sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Asas, Pra Que Te Quero?

Para voar!

No sentido literal e simbólico.

Num avião, ela voou para São Paulo, acompanhada de seus colegas, da equipe da sua escola e da representante da agência que, a cada dois anos, leva grupos para o Sítio do Carroção, na cidade de Tatuí.
 
Mas foi em terra firme que ela deu seus voos mais altos!
 
Ela, que em sua própria cidade não se permite dormir fora de casa, topou encarar a viagem de encerramento de um ciclo junto com sua turma, passar 3 dias e 2 noites longe da família, e se aventurar numa experiência completamente desconhecida.
 
No início, seu estímulo era apenas ter o lanchinho da madrugada, mas aos poucos ela foi se dando conta de que o que estava por vir era dotado de uma dimensão absurdamente maior e, ainda assim, mantinha-se firme no propósito de aventurar-se.
 
Era um sonho! A princípio, meu. Desde que soube da existência da viagem, alimentava o desejo de poder proporcionar-lhe este momento, mas sem saber se seria possível. Em seguida, da sua pró e sua monitora, que desde o início do ano evidenciavam o compromisso de tentar realizar este sonho junto comigo. Depois dela que, sabendo do passeio, começou a cogitar a possibilidade de participar. Por último, da equipe da escola e da agência de turismo, que não mediram esforços para propiciar, da melhor forma possível, esta experiência para minha pequena e, por tabela, para nós da sua família.
 
Pagamento efetuado, autorização de viagem expedida, enxoval organizado, foi hora de arrumar as malas e se preparar para voar!
 
O acolhimento e carinho de todo grupo (no qual incluo equipe da escola, crianças e seus pais) conosco foi amplamente demonstrado desde que noticiamos a ida de Leti ao Carroção. Eu sentia no olhar e no campo energético tanta vibração positiva que, em momento algum, pensei que algo pudesse dar errado. Como - efetivamente - não deu!
 
Seria uma experiência inédita para muitos envolvidos, mas todos esbanjavam motivação e disposição para fazer com que tudo desse certo.
 
E foi tudo lindo!
 
Minha princesa acompanhou seu grupo, participou de atividades adequadas a seus interesses e respeitantes a suas limitações, bem como experimentou encarar alguns desafios.
 
Todos foram muito cuidadosos para incluí-la nas atividades do grupo na medida do seu possível, mas possibilitando-a também as pausas necessárias para sua organização sensorial.
 
E mesmo que ela não tenha participado de todas as SENSACIONAIS atividades oferecida pelo Sítio, só por se permitir estar lá, sendo acolhida com carinho e respeito por todos, compartilhando dias e experiências com pessoas que fazem parte da sua vida e do seu processo de desenvolvimento, já a sinto empoderada, por se ver capaz de romper barreiras que antes poderiam limitar sua forma de viver a vida.
 
E isso é tão grandioso, tão emocionante!
 
Mesmo com todo o ambiente preparado para que tudo desse certo, para que o sucesso do passeio fosse completo havia uma parcela de contribuição que só dependia dela. Do seu engajamento, do seu desejo, da sua participação. E ela fez a parte dela!
 
Encarou a ponte balançante e o teleférico, atividades que normalmente lhe causariam muito temor, observou a balada de perto, mesmo com o desconforto do som alto, acompanhou os colegas na piscina, na visita à ossada do dinossauro e nas refeições, separou-se do grupo em alguns momentos para descansar, surpreendeu ao demonstrar assenhoramento de sua rotina e de regras de convivência em grupo e ao lançar tiradas divertidas e contextualizadas.
 
Ela viveu uma experiência única que, sem dúvida, ficará guardada em sua memória e deixará marcas que ainda não podemos dimensionar.
 
E eu reafirmei a certeza de que preciso continuar apostando na minha princesa que, sempre cercada por pessoas que trabalham com amor, com certeza cada dia alçará voos mais altos.
 
A cada pessoa envolvida na realização deste sonho, segue o meu grande, profundo e emocionado agradecimento.
 

 

 


 




 


 

 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Luana

LUANA foi o último espetáculo do qual Leti se propôs participar na escola, há exatos 3 anos. No último sábado, foi a vez de Teu.
 
Agora cedo, por acaso, encontrei a pasta com as fotos de Leti e parei para refletir sobre o processo de meus pequenos em relação ao teatro: Leti partiu de um movimento - lindo - de participação para a negativa de exposição, que foi validada como reconhecimento ao seu amadurecimento, à medida em que Teu vem demonstrando uma evolução gradativa, saindo do constrangimento absoluto à assunção plena dos seus personagens, de textos curtos, mas com uma expressividade que ganha ainda mais vida em sua atuação.
 
É engraçado perceber como o processo de desenvolvimento de cada filho pode trilhar caminhos tão diferentes e, ainda assim, ser um caminho de desenvolvimento.
 
Maternar é um aprendizado constante!
 

 

domingo, 10 de novembro de 2019

Um Halloween Nada Monstruoso


Virou tradição! Depois da explosão de sensações do ano passado (relato aqui), a festa de halloween passou a ser um dos momentos mais esperados do ano por aqui. E neste ano, a pedido de Teu, tivemos duas festas: uma para os amigos dele (volto para contar em outro post) e outra para os amigos de Leti.

Como Leti passou um segundo semestre mais resistente a interações, ainda não tínhamos certeza se a festa aconteceria e como seria.

Mas com a entrada do mês de outubro as cobranças começaram. E os olhinhos dela brilhavam, acompanhados de um sorrisinho maroto, cada vez que tocava no assunto.

Embora em momento algum ela demonstrasse desejar renunciar a sua festa, os preparativos propriamente ditos começaram faltando menos de uma semana para o dia da festa.

Relembrando a experiência do ano anterior, em que escolheu simplesmente TODAS as atividades programadas para a tarde, ela passou a ditar como seria a festa deste ano: não teria slime, a caça ao tesouro seria dentro do apartamento e o trick or treat seria o grand finale.

Como a turminha dela cresceu este ano, e já está em clima de despedida, já que a escola só oferece turmas até o Grupo 10, o primeiro desafio do evento foi definir quem seriam os convidados.

Procurando respeitar a sua vontade, e os vínculos construídos e reforçados ao longo do ano, chegamos a uma lista de 10 colegas!!!!! Mais do dobro que o ano passado!!!

Preciso confessar que fiquei tensa com a quantidade de crianças. Ao lado de crianças que já acompanham a trajetória de Leti há algum tempo, somaram-se outras com quem ela já convivia, mas cuja intimidade se estreitou este ano, e outras que ela passou a conhecer com a junção das duas turmas do Grupo 9. Minha preocupação estava adstrita a três aspectos: como seria a participação de Leti nas atividades propostas por ela mesma, como seria seria sua interação com 10 (!!!) colegas e como estes colegas ficariam naqueles momentos em que ela precisa fazer uma retirada para se organizar melhor diante do excesso de estímulos que eventos sociais lhe provocam. 

Tentando minimizar minha tensão, fiz um pedido de socorro. Convidei Marina, a monitora que a acompanha na escola - e conhece muito melhor que eu as relações estabelecidas entre ela e seus colegas-, para me acompanhar nesta aventura. Ela, como grande parceira que sempre se mostrou, topou na hora e ainda se propôs a instigar as crianças na escola para pensar em algo a fazer durante a festinha que pudesse envolver a todos.

Escolhida a data, passamos à etapa seguinte: combinar com as mães, que precisariam se organizar na logística de trazer as crianças no meio da tarde e buscar no fim da tarde, já que a festinha deveria durar mais ou menos o tempo suficiente à participação da minha pequena nas atividades.

Para minha feliz surpresa, mesmo sendo um dia de semana, e estando envolvidas dez crianças, TODAS confirmaram presença e vieram compartilhar com minha pequena esse momento tão especial para ela.

E aqui vale abrir um parêntese para mencionar que, neste ano, ela pediu expressamente que fossem convidados dois meninos que, segundo ela, eram seu crush e seu namorado... {colocando Dona Flor no bolso} E os dois, fofos demais, marcaram presença, sem se constrangerem com a brincadeira.  Esta turma é, de fato, muito especial!

Chegado o dia, ela era só ansiedade! Ao voltar da escola, e perceber que, diferentemente da semana anterior, quando comemoramos o halloween do irmão e os colegas já vieram juntos depois da aula, só voltávamos nós quatro no carro (eu, ela, Teu e Marina), ela prontamente questionou: "- E os meus amigos???", só se aquietando com a chegada deles em casa no horário marcado.

Para oportunizar a ida de todos, as mães se organizaram em caronas e as crianças chegaram aos poucos.

Antes de partirmos para a caça ao tesouro, reunimos a turminha para uma brincadeira proposta por Marina, semelhante a uma atividade que eles costumam fazer na biblioteca da escola: construção coletiva de uma história, mas com tema de halloween.

Bastou Marina chamar que todos se sentaram em círculo e, ao longo de duas rodadas, com muita criatividade, criaram uma história mirabolante, na qual seres assustadores invadiram uma floresta, transformaram-se em unicórnios e, ao final, se esbaldaram numa grande comilança de brigadeiros!

Foi lindo ver a integração plena do grupo, a preocupação em contextualizar a história aos interesses de Leti e ver sua participação efetiva no movimento. Lindo, lindo!!!




Depois da história, foi a hora da caça ao tesouro. No ano passado, fizemos apenas uma mapa que, depois de uma volta pelo condomínio, levava ao baú com moedas de chocolate que ela tanto queria.

Neste ano, dei uma incrementada e preparei umas pistas que foram espalhadas pelo apartamento, que levavam a um ponto do condomínio, onde estava o mapa que levava ao baú em outro ponto. A intenção foi dar um pouquinho mais de complexidade e animação às crianças que já estão grandinhas, atender ao pedido de Leti, que queria a caça dentro do apartamento, e, ao mesmo tempo, possibilitar uma caminhadinha tranquila pelo condomínio. Funcionou super bem e divertiu a todos!!!


 







 
 

Terminada a caça, foi chegada a hora mais esperada do dia: o trick or treat. Como no ano passado, combinei com umas vizinhas mais próximas e consegui 4 apartamentos para visitarmos em busca de guloseimas.

E, melhor do que o ano passado, Ró, a vizinha que havia incorporado a bruxa má, desta vez não só fez a sua alta performance, como também uma mega festa (mais bem decorada que a minha, diga-se de passagem) para receber as crianças.

Engraçado quando passamos pelo corredor para ir à casa dela e as crianças que participaram da festinha do ano passado perguntavam "essa é AQUELA do ano passado??? Foi a mais legal!!!"



E ela conseguiu se superar! A festa que ela organizou para receber as crianças estava impecável! Mas, para além da festa, o melhor e mais significativo, para mim, é sentir o mergulho dela na brincadeira, a sintonia dela com Leti, que fica em êxtase, a energia que contagia todos os envolvidos... Eu estava tensa com a bagunça que Leti fazia e ela, simplesmente, parecia se divertir com tudo aquilo.




Testemunhar essa entrega e essa disponibilidade faz meu coração explodir de amor! Perceber como Leti, por mérito seu, consegue agregar a seu redor pessoas - de colegas de escola a profissionais , passando por pessoas de nosso convívio social - comprometidas com seu bem estar e sua felicidade me emociona de uma maneira difícil de mensurar...

 

 

 


 



Encerradas as atividades programadas, foi hora de voltar para casa, lanchar (para quem ainda tinha apetite depois do banquete oferecido por Ró) e curtir os últimos momentos da companhia dos amigos.

No retorno, Leti correu para o quarto dela - para desacelerar do turbilhão de estímulos - e os amigos ficaram brincando, resenhando e contabilizando as guloseimas recebidas.

Depois ainda conseguimos fazer um desfile e Leti se aventurou numa sessão de piadas (kkkkk).

  

  

 

 





 

 

Depois que todos se foram e a festa acabou, me vi tomada - novamente - por uma sensação imensa de gratidão e alegria. E, imersa neste sentimento, não poderia de deixar de - publicamente - agradecer a todos que fizeram possível a concretização deste momento: aos colegas de Leti, amigos lindos e cuidadosos que não medem esforços para demonstrar por ela o seu amor; às mães destes, que se mostraram parceiras maravilhosas, viabilizando a presença das crianças; a Marina, pessoa essencial no caminhar de Leti na escola e na mediação de sua relação com seus colegas; a tia Erikita, que sempre está a postos para nos ajudar quando precisamos; e as minhas vizinhas lindas que abriram as portas das suas casas para proporcionar mais alegria aos pequenos: Carol, Dani, Thai e Ró. 

Minha gratidão eterna pela imensidão da felicidade deste dia!

 




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