terça-feira, 16 de outubro de 2018

Projeto Filho Único por Um Fim de Semana

Um dos meus grandes projetos para este ano de 2018, que foi escolhido para ser o ano das viagens (principalmente por conta dos feriadões do segundo semestre), era fazer uma viagem com cada filho separadamente, para poder aproveitá-los com exclusividade, considerando os interesses tão distintos de cada um.
 
Tinha ainda muito marcada na memória a experiência de dois anos antes quando, por conta de uma viagem para consulta em São Paulo, tinha me surpreendido com a reação de Leti numa visita ao Ibirapuera (relato: aqui), e estava com a expectativa nas alturas para dar início ao projeto com a viagem que faria com ela.
 
E ela está, graças a Deus, numa fase maravilhosa! Extremamente bem regulada, os ânimos tranquilos, bem focada nas atividades pedagógicas e terapêuticas, ampliando seus pontos de interesse, mais carinhosa, dormindo até melhor... Meu coração dizia que a primeira etapa do projeto, a viagem a Petrópolis com ela, tinha tudo para ser um sucesso!

Preciso confessar que a escolha do destino levou em consideração dois aspectos: minha enorme vontade de conhecer a cidade e a boa aceitação de Leti às programações culturais. Eu morria de vontade de conhecer o Museu Imperial e, lembrando-me da experiência com Leti no Museu das Armas em Paris (relato: aqui), achei que, dos filhos, talvez ela fosse a melhor companhia para este passeio.

Já vinha sinalizando com os três em casa que teríamos este momento em separado com cada um e sentia o prazer deles de poder viver esta experiência de ter a atenção exclusiva dos pais numa viagem pensada para eles.

Leti, apesar de não verbalizar como os irmãos o que sente, vinha deixando muito clara sua satisfação, demonstrada inequivocamente no brilho radiante dos olhos, toda vez que tocávamos no assunto.

Apenas para contextualizar, e compartilhar, vale ressaltar que, ultimamente, ela que, se deixássemos, antes ficaria todo o tempo em casa apenas vendo TV e "brincando" de passar saliva em seus lençóis,  vinha optando muito mais pelos livros de histórias e pelas brincadeiras de teatrinho, como também vinha interagindo com outras modalidades de brincadeiras sugeridas por Mateus, o que tem me deixado imensamente feliz!

E apesar de a paixão dela pelos livros ser, de fato, antiga, a novidade é a mudança do foco de interesse, já que, pela primeira vez, a comida e a TV têm sido preteridas em favor dos livros!

E nessa vibe de leitora contumaz começou a viagem que, por exigência da nossa protagonista, teve sua primeira parada na livraria do aeroporto, para aquisição dos livros que embalariam a etapa inicial da nossa aventura.

Os livros tiveram um papel importantíssimo nesta viagem, substituindo, com sucesso, os lençóis e a TV em nossos momentos de tempo livre no hotel, como também auxiliando nos momentos em que ela precisava exercitar a prática da espera, como em restaurantes, quando ela sempre terminava de comer antes de nós dois e queria levantar-se para ir embora, e nos saguões dos aeroportos.

No segundo dia de viagem, incluímos uma visita à livraria de Petrópolis, um dos programas que ela mais gosta de fazer e, na volta, ainda paramos na livraria do aeroporto do Rio para uma última comprinha (talvez tenha havido um excessozinho, mas aliando todo o contexto que atualmente envolve a leitura na vida de Leti, com a MINHA compulsão por livros, fica difícil dizer não a um pedido dela #meaculpa).

Devo dizer, aliás, que todo o acervo comprado durante a viagem foi exaustivamente explorado, o que tornou o investimento indubitavelmente muito proveitoso!


 


 

Chegamos à Cidade Imperial em meio a uma insistente garoa e uma forte neblina, já no iniciozinho da noite. Leti estava visivelmente cansada, já que não dormiu em qualquer trecho da viagem, e pediu para jantar no hotel. Eu e Samir estávamos loucos para dar uma volta na cidade, que nos pareceu extremamente charmosa, mas ela estava irredutível, o que nos fez optar pelo serviço de quarto em respeito a sua vontade.

Jantamos juntos, brincamos de pula pipoquinha na cama (o sorriso dela era contagiante), ficamos os três agarradinhos numa sessão de histórias, nos divertimos com as tiradas divertidas dela (uma delas foi dizer que estava vendo o livro de cabeça para baixo porque estava escrito em japonês) e encerramos o dia com a sensação de leveza e felicidade plena!

 
Teríamos dois dias em Petrópolis para conhece-la. Programei visitar os museus das proximidades do hotel, a pé, no primeiro dia e, no segundo, fazer a programação que demandava o uso do carro.
 
Como ela acorda muito cedo, fomos os primeiros a tomar café da manha no hotel na sexta,  e saímos cedo para passear a pé pela cidade e visitarmos os lugares que eu havia programado.
 
 
 
O passeio a pé não teve a aceitação que eu imaginava. Ela ficou resistente, reclamou, apresentou um pouco de medo, segurando-se em mim e Samir, sem admitir ficar solta nem por poucos segundos. Isso tem acontecido vez por outra quando vamos a locais abertos. Mas quando percebemos que o medo era real, e não estratégia para evitar o esforço - ainda que mínimo - já estávamos a uma distância que não justificava voltar para pegar o carro, já que era tudo muito pertinho. Acabamos fazendo a programação matutina, que envolveu a Casa de Santos Dumont, o Museu da Força Expedicionária Brasileira, o Palácio do Rio Negro e o Museu Imperial, toda a pé mesmo e, apesar da resistência inicial, ela aproveitou tudo com grande prazer.
 
A Casa de Santos Dumont, nada acessível, possui três trechos de escada, sendo que o segundo, de uma escada de madeira, daquelas que intercala degraus para colocar pé esquerdo e direito sucessivamente. Eu e Samir ficamos tensos com esta segunda, que ela subiu com nosso apoio, mas que a traumatizou para todas as escadas seguintes da viagem.
 
Ainda assim, ela, que já tinha visitado a exposição de Santos Dumont no Salvador Shopping, aproveitou a visita, mostrando interesse pelos compartimentos da casa, e conhecimento ao reconhecer as maquetes do 14 Bis e do Aeroplano.
 
A Casa é bem pequena, o ingresso custou 8 reais (ela não pagou) e vale para ver como viveu, por um breve período, o nosso Pai da Aviação.
 
 

 
Nossa visita seguinte foi ao Museu da Força Expedicionária Brasileira. O Museu ocupa um modesto cômodo aos fundos do Palácio Rio Negro, e é mantido por descendentes dos expedicionários brasileiros e petropolitanos enviados à Itália no final da Segunda Guerra Mundial.
 
O filho de um dos combatentes que guiou a nossa visita contava, com propriedade e paixão, a história que justificara a criação do Museu, explicando-a através de cada objeto que compunha o seu acervo, os quais demonstrava conhecer profundamente.
 
Fizemos a visita com mais dois casais, cada um com um filho. Leti nos acompanhava, sem olhar para o nosso cicerone, mas também sem apresentar qualquer resistência. Num certo momento, o guia perguntou às duas crianças se elas cantavam o hino na escola, ao que responderam negativamente. Instantaneamente, Leti começou a cantarolar o hino nacional, arrancando sorrisos de todos os presentes, e nos mostrando estar atenta a todas as lições que aprendíamos por ali.
 
A visita foi gratuita (há uma caixinha na entrada para uma contribuição espontânea para manutenção do espaço) e muito enriquecedora! Super recomendo!!!
 
 



Dali fomos ao Palácio Rio Negro, residência de veraneio de muitos dos nossos presidentes. Dos passeios do dia, foi o que Leti aproveitou menos. Por conta do medo, subiu as escadas mas logo quis descer, não aproveitando os melhores cômodos, que são os quartos, que ficam no andar superior. Mas acho que a visita, em si, era pouco atrativa para ela, por desconhecer o seu valor histórico.

A visita também foi gratuita, mas acho que seria mais proveitosa se tivesse sido guiada. Ainda assim, valeu.

 



 
Nosso passeio cultural se encerrou no Museu Imperial que, dos visitados, era o que abria mais tarde. O imóvel, que foi a residência de verão da família imperial, conta com um rico acervo, muito bem preservado, que vai de móveis a joias, mas que, necessariamente, não guarnecia aquele imóvel, embora pertencesse à família imperial (informação que obtive na Casa do Colono no dia seguinte).
 
A visita exige o uso de pantufas, para preservação do piso, e segue uma ordem preestabelecida.
 
Não tivemos visita guiada (não sei se há disponível), o que acaba, a meu ver, por reduzir o potencial de exploração do local, principalmente quando estamos com crianças e com pouca disponibilidade para ler as informações expostas.
 
Mas devo dizer que Leti ficou impressionadíssima com as coroas, com as joias e com tudo de glamoroso do local. Muito bonitinha sua expressão de espanto!
 
Fizemos uma visita dinâmica, no ritmo da minha pequena, mas deu para aproveitar bastante!
 
Só lamentei não poder fotografar e não haver, sequer para compra, um livro com fotos do acervo, para termos o registro daquilo que vimos, quando não pudermos mais contar com a memória.
 
Almoçamos no restaurante do Museu, o Duetto, que no dia servia uma feijoada de buffet, opção de Samir e Leti, e integrava também o Rio Rest Week, minha opção. Comidinha razoável, nada demais. Acho que o forte deles é o café e seus acompanhamentos.
 
 




 
Dali fomos ao descanso vespertino, para o cochilinho de Leti. À tardinha, fomos a uma confeitaria muito bem recomendada fazer um lanche: a Willemsen.

A vontade era provar uma torta de cada, uma perdição! Ainda mais juntando três formiguinhas como nós... prejuízo para nossas silhuetas que já andam bem avantajadas.

Conseguimos dar uma voltinha de carro na saída da confeitaria para sentir o movimento da cidade e voltamos para o hotel para a única manipulação na programação para atender a nossos interesses (sim, não somos santinhos).

Dissemos a Leti, que novamente queria jantar no hotel, que a cozinha estava fechada por conta do feriado e que teríamos que sair para jantar. Acabamos indo ao Bordeaux, por sugestão do recepcionista do hotel.

O restaurante fica na varanda da Casa da Ipiranga, que não estava incluída em nosso roteiro, mas que, externamente, me deixou de queixo caído.

A comida achei boa, mas nada excepcional. O atendimento bem rápido e atencioso.




 





Embora a programação do dia possa ter parecido longa, tudo aconteceu num ritmo muito tranquilo para Leti.

Para o dia seguinte, tinha reservado a visita ao Museu Casa do Colono, ao Palácio Quitandinha e a seu lindo parque, finalizando com o almoço na churrascaria Lago Sul. Tudo de carro.

Fizemos tudo com mais calma. Descemos para o café por volta das 7h, subimos para o quarto e ficamos de bobeira, nos curtindo.

Antes de pegar o carro para sair, Leti quis ir a uma livraria, nas proximidades do hotel. Fomos a pé.

parte preferida de Leti do café do Grande Hotel Petrópolis
Nossa primeira parada foi o Museu Casa do Colono, única casa originariamente conservada pertencente a um colono alemão.

Foi, talvez, o passeio que Leti mais tenha gostado (excluindo os gastronômicos).

Ela ficou extasiada ao ver um baú, que imaginou ser um baú do tesouro, que pediu para Samir abrir; adorou a máquina de costura, e disse que a costureira faria sua fantasia de bruxa do halloween ali, adorou ver as ferramentas e os utensílios de cozinha. Era puro deleite! Lindo demais!!!

Ao final, a mocinha da recepção explicou um pouco a história do lugar, a importância do engenheiro alemão Koeler para a construção da cidade e a forma de composição do acervo. Enriqueceu sobremaneira a visita!


 


De lá fomos a Quitandinha. Por conta do fim de semana das crianças, haviam várias atividades no parque em frente e a visita ao Palácio era gratuita.

Fiquei APAIXONADA pelo parque! Minha vontade era abrir uma toalha (que estava na bolsa) na grama, pegar todos os livros disponíveis que Leti tinha e ficar por ali, só curtindo o momento (e tirando mil fotos lindas).

Mas Leti não quis saber. Estava tensa, irredutível! Nem a apresentação dos palhaços quis assistir. Guardei meu desapontamento no bolso e parti para o plano B, afinal nosso objetivo era proporcionar prazer a minha pequena e não tensão.

 
Fomos visitar o Palácio Quitandinha que, originariamente era um Cassino, transformou-se num hotel e, atualmente, converteu-se num condomínio residencial, cuja área social foi transformada num espaço histórico-cultural explorado pelo SESC Rio.
 
Como disse, por conta do feriado, naquele dia a visita foi gratuita, havendo previsão de pagamento apenas se optássemos pela visita guiada. Esta seria a nossa opção, mas, como demoraria, já que a guia tinha acabado de sair para uma visita, acabamos indo por conta própria.
 
O blog Vem que Te Conto tem um post bem legal sobre o Palácio e acabou sendo nossa fonte de informações, na ausência de um guia. Vale dar um pulinho lá para coletar informações detalhadas.
 
Numa grande sala, havia uma exposição de arte que encantou Leti. A obra que fez seus olhos brilharem foi uma casinha feita com sobras de pedaços de madeira.
 
Como na nossa versão da história dos 3 porquinhos, ela é a porquinha do meio, que constrói a casa de madeira, ela embarcou na fantasia e estava se sentindo a própria dona da casa. Uma fofa!
 
Além da exposição, vimos toda a parte aberta a visitação: a exuberante cúpula azul, a Galeria das Estrelas, o Jardim de Inverno, a Piscina em forma de Piano, a Sala de Correspondências, a Sala de Convenções, a Sala Dom Pedro, a Sala das Crianças...
 
Leti, que tinha ficado tensa no parque, ficou divertida e serelepe, rindo, prestando atenção em tudo, fazendo gracinhas gratuitas. Numa foto, inclusive, juntou as mãos, fez som de meditação, e nos convidou para um momento de ioga, rindo da sua própria brincadeira.
 
Dali, rodeamos o parque para chegarmos à Churrascaria (maravilhosa!) Lago Sul, onde almoçamos. O atendimento e a comida foram impecáveis! Amamos!
 

 
 
Piscina em forma de piano



Jardim de Inverno

Galeria das Estrelas
momento ioga

cúpula do salão onde funcionava o cassino
 
 
 
 

Do restaurante fomos ao hotel, para o descanso vespertino, saímos novamente para um lanche na Willemsen, e acabamos jantando no quarto, a pedido da nossa pequena. O que foi uma ótima pedida, porque à noite caiu um temporal de meter medo em qualquer um.
 
Saímos do hotel cedinho no domingo, para fazer uma visita ao Cristo antes de pegar o voo de volta. Mas o tempo estava terrível e só conseguimos ver neblina lá de cima. Valeu apenas pelo passeio de trenzinho.
 


 
Chegamos ao aeroporto com tempo para devolver o carro alugado, fazer o check in presencial, já que a compra da passagem com o desconto por conta da deficiência, objeto do próximo post, exige a apresentação do MEDIF no momento do embarque, passar numa última livraria, almoçar e chegar com folga ao portão de embarque (de carrinho elétrico).

Minhas considerações finais sobre a viagem, depois deste longo post: como eu imaginava, o resultado foi maravilhoso! Muito provavelmente fosse igualmente maravilhoso em qualquer outro destino que escolhesse, já que o principal, a meu ver, foi estarmos juntos e inteiros por todo o fim de semana.

A escolha por uma cidade com uma programação cultural, e não uma praia no litoral baiano, por exemplo, foi pela intenção de lhe proporcionar, além do tempo exclusivo, uma ampliação de conhecimento, já que Leti tem um grande potencial cognitivo e sempre demonstra ser um terreno fértil para as disciplinas pedagógicas que envolvam conhecimento de mundo.

Mas prioridade era mesmo nos curtir. A televisão quase não foi ligada, meu celular praticamente só era utilizado quando ela dormia (ou para consultar mapas), ficamos grudados o tempo todo. E foi delicioso!

Ela tem tanto a nos oferecer, é tão divertida e esperta, estava tão carinhosa... Foi tão bom estar 100% disponível para ela...

É claro que nem tudo saiu conforme o planejado. Eu imaginava curtir o parque de Quitandinha, jurava que ela se empolgaria com o Palácio de Cristal, que ela curtiu zero, imaginava poder curtir mais a cidade a pé, conhecer alguns restaurantes, comprar um imã da cidade, que costumo trazer dos lugares que visito... Mas a viagem não foi para compras nem para atender aos meus interesses. Saí com vontade de voltar para uma viagem romântica com o maridão. Foi uma espécie de menu degustação. Quem sabe um dia eu volto?

Por ora, a lembrança que ficará será das caras e bocas da minha pequena; do brilho de seus olhos nas atrações que mais curtiu; dos incontáveis momentos em que estivemos agarradinhas embaixo de um cobertor quentinho, lendo clássicos infantis; das historias que ela inventava, das demonstrações inequívocas da minha pequena de que minha presença e companhia lhe proporcionam segurança e felicidade.

Definitivamente, este é o meu grande projeto de sucesso do ano de 2018! Que venham os próximos momentos com meus príncipes!

Palácio de Cristal

 

 

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...