terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um domingo no parque


Linda, numa primeira tentativa (beem tímida) de brincar de chutar bola.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Bodas de Estanho

Hoje eu e Samir completamos 10 anos de casados!

Ao longo desta semana estive meio nostálgica, revivendo os anos que se passaram, lembrando de tudo o que passamos juntos e agradecendo muito a Deus por ter colocado um homem tão maravilhoso em minha vida.

Sem dúvida, quando, naquela manhã de domingo, numa modesta cerimônia, diante do altar, e cercados por tantos amigos queridos, dissemos sim um ao outro, não imaginávamos que, em 10 anos, nossa vida estaria tão diferente. E para melhor!

Não imaginávamos o quanto o nosso amor estaria consolidado e renovado, o quanto nossa família representaria a realização dos nossos maiores sonhos, nem quantas pessoas maravilhosas encontraríamos (e reencontraríamos) pelo caminho para tornar esta caminhada ainda mais prazerosa.

Hoje me sinto plenamente feliz! Com a sensação de ter tomado o rumo certo na vida.

Mesmo diante de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo agora (quando o que eu mais queria era um pouquinho de sossego), tenho, no meu íntimo, a convicção de que tudo dará certo porque sinto em meu amor o empenho para que as coisas se resolvam logo, da maneira que fique menos pesada para mim.

E essa sua proatividade me faz amá-lo ainda mais. É um reflexo do seu cuidado conosco, com nossa qualidade de vida, com nosso amor.

Queria muito que o dia hoje fosse só de celebração, mas as escolhas que fizemos (e as últimas decisões que tomamos) não permitirão que isso aconteça, o que não significa que o dia, em si, perderá a sua magnitude. É uma data emblemática! Comemoraremos como pudermos, mas sem nos esquecermos, sequer por um minuto, que o que faz deste dia tão importante é a maravilhosa relação que construímos, e que nos faz tão importantes para a construção da felicidade do outro.

Apenas estar com ele, para mim, já basta!

Te amo, Meu Amor!



"ainda bem que você vive comigo,
por que senão...
como seria essa vida?
sei lá, sei lá..."

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Estou lendo e recomendo



Comprei o livro no Simpósio de Autismo e Inclusão ocorrido na semana passada e estou simplesmente apaixonada.

O livro, com linguagem super acessível, traz diversas situações comumente observadas em crianças autistas, com sugestões de atividades de transformá-las ou canalizá-las para um aprendizado mais funcional.

Acho que todos os profissionais da área de educação (além dos pais, é claro!) que lidam com uma criança autista deveria ler. Tem excelentes dicas!

Fica a sugestão.

sábado, 12 de novembro de 2011

Enxoval em Miami: Dicas (editado)

Como disse aqui, sempre achei esse negócio de ir fazer enxoval nos States coisa de dondoca. Resolvi dar a mão à palmatória ao constatar a absurda diferença de preços dos itens de enxoval, logo que voltamos da Disney com as crianças.

Com a descoberta da gravidez, e o acúmulo de milhas sem perspectiva de utilização, resolvemos nos aventurar, sozinhos, na terra do Tio Sam, para montar o enxoval do nosso caçulina.

Antes da viagem, coletei dicas de algumas amigas que já tinham viajado antes e as consolidei para fazer nosso roteiro de viagem.

Minha ideia aqui não é traçar um roteiro de viagem para aqueles que quiserem seguir o mesmo caminho, mas, apenas, ressaltar algumas dicas que acho que podem ser úteis numa viagem com esta finalidade.

Vamos lá!

Muita coisa que vemos nos sites não encontramos disponíveis nas lojas para pronta entrega. Então, vale à pena comprar pela internet e programar a entrega no hotel. Eles estão habituados a esta prática. Mas vai um conselho: ao indicar o endereço do hotel, melhor colocar em algum dos campos do formulário, que o endereço é de um hotel. Fiz compra em 3 sites e, em um deles, tivemos problema com a entrega porque não havíamos indicado a especificidade do endereço. Resolvemos o incidente por email (eles são super acessíveis), e a encomenda (que era a maior) chegou a tempo. Ah! Eu também achei mais seguro ligar antes para o hotel e informar que chegariam uns pacotes em meu nome, porque parte da entrega estava programada para antes do meu check in. Tudo correu na mais perfeita tranquilidade.

Entre os itens que comprei pela internet, estavam incluídos papéis de parede (que acabei comprando para o apartamento novo todo), kit berço e itens de decoração coordenados com o tema. Há quem sugira também a compra do carrinho do bebê, mas, como ainda tenho um, não trouxe o item em minha mala.

Em relação aos papéis de parede, comprei no site https://www.wallpaperstogo.com/. Uma variedade de enlouquecer e um preço extremamente convidativo. Em todas as minhas andanças, não encontrei opções de papel de parede em lojas, então acho que valeu super à pena. Só um pequeno detalhe: ao calcular o preço, deve-se levar em conta que o rolo deles corresponde à metade do nosso, e que eles só são vendidos aos pares, então os preços devem ser multiplicados por dois. Mesmo assim, compensa!

O kit berço tinha visto no site da baby r us, que (arrisco dizer) é a loja mais tradicional de enxoval dos States. Mas, quando fui fazer a compra, tudo do tema que havia escolhido estava indisponível. Fuçando no google, minha irmã descobriu o site da Baby Super Mall (http://www.babysupermall.com/), que tinha tudo o que queria e um pouco mais. Foi difícil encontrar kit berço e kit cama coordenados, mas acabei encontrando lá. E várias coisinhas de decoração coordenadas com o tema: quadrinhos, bandô de cortina, cortina, abajur, cestinho para roupa suja...

Foi muito bom ter comprado antes, porque não encontrei em loja nenhuma kit berço e cama coordenados e o que tinha pesquisado aqui em Salvador antes de viajar custava três vezes mais caro.

Confesso que fiquei preocupada com a qualidade do produto, mas fiquei super satisfeita quando pude conferi-lo pessoalmente. Trouxe também o enxoval da minha irmã, que também está grávida, e tudo também estava lindo de viver. Então: Recomendo dar uma olhada no site.

A última compra que fiz pela net, foi no site da Pottery Barn Kids (http://www.potterybarnkids.com/). Tem uma lojinha super charmosa em Coral Gables, próxima a Miami, no Merrick Park. A loja não é barata, mas tem umas peças de decoração que não encontramos em qualquer lugar: lustres, abajours, espelhos recortados, roupas de cama diferentes. Tinha posto um monte de coisa na sacola (inclusive lustre para o quarto de Leti, um abajour em forma de carruagem, jogos de cama...), mas muita coisa só ficaria disponível num prazo de mais de um mês. Por isso, desisti. (quem quiser comprar, é bom entrar no site bem antes da viagem e verificar o prazo de entrega). Comprei um jogo de cama lindo, num material delicioso para a cama do quarto de Mateus; um edredom e almofadas de dinossauros (o tema do quarto dele), com o nome dele bordado e uns espelhos lindos para o quarto de Leti. Fui visitar a loja física, mas não tinha nada do que tinha escolhido na net. Comprei, apenas, as letras do nome de Lipe, em madeira, para decorar seu quarto.

Além da Baby R Us, que tem tudo e mais um pouco para o enxoval do bebê, descobrimos uma outra loja, pouco divulgada, que tem váááááários artigos de enxoval, alguns com preços melhores que a Baby R Us (como a babá eletrônica com câmera da marca summer): Buy Buy Baby! A loja fica em Coral Springs, Flórida. Um pouco distante, é verdade! Mas tínhamos duas opções para o mesmo lado, a loja Baby Love e a Buy Buy Baby. Então, separamos um dia para visitar as duas lojas. A primeira, bem grande por sinal, estava entregue às moscas e já não funcionava mais há uns 3 anos (descobrimos com uma funcionária da loja vizinha). Ainda bem que a visita à Buy Buy Baby compensou os 50 minutos de viagem que fizemos. Encontramos varias coisinhas diferentes, artigos de decoração, roupinhas em promoção e itens do Pooh, tema do enxoval da minha irmã. Para quem tem tempo, recomendo a loja.

Também achei que valeu muuuuuito à pena visitar algumas lojas de departamento, para comprar roupinhas de grife para os babies, bem mais baratas que as lojas tradicionais. A que mais me surpreendeu foi a Bloomingdale's . Comprei roupinhas Ralph Lauren, Guess, Levis, muuuuito mais baratas que todos os outros lugares que visitamos e ainda demos a sorte de, no dia da compra, ganharmos um desconto adicional no caixa. Não dá para acreditar no preço que pagamos nas roupinhas, cada uma mais linda que a outra...

Também encontramos roupas Ralph, Tommy, Guess, Calvin Klein, Puma, Nike dentre outras na Macy´s, e na Ross dress for less. Esta última tem muita coisa de qualidade duvidosa também, mas, procurando direito dá para encontrar muita roupinha legal a preço de banana. Outras coisas que comprei lá (das duas vezes que fui) foram: artigos para scrapbook (muuuuuito mais barato que aqui), álbuns de fotos para crianças, sapatinhos de crianças e alguns artigos de decoração. A loja é enorme, tem de tudo e existem várias espalhadas pela cidade, vale uma visita.

Por fim, uma coisa que acho importante, e não sei se todo mundo sabe, é conferir com a empresa aérea a cota de bagagem a que tem direito antes do embarque. Digo isso porque quando fomos para Disney em abril com as crianças, de American Air Lines, tivemos que deixar duas malas no aeroporto de Orlando porque a empresa simplesmente não permitia o excesso de bagagem para Salvador e uma outra cidade do Brasil (que não me lembro agora). Mesmo que pagássemos. Tínhamos direito a 2 malas de 23kg cada, uma de mão (cujo peso não lembro agora, mais que era mais de 10kgs com certeza) e uma bolsa ou mochila. Desta vez, fomos de TAM, que nos dava direito a 2 malas de 23kg, cada, e bagagem de mão de peso total de 8 ou 10kgs (não lembro). A cota de bagagem de mão era bem menor, mas eles são bem mais flexíveis no momento da conferência da bagagem. E admitem o pagamento do excesso (que tive que pagar, já que trouxe também o enxoval do meu sobrinho-afilhado).

Bem, é isso!


Ah, esqueci de dizer que, antes da visita à Carters e à OshKosh (que normalmente já estão nos roteiros das grávidas, porque possuem artigos lindos, de excelente qualidade, a preços igualmente atrativos) é bom entrar nos respsctivos sites (http://www.carters.com/ e http://www.oshkoshbgosh.com/) para imprimir cupons de desconto que deixam os preços ainda melhores.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Curtinhas: cores, brincadeiras e diálogos

Ontem, depois de ficar o dia inteiro envolvida com trabalho e com pendências do apartamento novo, cheguei em casa já no final da tarde e fui brincar com minha pequena (#saudade).

Ela tinha acordado há pouco e ainda estava meio preguiçosa. Perguntei do que queria brincar e ela, prontamente, respondeu: - massinha!

Tínhamos suspendido um pouco a massinha, porque ela só usa de uma maneira repetitiva, nada funcional e isso não é bom para seu desenvolvimento.

Mas, para despertar seu interesse pela brincadeira, acolhi sua sugestão, peguei uma massinha nova para brincar por um breve intervalo de tempo, apenas para puxar o gancho para outras atividades.

Enquanto abria o pote, lhe perguntei, mostrando a tampa da massinha: - que cor é essa massinha? Ela, sem pestanejar respondeu: - é osa!

A tampa era rosa!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não acreditei! Já tinha percebido algumas vezes que ela reconhecia o amarelo, mas achava que pudesse ser coincidência. Mas, rosa?!?! Nem tem rosa nos DVD´s que falam de cores que ela tem... Fiquei tão tão tão feliz!!!! Que bom que cedi a seu pedido e aceitei a brincadeira com a massinha...

Brincamos por uns 10 minutos (noto que ela baba mais quando brinca de massinha, da mesma maneira que se balança menos).

Depois guardamos a massinha e peguei o castelo que trouxe da Disney (cheio de príncipes e princesas) e fomos brincar juntas. Na verdade, achava que ela nem ia ligar. Mas ela curtiu. Montamos o castelo, colocamos torres, tochas, escadas, separamos as princesas e os príncipes..., ela olhava tão empolgada para as princesinhas, analisava, fazia menção de arrumá-las no castelo... Tão lindo!!! Liguei as tochas que acompanham o castelo (e que parecem velas) e ela imediatamente disse: -sopá (assoprar). Achei tão engraçado, porque, de fato, pareciam velas que são assopradas em aniversários. Seu tempo de atenção para a brincadeira não foi longo, brincamos por cerca de 15, 20 minutos. Mas neste tempo ela esteve completamente envolvida, o que foi suficiente para me deixar imensamente feliz.

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Hoje, quando descansávamos depois do almoço, e aproveitávamos para conversar, começamos a falar sobre banho, quando Samir lhe perguntou: 
- com quem você gosta mais de tomar banho, com Val, mamãe ou papai?
- com papai.
Pensava que ela simplesmente repetira o que ouvira por último, mas ela logo completou:
- a gainha pintadinha e o gao caijó... (a galinha pintadinha e o galo carijó).
Tive plena certeza que ela sabia o que falava e que estava respondendo corretamente à pergunta que lhe fora feita. É que toda vez que Samir dá banho nela, canta a música da galinha pintadinha, e ela adora! Então, interpretando, o que ela quis responder foi:
- gosto mais de tomar banho com o papai porque ele canta a música da galinha pintadinha.
LINDA!

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Agora à noite, na hora de dormir, me olhou e disse: - qué dubí (quer dormir). Vesti seu pijama e me deitei ao seu lado na cama, como sempre faço. Mas meu pai me ligou bem na hora. Levantei e fui à sala atender ao telefone. Quando estava no meio da conversa, chega ela ao meu lado, puxa meu braço, me olhando nos olhos e diz: - qué dubí!
Logicamente, desliguei o telefone na hora e fui com ela de mãos dadas ao seu quarto, deitar ao seu lado  e esperar por 5 minutos para ela cair num sono profundo (ela estava morta de sono).
(eu ainda fiquei por uns 20 minutos, boba, olhando para ela, e agradecendo a Deus estas demonstrações de evolução da minha filhota).

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Hanen


imagem daqui

No dia 08/10 passado, participei, como havia divulgado aqui, do curso Hanen, ministrado pela fonoaudióloga Natalia Spinelli.

Já alimentava uma curiosidade em conhecer o Hanen desde outubro do ano passado  quando, participando de um workshop de Floortime em Recife (exatamente um ano antes do curso de Hanen), ouvi relatos entusiasmados de pais que aplicavam a técnica em seus filhos.

A (maravilhosa) TO de Leti, que me acompanhou no workshop em Recife, me prometeu que traria o curso para Salvador e, depois de muitas tratativas e tentativas, acabou conseguindo e proporcionando aos curiosos pais a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre esta abordagem terapêutica para crianças com comprometimento de linguagem.

Confesso que no início fiquei meio receosa com o desenrolar do curso, que aconteceu num dia inteiro de sábado, em que tinha vários compromissos agendados, que acabaram por ser adiados. É que a palestrante, antes de entrar nos finalmentes, achou por bem tecer um comentário introdutório, no qual justificou ser a única profissional no Brasil habilitada a aplicar o Hanen em pacientes, a utilizar e traduzir o material fornecido pelo Centro Hanen, a ministrar cursos, etc, etc... Me pareceu meio pernóstico. Mas depois entendi. Parece que alguns (ou alguma, não sei) profissionais têm se aventurado a aplicar a técnica no Brasil, a traduzir e fornecer material didático e a ministrar cursos sem possuir a devida habilitação junto ao Centro no Hanen no Canadá. (Fechado o parêntese, volto a falar do curso.)

Pois bem.

A técnica foi criada no ano de 1975, no Canadá, para tratar, inicialmente, crianças com atraso de linguagem e posteriormente foi aprimorada para ser aplicada também em crianças dentro do espectro autista.

O programa é baseado em evidências e em princípios de educação de adultos, e seus recursos são voltados para pais, cuidadores, educadores e profissionais que lidam com a criança, através de uma combinação de sessões de grupos entre pais e educadores, sessões individuais de devolutivas de vídeos e consultorias, planos de ação e gerenciamento junto às famílias.

O foco do programa é voltado para a comunicação, esta entendida como um processo dialético entre a interação e a introdução da linguagem.

E falar em linguagem não é tão somente pensar na fala do sujeito. A fala é uma das modalidades de linguagem. De linguagem expressiva! Mas tão importante como a linguagem expressiva, é também a linguagem compreensiva da criança, que se manifesta de maneira passiva, mas que nos permite perceber se ela entende o que lhe é comunicado através da palavra, de gestos, símbolos (objetos, fotos, desenhos) etc.

Em relação à linguagem, o programa classifica os níveis da comunicação em quatro:

1) Descobridor: vocaliza, ri, chora, apresenta baixo nível de linguagem;
2) Comunicador: balbucia, aponta, atende a comandos básicos, emite sons específicos para situações específicas;
3) Usuário de primeiras palavras: começa a usar palavras soltas para nomear coisas e expressar desejos;
4) Combinador: começa a combinar palavras (pelo menos duas), usando frases para se comunicar.

Em relação à comunicação, há que se classificar ainda o estilo utilizado pela criança:

a) Agenda Própria: quando a criança faz tudo sozinha, com independência, sem demandar auxílio de ningguém, restringindo, portanto, seu processo de comunicação;
b) Relutante: quando oscila entre momentos de comunicação interativa e outros de isolamento;
c) Passiva: quando se mantém passiva na situação em que for colocada, sem interação, portanto (é aquela que, se colocada em frente a uma TV fica lá o tempo inteiro, só saindo quando for retirada);
d) Sociável:  esta é autoexplicativa.

A classificação do nível de comunicação da criança é importante para que se identifique o estágio em que ela se encontra e aquele que precisa ser alcançado, para que se pense nas estratégias que deverão ser utilizadas.

Nem sempre é fácil identificar UM estágio no qual nossa criança se encontra, já que o processo de formação de linguagem é muito dinâmico, mas deve-se ponderar qual é o que melhor se encaixa no seu perfil, para que se tenha um parâmetro para nortear a utilização da abordagem.

No momento de classificação, há que se desconsiderar as ecolalias, que são repetições descontextualizadas de palavras ou frases ouvidas pelas crianças.

A Teoria do Hanen é baseada na Teoria Sócio Interacionista de Vygotsky, que prega que o desenvolvimento seja impulsionado pela linguagem (e não o contrário, como estabelece Piaget), e tem como objetivo capacitar o adulto para facilitar as crianças a adquirirem ou aprimorarem a atenção conjunta, a interação recíproca, a comunicação intencional, o vocabulário, as combinações de palavras iniciais, a diminuição (ou eliminação) de ecolalias e a alfabetização emergente e crescente.

Sua abordagem é responsiva, priorizando a espontaneidade, diferenciando-se, desta forma, da linha comportamental, que, na minha leiga acepção (está nos meus planos estudar mais a respeito) dá mais ênfase às repetições, que nem sempre vêm associadas aos interesses da criança.

A figura da coruja simboliza bem o que prega a Teoria do Hanen, e sua iniciais (em inglês, OWL) são usadas como referência para os papéis que devem ser desempenhados pelos seus aplicadores: Observe, Wait and Listen.

Esmiuçando: Tem-se que observar a criança, para perceber quais são os seus interesses, que serão tomados como ponto de partida para as atividades propostas; saber esperar o tempo necessário para que a criança inicie a interação, fornecendo uma resposta aos estímulos propostos; e, por fim, saber escutar, compreender e demonstrar à criança que compreendeu qualquer feedback que ela dê ao final deste processo.

Neste ponto, fiquei surpresa ao perceber (analisando um video de Leti no intervalo do workshop) que meu WAIT não anda muito bem trabalhado no dia a dia com minha pequena. Na minha ansiedade, acabo não lhe dando o tempo necessário para oferecer sua resposta ao nosso processo de comunicação. (ter oportunidade de perceber isso já valeu o curso para mim)

O plano de ação do Hanen, então, é composto das seguintes etapas: inicialmente, promover o contato visual a todo o tempo (olho no olho, que pode demandar adaptação, para adulto ficar no foco de visão da criança), praticar o OWL, seguir a liderança da criança (para manter sua motivação), juntar-se para brincar, imitá-la (acrescentando linguagem), interpretar (qualquer iniciativa sua, esperando sua reação) e comentar (acrescentando informação nova ou emitindo um juízo de valor).

Exemplificando, teríamos, por exemplo, na estereotipia do flapping (sacudir as mãos próximo ao rosto): imitação da estereotipia, acrescentando: - está com sono? (interpretar), - então vamos dormir (comentar).

A imitação pode ocorrer repetindo o que a criança diz, fazendo o que ela faz, relacionando ações suas. A interpretação pode ocorrer através de gestos, ênfase a palavras chaves, nominação de objetos, utilização de frases curtas.

Enfatiza-se também a troca de turnos, que consiste na delimitação do tempo de cada um para ter sua participação na atividade. Busca-se, assim, favorecer o diálogo e, a meu ver, conter uma ansiedade comum no quadro de autismo.

As principais estratégias do programa seriam: Juntar-se, Imitar, Sinalizar para ter vez e Equilíbrio adequado entre perguntas e comentários.

Considerando os níveis de comunicação (anteriormente mencionados), propõe-se as seguintes estratégias para a criança:

a) Ao descobridor: juntar-se, interpretar e imitar;
b) Ao comunicador: juntar-se, interpretar e imitar;
c) Ao usuário de primeiras palavras: juntar-se, interpretar e comentar; e
d) Ao combinador: juntar-se e comentar.

A elaboração da estratégia fica a cargo do terapeuta que, juntamente com a família, elaborará um plano de ação para trabalhar as habilidades comunicativas da criança.

Mas a ideia é aproveitar cada oportunidade para fomentar a comunicação da criança, acrescentando linguagem e experiência nas atividades de vida diária, quando ela se mostrar interessada em alguma coisa, quando acontecer algo inesperado, quando algo der errado... a ideia é enriquecer o processo de comunicação. Sempre! Mas respeitando, é claro, o estágio de desenvolvimento da criança.

No frigir dos ovos, a abordagem me pareceu um pouco parecida com a do son rise, com algumas pequenas diferenças. Distingue-se porque o foco do Hanen é a comunicação; todo o resto vem como subsídio para favorecer o processo comunicativo. E este enfoque faz com que tudo que se pense como plano de ação do hanen esteja permeado de intervenções que favoreçam este processo; acrescentando linguagem, interpretações, comentários, proporcionando tempo para as respostas... Isso me parece positivo, já que acredito que o trabalho mais focado tenha mais chances de conseguir melhores resultados.

A postura da palestrante me fez mais simpática à abordagem do hanen que a do son rise. Sua disponibilidade a tirar as dúvidas dos pais, suas dinâmicas (avaliadas de perto) abarcando situações das crianças ali representadas, sua sugestão para apresentação de videos das crianças, para que tentássemos colocar em prática toda a teoria trabalhada ao longo do dia, tornaram o workshop muito mais proveitoso (do que foi o de son rise, para mim).

Enfim, valeu muito à pena!

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Livro sugerido pela autora: It takes two to talk. Jan Pepper and Elaine Weitzman.
Site do Hanen: http://www.hanen.org/

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