quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A Fada do Dente e a Felicidade da Vida

No dia 15 passado, Leti perdeu seu quarto dentinho. Como ela estava bem envolvida com a história da fada do dente, por conta do episódio de Peppa e do livrinho que ganhou da tia no dia das crianças, investi na brincadeira, sem saber se ela embarcaria.

Ela chorou sentida quando tirei o dente, que por conta do meu nervosismo só saiu na segunda tentativa, mas topou usar o envelope que veio junto com o livrinho para pôr o dentinho para a fada, debaixo do travesseiro.

No dia seguinte, mostrei as moedinhas que a fada tinha deixado e perguntei o que queria comprar. Ela prontamente respondeu: barrinha de goiabinha.

Prometi que, no caminho para a Ciranda Pedagógica, pararíamos no posto para comprar.

Ela pediu para parar no primeiro posto do caminho, ainda na nossa rua, mas eu tinha outro em mente, o do Hiperposto.

Para nosso desapontamento, a delicatessen do posto estava fechada para reformas. Ela ficou desolada! 

Mas reforcei que, como havia prometido que compraríamos, iríamos à padaria para comprar, conforme o combinado.

Fomos juntas, ela escolheu o que queria, pagou à caixa e logo pediu para degustar.

Dei uma para experimentar e fizemos um outro combinado: colocaria todo o pacote em sua lancheira, mas ela, na hora do lanche, primeiro comeria o seu mamão e depois poderia comer dois biscoitinhos, guardando o restante para levar de volta para casa.

Reforcei o combinado quando chegamos, junto com ela e Gabi, pedagoga da Ciranda.

Durante toda a manhã o combinado foi lembrado e relembrado, dando margem a novas negociações.

E hoje, menos de uma semana depois, o episódio se repete: o dente do lado também se foi. De maneira mais segura, no primeiro puxão, mas também envolto a lágrimas.

Estancado o sangue, passado o choro, começamos a confabular novamente sobre a fada do dente.E ela, comilona como é, só enumerava as diversas guloseimas com que sonhava.

Horas depois, quando desenhávamos à mesa, retomei o assunto.

E ela soltou: o envelope!

Sim, colocaríamos o dente no envelope.

Então ela, do nada, disse: "querida fada do dente...", como se estivesse iniciando uma carta.

Obviamente, aproveitei a deixa e corri para pegar uns cartõezinhos que tinha guardados.

Animadamente, disse que era uma ótima ideia fazer uma cartinha para a fada, e escrevi " Querida Fada do Dente", convidando-a a completar.

Em alguns momentos com quase nada de intervenção, em outros com um pouco mais, não é que a cartinha saiu?

Inicialmente ela só queria falar de comida, pensando nas diversas possibilidades de investir o dinheiro que ganharia, mas depois conseguiu desviar deste foco.

O momento que mais precisou de intervenção foi quando pedi que elaborasse o que escreveria sobre o que daria à Fada, pois ela sempre falava em moedas.

Tentei escrever o mais próximo possível do que falava. E ao final, quando expliquei as formas de encerrar uma cartinha, ela, super animada, disse "tchau, Fada do Dente", última frase que escrevi, antes d´ela "assinar" sua carta.

Quando lhe entreguei o cartão dentro do envelope, ela correu e o guardou debaixo do travesseiro. E eu, boba que só, quase morri do coração de tanta alegria.



Esta semana tive outras alegrias com minha pequena, para suavizar a minha preocupação com a extrema ansiedade que vem demonstrando em relaçao à comida.

1) 

Ontem, assistindo um vídeo na escola, das atividades realizadas na semana da criança, tive que disfarçar uma lágrima que tentava cair, ao ver, no encerramento, uma performance linda da minha pequena, estimulada pela motivadora pró Camila, e acompanhada pelo carinhoso professor de música, Marcelo,cantando ao microfone. 

Cantava uma música, passava para outra e depois outra... Estava tão envolvida, tão visivelmente feliz! E Camila, ao primeiro vacilo, à primeira tentativa de afastar o microfone, a estimulava a continuar, ao que ela respondia com mais música. Marcelo acompanhava, mudando a melodia, a cada nova música do repertório, e os colegas seguiam, cantavando junto... Foi tão, tão, tão lindo!!!!! Emocionante é pouco!

2)

Ultimamente, todas as vezes que chegamos na garagem, para pegarmos o carro para irmos à Ciranda, ela, levando a mochila, sai correndo na frente, por entre os carros, gargalhando e olhando para trás, como se me chamasse a brincar de pega-pega. Mesmo estando normalmente atrasada, e havendo um pequeno risco, por estarmos na garagem, não resisto e acabo correndo atrás dela e enchendo-a de beijo quando consigo alcançá-la. E como são raros os momentos de diversão pela brincadeira, estes me deixam extremamente feliz!

3)

Hoje à noite, atendendo ao seu pedido de ver o livro "O Sanduíche da Maricota" no computador, livro que vem sendo trabalhado na Ciranda Pedagógica, e cujos slides a equipe tinha me encaminhado por email, sentamos juntas para ver o livro. Fiquei impressionada com o domínio da história, e com a desenvoltura com que me contou. Consegui compreender a felicidade estampada nos olhos de Gabi ontem, quando fui buscar minha pequena na Ciranda Pedagógica, e ela me falava da grande contadora de histórias em que a minha estava se transormando. Fazer o reconto de histórias é uma das metas previstas para este semestre, e estamos chegando lá.

4) 

Por fim, para poder sentar para escrever este post, que eu não queria deixar para depois, para não explodir de tanta alegria contida em mim, liguei ao meu lado a TV no desenho dos Smurfs para Leti assistir, enquanto eu escrevia.

Lá para as tantas, ela se lembrou de uma música da banda PUMM e se utilizou dela para me sensibilizar e me tirar da frente do computador. Ela cantava "encontrei Letícia lá no corredor, eu pedi um abraço e ela me negou, eu tornei pedir e ela não quis dar, venha cá Letícia, quero te abraçar", e completava "quer abraço, mamãe".

Quando eu corria para abraçá-la, ela ficava numa alegria extasiante, sorrindo e se balançando e, depois, me abraçava, alisando os meus braços. O melhor abraço que já recebi até hoje. Sem dúvida!

Bastava eu sentar para continuar a digitação, que ela começava a cantar de novo. Queria, na verdade, a minha atenção. E depois de uns dez abraços superhipermega deliciosos, decidi abandonar o computador e me deitar ao seu lado, até que ela dormiu e eu pude voltar aqui para compartilhar todas estas alegrias.


Um comentário:

Aline Rosa disse...

Apaixonante essa pequena!

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