sábado, 11 de junho de 2011

Com a palavra, a Psiquiatra

Voltei do curso de son rise com uma ideia fixa na cabeça: levar Leti a uma consulta com um psiquiatra. Estava convicta de que Leti estava no espectro autista e queria ouvir o que um psiquiatra diria a respeito, já que fiquei sabendo que este seria o profissional mais gabaritado para tratar do tema e, talvez, um dos poucos que ainda não tivesse avaliado a minha filha.

Peguei umas indicações e marquei para uma médica super recomendada, indicada por minha cunhada, dinda de Leti e médica.

A consulta foi há quatro semanas, mas, na agonia dos preparativos para a festinha de Leti, acabei sem tempo para escrever antes.

Entrei no consultório para iniciar a conversa, enquanto Samir ficou dando a sopinha dela na recepção.

Fiz um breve resumo da história dela e disse que estava lá porque tinha certeza de que minha filha estava no espectro, e queria saber se ela comungava da mesma impressão e se me sugeria alguma modificação na linha terapêutica que estávamos adotando.

Ela foi até à recepção, chamar Samir para terminar de dar a sopa dela no consultório, para ela poder avaliar a minha pequena.

Quando retomamos o assunto, já de volta a sua sala, ela, meio desconcertada, me disse que, em momento algum, diria que minha filha tem autismo, como um transtorno. Disse que, realmente, ela possui algumas características comuns às crianças que se encontram no espectro, mas que, para ela, isso parecia estar muito mais associado ao atraso global do seu desenvolvimento, que a um transtorno autista.

Começou a explicar o porquê da sua conclusão, avaliando o comportamento de Leti: quando a viu, olhou-a no olho, estranhou, voltou-se para o pai, chorou por estranhar o ambiente, me buscou como abrigo, se acalmou no meu colo; segura, começou a explorar o ambiente com os olhos... Disse que esse não é um comportamento esperado para uma criança autista que, na maioria das vezes, se mostra indiferente a ambientes desconhecidos.

Falou que lhe parece que sua dificuldade de interação, de comunicação e seus interesses restritos decorram muito mais do atraso do seu desenvolvimento, já que, como todos os seus marcos  sofreram um atraso importante, essas aquisições estariam seguindo o mesmo ritmo.

Quando perguntei sobre as estereotipias, falou que seria uma espécie de mecanismo de defesa, às vezes encontrados em crianças típicas também.

Disse que apostaria muito mais numa síndrome genética, mas sem associação a autismo.

Deu um nó na minha cabeça!

Disse-nos que, pelo pouco que pôde ver, deu para perceber que nossa postura vem a favorecer seu desenvolvimento e que devemos confiar na nossa intuição.

Respondendo a meu questionamento sobre a linha terapêutica que estamos adotando, disse que acredita que Leti deve continuar sendo estimulada por profissionais especializados, porque tem um importante atraso motor, porque precisa desenvolver melhor sua comunicação, como também melhorar sua percepção cognitiva. Disse que, quando ela atingir um estágio de desenvolvimento que a faça despertar para sua condição de criança especial, aí sim, precisará de acompanhamento de um psicólogo para ajudá-la a se aceitar como é e a conviver da melhor forma possível com suas limitções.

Nunca tinha parado para pensar nisso.

Ela falou que alcançar este patamar (de compreensão sobre sua própria situação) já significa um grande avanço em seu desenvolvimento e que saber lidar com isso é importantíssimo para não acabar gerando um retrocesso na vida da criança, já que muitas pessoas (crianças, adolescentes ou adultos) que simplesmente negam esta condição acabam ficando frustradas e atravancando o processo evolutivo que vinha ocorrendo de maneira satisfatória, sem que os familiares se dêem conta do motivo.

CONCLUSÕES:

Saímos felizes da consulta por ouvir de uma profissional que não nos conhecia que estamos seguindo o caminho certo e que minha filha tem tudo para se desenvolver bem, respeitadas as suas limitações.

Sinceramente, não assimilei a certeza da médica de que minha filha não está no espectro, mas passei a admitir a possibilidade.

Por fim, para mim, o que valeu a consulta, foi a sugestão do acompanhamento psicológico, quando Leti tiver consciência da sua condição. Acredito que ela vai alcançar esse estágio. Para isso é todo o nosso investimento. Para que ela, a cada dia, compreenda melhor o mundo à sua volta e possa viver nele de forma autônoma e feliz. Não é isso que toda mãe quer para seus filhos?

Um comentário:

Ana Paula Pacheco disse...

Jana!
Fico feliz em sentir tua felicidade!
A única coisa que posso lhe falar é que independente de um diagnóstico, esse amor que a família sente pela Leti é TRANSFORMADOR! Com certeza, TODOS colherão frutos desse sentimento tão verdadeiro! Independente do nome dado ao que está acontecendo, vocês vão conseguir que ela atinja o seu melhor!
Mesmo de longe, torço de todo coração, por uma história muito vitoriosa!
Grande beijo!

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