz, me deixa em êxtase e com um sorriso bobo no rosto o dia inteiro.
 
Também me deixa boquiaberta a sua criatividade para criar histórias encantadas ou situações imaginárias, em que interage com objetos invisíveis.
Sua colocação no discurso também tem mudado. Antes, só falava na terceira pessoa. Hoje em dia, percebo uma mescla, bem equitativa, de colocações na primeira e terceira pessoa.
 
O que me motivou a escrever sobre este processo foi um episódio ocorrido hoje, quando saíamos da sessão da sua psicóloga.
 
Ela falava baixinho, quase sussurrando, como se pensasse alto, e apenas ouvi a palavra casa. Como o consultório funciona numa grande casa, pensei que se referia a esta casa e lhe perguntei.
 
- De que casa está falando, filha?
 
Ela demorou alguns segundos e respondeu:
 
- A casa de mim. Quero ir para casa.
 
Achei o errinho gramatical tão lindo! Tão lógico! Tão fofo!
 
Ela nunca tinha usado o pronome "mim" antes...
 
É delicioso compartilhar a evolução da minha pequena.

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