segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Todo filho tem o seu quê de especial

Hoje vou mudar um pouco a temática do blog e escrever um pouco sobre Lipe, afinal, como coloquei no meu perfil, toda criança tem o seu quê de especial.

Resolvi, antes de começar a escrever o post, rever alguns vídeos e fotos dos seus primeiros anos de vida.

Não dá para explicar ou mensurar a emoção que senti revendo aqueles vídeos de quando tinha 2, 3, 4 anos de idade.

Por que o tempo passa tão rápido? Os filhos crescem e a gente nem sente...

A vida nos impõe um ritmo tão acelerado, que nem paramos para prestar atenção em coisinhas pequenas, mas tão relevantes, que acontecem diariamente, embaixo dos nossos narizes, e que fazem parte da construção da história de vida de nossos filhos.

Percebo bastante isso ao fazer uma comparação entre as minhas lembranças sobre os marcos do desenvolvimento de Lipe e Leti.

O único marco que tenho bem claro em relação a Lipe, foi o de que andou com 1 ano e 1 mês. Mas não me lembro quando se sentou, quando engatinhou, quando falou, embora estivesse presente em cada um destes momentos.

Quando a criança tem um desenvolvimento regular, tudo acontece tão espontaneamente, que acaba passando desapercebido.

A gente vibra, comemora e compartilha cada nova aquisição, mas logo ela cede lugar a uma outra, e depois a outra, e assim a vida vai passando, sem que a gente se dê conta da grandiosidade do processo de desenvolvimento do ser humano.

Em relação à criança especial é diferente, porque seu processo de desenvolvimento possui um ritmo peculiar, as coisas acontecem mais lentamente, possibilitando que processemos melhor cada uma de suas novas aquisições.

Mas, em ambos os casos, acredito que o mais importante é nos fazermos presentes e aproveitarmos o tempo que temos para dar o melhor de nós para nossos filhos.

Nos primeiros seis anos de vida de Lipe, ele foi praticamente um reizinho na família: filho único, neto (materno) único, sobrinho/afilhado (materno) único.

A chegada da irmã veio junto com a mudança de endereço, e um pouco antes de outra grande mudança em sua vida: a mudança de escola. Saiu de uma escola pequena, de bairro, construtivista, onde estudara por cinco anos, para outra enorme, distante e de método tradicional.

Processar tantas mudanças não deve ser fácil.

E logo o seu comportamento na escola demonstraria isso.

Não que ele tivesse um comportamento exemplar até então, e logo depois houvesse mudado completamente.

Lipe sempre fez o tipo “garoto sonso”, daquele que dava uns catiripapos nos coleguinhas e fazia carinha de santo, digna de pena.

Mas seus problemas se acentuaram no Vieira. Não sei se por conta da mudança de escola, ou por causa da chegada da irmã, ou porque este era efetivamente o seu processo de adaptação, mas o fato é que passei a me ver em situações inusitadas, como a de ter que assinar comunicados de advertência e suspensão, para que meu filho pudesse assistir à aula no dia seguinte.

A minha adaptação à nova escola foi terrível! Mas não é sobre isso que quero falar agora. Isso fica, quem sabe, para um outro post.

Quero falar da importância da nossa presença efetiva na vida de nossos filhos.

Pelos seis anos em que Lipe foi exclusivo, foi mais fácil dar a ele uma atenção mais efetiva: tínhamos mais tempo para brincar, conversar, ler, fazer atividades da escola, ouvir música, cantar, dançar... Os vídeos e fotos que revi confirmam essa minha constatação. Se há uma coisa acerca da qual não carregarei arrependimento na vida, é por não ter curtido meu filho, porque o curti intensamente por toda sua primeira infância (apesar de achar que ele cresceu rápido demais).

Mas com a chegada de Leti, tive que dividir o meu tempo entre ele e a bebezinha que acabara de chegar, o que é natural em toda família com mais de um filho, principalmente quando a diferença de idade entre eles é grande (no nosso caso, seis anos).

Ele nunca reclamou de sua nova situação. Pelo contrário. Sempre foi muito amoroso com a irmã e chegava a me repreender quando eu não a atendia logo que começava a chorar.

Por uma infeliz coincidência, começamos nossa peregrinação com Leti justamente na época em que Lipe começou a estudar no Vieira e, apesar de me desdobrar para dar a ele a atenção que precisava, percebi que o tempo que tinha para dedicar a ele era praticamente para fazer cobranças: mandar fazer o dever de casa, tomar banho, escovar os dentes, almoçar, reclamar pelo comportamento na escola etc.

Foi tudo muito novo para todos nós: eu precisava levar e pegar Lipe na escola (porque era o seu primeiro ano e eu queria acompanhar tudo de pertinho), acompanhar seus estudos em casa, levar Leti nas terapias (sete sessões semanais ao todo), dar conta do meu trabalho, das atividades domésticas, dentre outras coisinhas que sempre aparecem pelo caminho.

Acho que ficamos o primeiro semestre de 2009 praticamente todo nessa fase de adaptação.

Logo depois, caí na real e percebi que não poderia desperdiçar todo o meu tempo com Lipe com cobranças, principalmente porque Samir ficava (como ainda fica) a semana inteira no interior e não poderia compensar essa sobrecarga.


Neste momento, meus pais entraram no circuito, assumindo alguns de meus compromissos, para que eu pudesse ter um pouco mais de tempo livre para Lipe e para mim também.

As cobranças continuaram, é claro, elas são inerentes à maternidade, mas foram amenizadas com um tempo livre para podermos nos curtirmos como antes.

Estabelecemos um dia na semana que era o nosso dia. Quarta-feira! Toda tarde de quarta-feira fazíamos um programa a dois: íamos almoçar fora, ao cinema, ao parque, tomar um petit gateau na Parmalat, ler na Saraiva... E o interessante é que em toda quarta-feira ele não me dava trabalho algum para fazer o dever de casa, fazia rápido e com capricho, para ficarmos livres logo para podermos sair.

Hoje não temos mais as nossas quartas-feiras institucionalizadas, mudanças no meu trabalho e nas atividades extracurriculares dele impossibilitaram tal disponibilidade, mas consegui organizar a minha rotina para poder dedicar a ele um tempo diário exclusivo.

Uma vez por semana o levo na escola, ouvindo Ivete Sangalo e Bochecha nas alturas (nos outros dias ele vai com o transporte escolar), almoçamos (e jantamos) juntos todos os dias conversando sobre amenidades, descansamos depois do almoço na minha cama bem agarradinhos, o levo no inglês duas vezes por semana, à noite dou seu banho, escovo seus dentes, rezamos juntos e leio Harry Potter para ele dormir. De vez em quando ele dorme na minha cama comigo. Continuo cobrando o dever de casa bem feito, os outros banhos bem tomados, o comportamento na escola, o vocabulário adequado. E vai ser assim sempre, porque sou sua mãe, e mãe é isso.

Sei que o ideal seria poder levá-lo na escola diariamente, acompanhar todos os seus banhos, encontrar tempo todos os dias para assistirmos TV juntos, para brincarmos daquilo que ele gosta, para jogarmos os inúmeros jogos que ficam no armário, para lermos todos os livros que ele curte, mas infelizmente o ritmo frenético da minha vida não permite essa tamanha disponibilidade.

Enquanto isso, vou aproveitando intensamente cada momento que tenho com ele.

3 comentários:

Mariana - viciados em colo disse...

é isso mesmo... estou vivendo o seu 2009.1, com diferenças, claro, mas lendo seu relato, me identifiquei com isto de dar atenção só para cobrar... rolou isso aqui tbm!
beijoca

Unknown disse...

Jana querida, só nós mães sabemos como fazemos de tudo e mais um pouco pra dar conta dos nossos filhotes, dividindo os momentos de bronca e de curtição! Não é fácil mesmo! Mas o mais importante é termos consciência disso e seguir em frente amiga, com muito amor e paz no coração!!! Você é uma super mãe!!!!

Lindo relato, emocionante!!! Um beijo especial em Lipe!!

Luciana disse...

Amiga,

Acompanhei a sua entrada (digamos assim) no mundo das mamães. E digo que: ELA FOI TRIUNFAL!!! Sempre tão atenciosa, cuidadosa, preocupada, amorosa... E, se no começo já era assim, imagina agora com mais experiência???!!!!
Não há do que se arrepender, maninha!
Vc se entregou 100% a esta linda "profissão" e continua sendo assim!
Da maneira que é possível, dosando a atenção entre um tesouro e uma jóia ( sem falar tb na atenção ao maridão, à família, aos amigos....).
Vc é uma mulher nota 10! Completa, guerreira, carinhosa...
Lipe e Leti têm mta mta sorte em ter vc como super, mega, power mamy!
Continue postando.
Saudades.
bjs

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