terça-feira, 18 de outubro de 2011

Nutrição e Autismo

Há tempos tenho ouvido falar na dieta sem glútem e caseína (sgsc) para crianças autistas, e nos resultados impressionantes que se tem obtido em relação ao comportamento destas.

Alguns parentes de autistas, inclusive, já tinham sugerido que eu tentasse com Leti, mas, até então, eu não sentia a necessidade de impor à minha pequena tamanha restrição, por não vislumbrar tantos benefícios que  justificassem o esforço.

Depois da consulta com a psiquiatra, então, (sobre a qual falei aqui), acabei me acomodando um pouco nas investidas nas abordagens direcionadas ao autismo, e continuei seguindo nas terapias que ela já vinha fazendo. Coincidiu com meu período de clausura.

Ocorre que, com a multiplicação de estereotipias de Leti (voltou a bater a cabeça na parede; às vezes arranha o próprio rosto; segura o punho e fica olhando a mão sem nenhum motivo; o balanceio para frente e para trás; a mania de tirar a comida da boca e passar pelo corpo, no mesmo movimento que faz com a massinha de modelar; a obsessão pelos controles remotos...), voltei a pensar mais enfaticamente no autismo, e nas alternativas terapêuticas que estariam à minha disposição.

Meio inconformada com a minha postura conformista, encarei a realização de dois cursos aqui em Salvador como a oportunidade de dar uma sacudida no meu marasmo e de buscar um novo direcionamento para a vida da minha pequena.

Fui lá ouvir um pouco o que tinham a me dizer sobre a tal dieta SGSC.

Achava que uma nutricionista (ou médica) ministraria o workshop, e me surpreendi quando soube que era uma mãe, como eu, que após testemunhar uma experiência exitosa com seu filho, resolvera compartilhá-la com outras mães.

O meu maior receio em relação à dieta era ter que tirar minha filha do convívio social; das festinhas de aniversário, dos encontros de família, dos passeios a restaurantes... E já tinha conversado um pouco sobre isso com a nutricionista dela, que, mesmo sem eu saber, já havia restringido muito a alimentação de Leti a produtos sem glúten e caseína. Ela havia me tranquilizado, dizendo que, hoje em dia, há uma diversidade tão grande de receitas sem glúten e caseína, que dificilmente Leti sentiria falta de alguma coisa. O único porém é que eu teria que levar suas opções de alimentos e guloseimas de casa, quando fosse a qualquer evento social. Isso não me pareceu tão assustador, a ponto de me fazer desistir.

Voltando ao curso...

Ela começou falando um pouco da sua história e do autismo, das características, do diagnóstico do seu filho, das estapas do seu desenvolvimento e da maneira como ela chegou à dieta.

Falou que a dieta é recomendada para pessoas com intolerância às substâncias (glúten e caseína), mas que também pode trazer excelentes resultados a crianças autistas que não tenham detectada tal intolerância. Mas que, para trazer um resultado efetivo, necessita de uma restrição de 100%  do glúten e da caseína. Ou seja: inviável uma dieta com escapadinhas no fim de semana.

Sugeriu, a princípio, a diminuição de aditivos químicos (corantes e conservantes), açúcar e alimentos processados; o aumento da ingestão de comida verdadeira e alimentos funcionais e a correção de eventuais alterações detectadas em exames metabólicos.

A retirada do glúten e da caseína, segundo ela, deve vir acompanhada também da retirada do glutamato (presente em temperos prontos) e do aspartame (encontrado em alguns doces).

Diferenciou a lactose (que é o açúcar do leite) da caseína (que é a proteína do leite), e os efeitos da intolerância a estas substâncias: a intolerância à lactose normalmente acarreta problemas orgânicos, e à caseína causa, além dos orgânicos, alterações comportamentais.

Contra indicou o uso da soja, o que me causou espanto e desespero. Abre parêntese: A nutricionista de Leti tinha prescrito o uso do leite de arroz, que usamos por algum tempo, mas, considerando a diferença de preço entre o de arroz e o de soja, perguntei se poderia trocá-lo pelo de soja, o que ela autorizou, embora com um pouco de resistência. É o que estamos usando há uns dois meses. Fecha parêntese.

Justificativas para a contra indicação: 1) alimento rico em glutamato, que é um neurotransmissor excitatório do sistema nervoso; 2) possui uma proteína complexa, altamente alergênica; 3) é geneticamente modificada; 4) é matéria prima de muitos produtos industrializados.

Salientou que a observação no rótulo de um alimento indicando proteína vegetal hidrolisada é o mesmo que proteína de soja (novidade para mim).

(Estou dando a Leti o leite de soja que ainda resta em casa, mas já vou voltar a substituí-lo pelo leite de arroz.)

Aconselhou a ingestão na dieta de: a) reforços alimentares, como abacate, açaí, quinua, amaranto, alfarroba e alimentos coloridos; b) alimentos fermentados; c) grãos germinados; d) caldos caseiros; e) farelos; e f) sucos verdes-vivos.

Neste ponto, acho que não teria muita dificuldade com Leti, já que ela não tem uma alimentação restritiva e já consome grande parte dos alimentos sugeridos pela dieta. O pior, no caso dela, seria a retirada do açúcar, doces e afins.

Ela tem uma aceitação muito boa à maior parte dos alimentos, não consome produtos industrializados, frituras, refrigerantes, fast food, caldos prontos, mas, por outro lado, não pode ver um bolinho ou um cookie, que entra em desespero. O trabalho seria nosso, de ter sempre disponível uma opção sgsc para apaziguá-la nestes momentos de desespero.

Esclareceu que o glúten está presente na farinha de trigo, na cevada, no malte, na aveia, no centeio, no trigo de quibe; e sugeriu a substituição por: farinha de arroz branca, integral ou creme de arroz, amido de milho, fécula de batata, fécula de araruta, polvilho doce ou azedo, fécula de mandioca, farinha de linhaça, de quinua...

Indicou também a presença da caseína (ou caseinato), no leite de vaca, cabra, ovelha e búfala e em todos os seus derivados, recomendando a substituição por leite de coco, de arroz, de castanhas, amêndoas, além dos sucos naturais, água de coco e água.

Por fim, de maneira didática, elencou o que, para ela, seriam os seis passos para introdução e manutenção da dieta:

1) Retirar toda a alimentação vazia: balas, pirulitos, pipocas, doces...

2) Evitar toxinas dos alimentos e fazer higienização da cozinha (trocando panelas de alumínio pelas de inox ou vidro), utilizando água mineral sem flúor, restringindo o uso de microondas, evitando uso de plásticos para substâncias quentes, e tomando cuidado com o armazenamento de alimentos em geladeira.

3) Diminuir ou eliminar o consumo de produtos industrializados (ricos em glutamato monossódico e aspartame), aumentando a quantidade de refeições diárias.

4) Diminuir o consumo de açúcar e carboidratos refinados, utilizando receitas alternativas e porções limitadas.

5) Retirar todo o leite animal.

6) Retirar todo o glúten.

Disponibilizou seu blog (http://www.dietasgsc.blogspot.com/), onde se encontram disponíveis diversas receitas sgsc para dar uma variada no cardápio.


Saí do curso disposta a tentar. Apenas a probabilidade da redução das estereotipias de Leti, para mim, já justifica uma tentativa. Principalmente, porque acho que não será um processo traumático para ela (embora muito trabalhoso para nós). Marquei consulta com uma biomédica que me indicaram e vou fazer esta aposta, que, para ser bem sucedida, precisará da adesão de toda a família, que terá que fazer um esforço imenso para não ceder ao irresistível charme da minha princesa, quando pede um bolinho.

Em breve, cenas dos próximos capítulos.

2 comentários:

Claudia Marcelino disse...

Que alegria Janaína!!
Não sabia dessa postagem e que alguém tinha dado sua impressão sobre o workshop!
É sempre um grd prazer transmitir informações e esperança para outras famílias!
Só uma dica reforço pra vc: a ATITUDE lembra?!
Não encare a dieta como um sacrifício ou algo mt difícil pra família. É uma reeducação alimentar. Vcs estão tendo uma oportunidade preciosa de se reeducarem e proporcionarem uma vida mais saudável para todos.

Obrigada por me deixar ajudá-la :)
Claudia Marcelino.

Anônimo disse...

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