Em tempos de PEC (que nem é mais PEC, mas Emenda Constitucional) das empregadas domésticas, temos nos virado nos 30 para tentar minimizar o pagamento das horas extras à babá que dorme em nossa casa de segunda à sexta e de quem não podemos abrir mão, já que o marido trabalha a semana inteira no interior e tenho medo de precisar dar assistência à noite a um dos filhos e não ter com quem deixar os outros.
Mesmo antes da PEC, depois que os pequenos estavam alimentados e limpos (tarefa divida entre nós duas, eu e a babá), eu assumia os cuidados com as crianças até a hora em que iam dormir, contando com sua ajuda para preparar um leite, arrumar a cama ou até, ficar com um dos pequenos enquanto eu colocava o outro para dormir. As (agitadas) madrugadas já ficavam sob a minha responsabilidade.
Como agora descanso é descanso, tenho me virado à noite com Lipe para dar conta dos dois pequenos.
Normalmente, Lipe se entende com Mateus para que eu possa colocar Leti para dormir e depois volte meus cuidados para o caçulinha. Mas hoje Mateus estava enjoado, dengoso e só queria o colinho da mamãe.
E a babá tinha aproveitado o final do expediente para descer para conversar com as amigas. Éramos em casa apenas nós quatro: eu e minha prole!
Eu já estava no quarto com Leti, colocando-a para fazer xixi, escovando seus dentes, organizando sua cama, pegando o livro que ela havia escolhido para a leitura noturna quando o choro de Mateus passou a soar insuportável aos meus ouvidos.
A solução saltava aos olhos: Lipe leria para Leti o livro que ela tinha escolhido, enquanto eu tentava colocar Mateus rapidamente para dormir, e voltava para fazê-la dormir depois.
Apenas para contextualizar, Lipe e Leti têm uma relação, digamos, indiferente!
Apesar d´ele ter criado grande expectativa em torno da irmã que estava por nascer, com o passar dos anos, o vínculo afetivo entre os dois não se fortaleceu como eu gostaria, por conta da dificuldade de Leti na formação de vínculos.
Às vezes o sinto mais empenhado em conquistar o amor da irmã, às vezes menos. Às vezes Leti é mais arredia com ele (e com todos a sua volta), às vezes menos. E assim vamos caminhando...
Minha grande preocupação, neste caso, era Leti retribuir a gentileza e carinho do irmão com seus usuais arranhões e beliscões, deixando-o triste e frustrado.
Mateus não dormiu tão rapidamente como eu esperava o que me permitiu observar (por um tempo pequeníssimo) os meus mais velhos num momento de rara de intimidade e deleite. Lipe lia tão empolgado, envolvido, cheio de entonações, incitando a participação da irmã, e Leti prestava atenção, acompanhava, respondia... Minha vontade era ficar ali a noite toda.
Mas tive que voltar ao meu intento e, quando, finalmente, consegui colocar o pequeno no berço e voltei para assumir meu posto no quarto rosa da casa, encontrei os dois dormindo, lindos, lado a lado.
Meu coração quase não se conteve de tanta felicidade. Era como se o meu grande sonho, de vê-los completamente apaixonados um pelo outro, como sou com minha irmã, estivesse finalmente começando a se realizar.
Quem sabe???
Quando acordou, ele disse que ela não o machucou nem uma só vez |
3 comentários:
Q lindo Jana! Com certeza aos pouquinos essa relação vai crescer! E a Emenda Constitucional está sendo um tiro no pé, pois cada vez mais tenho a impressão de que a babá não é tão indispensável quanto nos parecer ser, pior para elas! Se a babá estivesse em casa provavelmente essa intimidade não ia acontecer! Bjs
Estou emocionada... que lindos!
Jana, Drummond escreveu que "mãe é tempo sem hora"...com certeza ele tinha razão quando assim escreveu, posto que qual de nós, mães, desliga o botão do "on" ou olha para o relógio quando o assunto são filhos e suas necessidades, seus desejos, suas vontades, seu chorinho, seu denguinho e todos os deliciosos "inhos"com que musicam a nossa vida?
O mesmo Drummond escreveu num de seus poemas: "preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças"...e este é seu grito de alerta neste blog especial de que cuida com tanto zelo, e que com certeza é um alento e amparo para muitas mães espalhadas por aí que compatilham silenciosas as dificuldades da maternidade, e as suas delícias também. Continue nos ajudando a preparar canções que façam adormecer as crianças (o que Lipe poderá ajudar com toda a certeza - rsrsrsrs) e a saber que é normal e maravilhoso nem sabermos onde é que fica o nosso botão de on/off", porque Deus nos fez mães assim, como um tempo sem hora. Bjs, Carol Freitas
Postar um comentário