segunda-feira, 11 de março de 2019

O terreno fértil e o engajamento no cultivo

Samir acaba de sair para mais uma semana de trabalho longe de casa e, provavelmente por isso, acabei mergulhando numa onda de nostalgia.
 
Lembrei-me de sua primeira viagem depois que Mateus nasceu, quando ele saiu de casa desolado de preocupação conosco, porque me deixava sozinha com as três crianças (relato aqui), e não fazíamos ideia do que estava por vir.
 
Mas, desta vez, minha sensação é completamente diferente!
 
Comentávamos neste fim de semana como, a cada dia que passa, nossa rotina com as crianças vai ficando mais leve, mais tranquila. Apesar de esta ser uma tendência natural em todas as famílias, o cansaço do trabalho com as crianças ir diminuindo à medida em que elas crescem, não tínhamos noção de quando isso aconteceria conosco por conta da imprevisibilidade que norteia o desenvolvimento de Leti.
 
Mas além do crescimento físico, que a cada dia fica mais evidente com os sinais da puberdade que nos impõem a realidade de que nossa filha está ficando uma mocinha, sua regularidade de humor e comportamento tem imprimido à nossa vida a leveza sobre a qual comentávamos.
 
E é verdade! Já faz algum tempo que Leti vem mantendo uma estabilidade de comportamento. Os atos de autolesão são praticamente inexistentes, sua comunicação está cada dia mais funcional, seus relacionamentos melhoram de vento em popa... Ela continua inteligente, sagaz, irreverente! Permanece geniosa também. Uma característica sua, que suplanta a síndrome ou o transtorno do espectro autista. Característica que nos desafia e nos ensina a estar atentos à necessidade de nos remodelarmos para melhor atendermos a suas demandas.
 
E todo este cenário enseja um terreno fértil às investidas em torno do seu aprendizado.
 
Obviamente que, perspicaz como ela é, e tendenciosa a manter-se na zona de conforto, ela faz o que pode para escapar de qualquer atividade que lhe exija o mínimo de esforço e que se revista de um cunho pedagógico.
 
O segredo para o sucesso do trabalho com ela perpassa - profundamente - pela abordagem do conteúdo a partir de temas que despertem o seu interesse.
 
Embora imagine que, para qualquer criança, o trabalho pedagógico deva ser mais proveitoso a partir deste ponto de vista, tenho convicção que, para ela, SOMENTE A PARTIR DESTE PONTO DE VISTA pode haver alguma possibilidade de êxito de qualquer trabalho pedagógico. 
 
Por isso, acredito que tão importante quanto o embasamento teórico do profissional a trabalhar com a minha pequena é a motivação para o desenvolvimento do trabalho. O comprometimento. O envolvimento. E, por que não, a paixão?
 
E, para nossa sorte, a professora deste ano parecer encaixar-se perfeitamente neste script uma vez que, neste curto espaço de tempo transcorrido desde o início do ano letivo, já deu mostras suficientes de que chegou para deixar sua marca na vida da minha princesa!
 
Confesso que saí meio estatelada da reunião que tive com ela há aproximadamente duas semanas. Ela é daquele tipo de pessoa que chega, chegando; altiva, falante, preenchedora do ambiente que ocupa. E chegou muito assenhorada do seu propósito para o trabalho com Leti neste ano: alfabetizá-la.
 
Como sinto que esta é minha grande missão em relação a minha filha, o (primeiro) grande legado que gostaria de lhe outorgar, perceber a sintonia e o comprometimento de sua professora neste sentido me deixou quase sem chão.
 
Ela falava com um brilho radiante nos olhos de suas ideias, compartilhava suas descobertas, me convidava para ser sua parceira nesta linda jornada.
 
E os momentos seguintes à apresentação do seu propósito me deram motivos para acreditar que sua concretização pode, sim, ser possível, já que não se trata de um simples desejo, mas de uma meta, para a qual ela vem elaborando o planejamento pedagógico correspondente.
 
Por ora, ela já conseguiu para Leti um módulo do Grupo 5, que tem como objetivo consolidar conhecimentos prévios às competências de leitura e escrita, e pediu para a professora de Artes confeccionar um caderno em tamanho A3, para realização de atividades individualizadas.
 
Em relação às atividades individualizadas, vale registrar a atividade de casa deste final de semana, enviada na sexta feira, e produzida a partir de uma foto tirada naquele mesmo dia (vale ler aqui o pequeno post que escrevi a partir da foto). A foto dela com as amigas foi o ponto de partida para a atividade que demandou habilidades relacionadas a correlação, reconhecimento e escrita. Ela fez a atividade com bastante tranquilidade e, de noite, na hora de dormir, quando, despretensiosamente, perguntei como se escrevia os nomes das duas amigas, ela soletrou ambos de forma correta e sem pestanejar. Obviamente que a identificação dos nomes decorreu muito mais de um processo de memorização que de leitura propriamente dita, mas, conhecedora da excelente memória que ela tem, sua professora já me sinalizava sua intenção de explorar esta aptidão como suporte para o processo alfabetizatório.
 

 

 
Embora tenha plena consciência de que não temos garantia alguma quanto ao resultado exitoso do trabalho, já que muitos fatores norteiam o processo de aprendizado da minha pequena, sentir o comprometimento, o empenho e a capacitação desta linda professora, aliados ao comprometimento de toda a equipe que já vem atuando junto a Leti, faz meu coração fervilhar de alegria e esperança pelos bons frutos que este ano de 2019 pode produzir.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Meu 8 de Março

Elas já tinham visto que tinham a mesma blusa e pediram a Marina, acompanhante de Leti, que combinasse comigo para Leti usá-la hoje.

Poderia ser uma simples brincadeira de criança, mas, tratando-se desta turminha, vejo a iniciativa como mais uma maneira de incluir minha pequena, de demonstrar atenção, carinho e amor. 💙

As meninas de hoje. Mulheres de amanhã!

Que esta sensibilidade continue movendo-as em prol de pequenas ações com grandes significados!


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