quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

A felicidade mora no caminho, não no final...

 
 
 
Começo a escrever este post com a sensação que não vou conseguir sistematizar tudo o que quero de uma maneira organizada. Um filme passa na minha cabeça. E só agora, que sinto meu coração em paz em relação a Leti, que se encontra novamente plena e tranquila, é que me permito parar para refletir sobre o processo vivido por Teteu na escola este ano. E perceber isso me dá um apertinho no coração. É como se reconhecesse que o tempo para ele fica condicionado ao bem estar da irmã. E não é bem assim. Ou talvez seja um pouco assim, sim. Seja como for, a cuidadosíssima pediatra dele, antes mesmo de mim, já havia se atentado sobre a necessidade dele ter um espaço próprio para poder colocar, da sua maneira, suas questões em relação ao seu lugar na família, e recomendado um acompanhamento psicológico, que ele está amando, para nos auxiliar no seu processo de desenvolvimento.
 
Aberto este pequeno parêntese, é hora de refletir sobre seu processo pedagógico ao longo deste ano. E alguns pontos instigam mais a minha reflexão:  o papel da pró em seu processo de aprendizagem; a fase em que se encontra no processo de alfabetização; as conquistas alcançadas ao longo do ano; e sua reação nos momentos de atividades que demandam exposição.
 
Teu termina o G5, ano anterior ao da alfabetização, ainda na fase silábica, usando normalmente apenas uma vogal para cada sílaba da palavra, e com pouca consciência fonológica.
 
Avançou muito no aspecto lógico-matemático e apresentou uma compreensão substancial dos conteúdos trabalhados no Projeto "Todo Dia é Dia de Índio".
 
Me surpreendeu, quando visitamos o Museu de Lasar Segall em São Paulo, artista estudado no segundo semestre, ao reconhecer algumas obras e identificar características nelas apresentadas.
 
 
 
 
 
Melhorou sua motricidade, ampliou seu repertório de jogos e brincadeiras, estreitou relações no âmbito escolar, expandindo-as para fora dos muros da escola.
 
 

 
Mas o aspecto que mais chamou minha atenção este ano foi o desempenho nas atividades que demandam exposição.
 
Como ele é sempre muito extrovertido e conversador, me causava um tiquinho de frustração ver seu constrangimento nas apresentações da escola. Ele participava muito pouco no momento da apresentação, sempre envolvido em bocejos, mesmo que tivesse dormido por 12 horas na noite anterior, e não demonstrava, nos dias que antecediam o dia D, envolvimento com aquilo que iria apresentar.
 
Mas este ano foi diferente!
 
Por todo o segundo semestre, ele vinha trabalhando nas aulas de música e de teatro o Projeto Saltimbancos. E é fácil imaginar como deve ser divertido estudar teatro e música tendo como pano de fundo o riquíssimo repertório dos Saltimbancos.
 
Eu, que AMO as músicas, aproveitei para voltar a ouvi-las com regularidade no Spotify quando ele estava no carro, mas sem grandes expectativas em relação à apresentação.
 
Mas eis que, na véspera da apresentação, ele, empolgadíssimo, começou a dançar a música da galinha, do jumento, da gata, de todos juntos... e o papel dele era de cachorro!!!
 
Fui a êxtase! Já estava satisfeita com aquela apresentação particular, que tudo o mais para mim seria lucro.
 
Mas no dia ainda teve mais! Ele apresentou lindo a sua coreografia do cachorro, vez por outra olhando para o lado, para se certificar do passinho, vez por outra abrindo um bocejo... mas o resultado foi lindo, tocante, por significar, para mim, uma superação do meu pequeno.
 
Atribuo parcela da confiança que ele demonstrou, ao se despir do seu constrangimento para dar vida a um lindo cachorro saltimbanco, à forte presença do professor Fernando ao lado do seu grupinho, na cena. Ele sempre repetia, numa vibrante entonação: "professor Fernando vai ser cachorro também...". Fernando, para mim, é sinônimo de intensidade, de entrega. Com certeza, sua presença ali foi fundamental para passar confiança a meu pequeno naquele desafiador dia de apresentação.
 
No começo da apresentação, Fábio, seu professor de teatro, falava do significado teatro dentro do contexto escolar. Dizia que o objetivo do teatro não é formar atores, mas oportunizar, através da arte cênica, o desenvolvimento de habilidades nas crianças, importantes para a vida de uma maneira geral. Explicava a forma gradativa como o trabalho é feito, iniciando, no grupo 2, com os pais no palco junto com as crianças, passando para uma etapa em que os professores o acompanham no momento da apresentação, para seguir, depois, para a ocupação plena do palco. Dizia que esse era o último ano em que eles (professores) estariam no palco no momento da apresentação, e relatava o quanto tinha sido divertido todo o processo de produção do espetáculo, quando cada criança tinha tido a oportunidade de vivenciar todos os papeis, encontrando-se aptos, inclusive, a representar qualquer personagem (na mesma hora me lembrei de Teu representando galinha, jumento, gato... com tanta propriedade).
 
Se eu já amava o trabalho dele na escola, a partir daquele momento virei fã de carteirinha. Mentira! Eu já era fã de carteirinha... rs
 
Foi delicioso perceber que o compromisso com o resultado final do processo não suplanta o compromisso com a diversão das crianças e o respeito a suas individualidades; foi lindo sentir o quanto todos se divertiram no palco; foi confortante perceber a intencionalidade de todo o processo e constatar que um trabalho feito com tanto amor não tem como dar errado. 

 
 
 
Minha gratidão aos maravilhosos professores Fernando e Fábio.

Saí da escola aquele dia visivelmente emocionada e sentindo uma gratidão que não cabia no peito por ter tido a oportunidade de contar com parcerias tão valiosas neste importante ano letivo do meu filhote. Um ano que me preocupou um pouco porque os avanços em torno do processo de alfabetização não seguiram o ritmo que eu esperava mas que me reservou tantas lindas surpresas.
 
Gratidão por ter na condução central do seu processo de aprendizagem uma professora tão competente como sensível, como Adriana, que, sempre muito atenta às características e necessidades do meu filho, fez as intervenções necessárias para favorecer seu processo de crescimento pessoal e cognitivo, na linguagem que ele entende com mais propriedade, que é a linguagem do amor.
 
Para além do tão importante trabalho pedagógico desenvolvido junto a Teu, muito me confortou perceber que meu filho, tão sensível, amoroso e perspicaz, encontrava junto a sua professora o carinho que eu lhe dava em casa, o colo que eu ofereceria para acalmar suas dores, o ouvido atento para entender (e ajudar a solucionar) os seus conflitos...
 
Enchia meu coração de amor perceber seu esforço para aproveitar cada pequena oportunidade de encontro de Teu com Leti na escola para interpretá-lo, junto a ele, como uma demonstração de amor de um pelo outro, reforçando o vínculo que os une.
 
Deixaram-me mais segura suas pontuações sobre os avanços de Teu ao longo do ano letivo, acompanhadas de sugestões lúdicas para favorecer seu processo de letramento, cujo prazo de construção ainda se encontra em andamento, e com uma razoável folga.
 
E fazendo um balanço de tudo vivenciado por Teu, não ficam dúvidas quanto aos inúmeros avanços cognitivos que ele conquistou, que não teriam nenhuma razão de ser se não viessem acompanhados do respeito a suas individualidades, tornando o processo leve e feliz.
 
Findo mais um ano de sua vida escolar, sinto-me na obrigação de render minhas homenagens a esta linda e completa profissional, que não mais acompanhará a turma, mas segue deixando uma marca indelével em nossas vidas.
 
Adri, a você, meu amor e gratidão!
  
 

 

Um comentário:

CLARISSA disse...

Que lindo Jana!Ao ler me questiono sobre essa nossa tarefa de ser mãe e tento me espelhar um pouquinho em vc, de verdade. Obrigada pelos textos lindos que servem para nós que ainda teremos filhos com 2,3,4,5 anos,pois o meu ainda está com 1 aninho.

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