terça-feira, 27 de junho de 2017

Novos cenários para a velha caminhada


Apesar de minhas férias terem começado oficialmente ontem (e elas já estavam agendadas antes de eu precisar tirar licença prêmio para cuidar da minha pequena), só hoje consegui me liberar do trabalho para aproveitá-las.
 
E acho que Leti, mesmo sem saber, pressentiu o clima de férias.
 
Invadiu meu quarto cedinho, descartou a companhia da babá, venceu obstáculos pelo caminho (sim, o quarto tava uma zona!), e me disse de maneira sedutora: "mamãe, eu quero resenhar".
 
Subiu em minha cama, deitou ao meu lado e ficava se aninhando em mim como gato, dizendo que queria ver TV.
 
Acho que ela ainda não entende o exato significado da expressão resenhar, então aproveitei a oportunidade para tentar explicar e, de quebra, para tentar tirá-la um pouco da TV.
 
Ficamos um tempão (para ela um tempão pode variar em torno de 10 a 15 minutos) deitadas conversando  e ela esbanjava animação!
 
Num determinado momento começamos a brincar de caras e bocas. Ela dizia o sentimento, eu fazia a carinha correspondente. E daí passamos pelos conhecidos feliz, triste, raiva, sono, fome... até que surgiu o PREOCUPADA. Uau!!!!! Mais um sentimento para o repertório, e um pouco mais abstrato que os velhos conhecidos... Como cada pequena conquista, esta também foi amplamente comemorada.
 
Ela estava mais carinhosa que o usual, e me encheu de beijos molhadinhos.
 
Quando cansou, levantou e foi para seu quarto.
 
Tempos depois, a babá surgiu com ela, dizendo que iam caminhar pelo condomínio. Pedi que aguardasse um pouco porque faríamos uma caminhada diferente desta vez.
 
Como vi a roupa que estava vestida (que tinha comprado igual pra mim, para usarmos numa viagem), resolvi vestir a mesma, sem falar nada.
 
Quando entrei em seu quarto, e pedi que olhasse para mim, seus olhinhos brilharam quando percebeu que estávamos iguais! Foi tão lindo de ver...
 
Convidei-a para caminharmos no Dique e ela desceu num pulo, como NUNCA faz, vez que quando não se nega a ir, acaba tentando negociar para ir mais tarde.
 
Fiquei impressionada!
 
Na hora que Mateus me viu pegar a bolsa, começou a chorar querendo ir junto, mas lhe disse que aquele seria um passeio de meninas e que ele não poderia ir. Seguimos só nós duas e percebi sua expressão de satisfação quando entramos no elevador.
 
O caminho até o Dique foi de papo solto, sorrisos e cumplicidade!
 
E, apesar d´ela resistir um pouco para descer quando estacionamos o carro lá, o passeio foi recheado de momentos bons.
 
Ela caminhou com desenvoltura e prazer! Observava atentamente tudo que lhe mostrava, demonstrando interesse. Vimos pessoas andando de caiaques, trabalhadores catando folhas secas pelo chão, "patos" (que nos ensinaram lá se tratarem, na verdade, de gansos) sendo alimentados, barquinho atracado, barquinho 'naufragado', árvores lindas (sempre tenho um olhar especial para as árvores), pessoas caminhando em ambas as direções, parquinho de areia enlameado por conta da chuva de horas antes, orixás...
 
Cada coisinha que víamos, rendia um comentário, uma história...
 
Vi, pela primeira vez, lá uma placa explicando o significado de cada orixá. Como estava um pouco avariada, não dava para identificar com precisão cada um. Sugeri que nos aproximássemos para olhar, e ela aceitou. Conversamos, então, um pouco sobre Yemanjá. Nesta hora, ela lembrou de um passeio de pedalinho que fizemos anos antes ali, quando ela, de acordo com os símbolos que identificava, ia dando seus próprios nomes aos orixás e, à Yemanjá, tinha dado o nome de Branca de Neve por conta do espelho.

Vimos um homem pescando em um banco de areia no meio da lagoa, parecendo estar se equilibrando sobre as águas e, no exato momento que passamos, ele tinha conseguido pegar um peixe. Ela, espontaneamente, e num tom um pouco mais alto que o usual, soltou um "vou comer o peixe", arrancando sorrisos de quem passava por perto.

Apesar d´ela ainda mostrar um pouco de insegurança na caminhada externa, fazendo questão de estar sempre segurando a minha mão, ela, curiosamente, parecia mais leve e segura.

Sinto, na verdade, que a nossa relação vem passando por uma fase de transição.

Ela, que sempre foi escancaradamente mais apegada ao pai, começa a fazer mais questão da minha companhia, a demandar mais pela minha presença, a demonstrar mais carinho através de beijinhos molhados e aconchego, a sentir mais prazer nos programas que proponho.

E ela, que é uma negociadora nata, e tem sempre um "mais tarde" ou "amanhã", para qualquer proposta que demande um mínimo que seja de esforço físico, tem se mostrado mais aberta, caso o programa seja comigo.

Não precisa nem dizer que ando irradiando felicidade pelos poros e pedindo que esta fase dure para sempre.
 












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