sexta-feira, 17 de abril de 2020

E lá se vai um mês...

Será o primeiro de alguns? Não sei. Quem sabe? Aqui continuamos sobrevivendo. Respeitando as orientações quanto ao distanciamento e quanto aos cuidados nos momentos das inevitáveis saídas. A saudade dos queridos aumenta e seguimos tentando extrair aprendizado de toda essa crise.

Por um tempo, conseguimos manter uma clausura quase absoluta, mas minha total antipatia a lives e youtube não me ajudaram no que diz respeito ao cuidado com a saúde física, o que acabou me fazendo optar por corridas ao ar livre (com máscara) três vezes por semana para (tentar) manter o peso e a sanidade mental.

Consegui incorporar um novo hábito e incrementar outro. Tenho escutado CD´s que já estavam esquecidos nos maleiros, preteridos pelo spotify. E lido mais. Já foram 4 livros inteiros (um deles pequenininho) e dois em andamento. Eu tinha esquecido o prazer proporcionado pela música. Ultimamente, só escutava no carro e uma mesma playlist que já sabia de cor. Escolher um CD e deitar no sofá para ouvi-lo (ou levantar para dançar rs) tem me trazido muita tranquilidade.

Sinto os dias ficaram mais leves...

Em relação às crianças, as coisas estão sob controle. Na medida do possível. 

Com Teu e Lipe, continua tudo muito parecido com o que escrevi no último post. Com Leti, algo mudou. Para melhor! Muito melhor.

 


Como havia relatado, Leti foi quem mais sentiu a mudança em sua rotina, e andava ansiosa e agitada, machucando-se com certa frequência. Eu estava simplesmente acolhendo-a e dando-lhe um tempo. Mas parece que ela assimilou melhor a mudança, assenhorou-se de sua nova rotina e, com isso, tem estado mais tranquila, tem se machucado menos e apresentado mais disposição para as atividades pedagógicas.

E este post vai ser para tratar especialmente deste aspecto.

Logo depois que escrevi o último post, recebi de uma prima emprestada e psicopedagoga que tem nos ajudado com Leti, umas atividades para fazer em casa.

Quando senti que ela estava melhorzinha, resolvi convidá-la para fazer uma. Qual não foi a minha surpresa quando percebi que ela estava conseguindo ler umas palavras com sílabas simples com o meu auxílio!!!! Não consigo nem descrever, quase enfartei!

Eu já percebia que a consciência fonológica dela estava bem apurada, a ponto de ela identificar a ssílabas quando eu apresentava uma consoante e uma vogal e perguntava que sílaba formava. Esse, para mim, tinha sido o grande ganho do ano passado, que apontava para belos próximos capítulos.

Mas quando eu tentava trabalhar leitura com ela, percebia que ela não conservava a sílaba que identificava para juntar a outra e formar uma palavra. Exemplo: BALA. Ela dizia B com A, BA. L com A, LA. Mas não guardava o BA e LA para formar BALA. Sempre que eu perguntava pela sílaba, tinha que dizer de novo B com A... e se perdia neste círculo.

Desta vez ela parecia bem apropriada da conservação das sílabas. (Soube depois que já estava fazendo isso na escola e na Ciranda/Navegar).

Empolgadíssima como estava, falei com Marina (sua monitora), com Luci (sua pró), com Rafa (da Ciranda/Navegar) e com Daniele (a prima-psicopedagoga) sobre o desempenho da minha pequena e sondei se poderíamos montar uma força tarefa para fazermos algo afinado com todas as profissionais para trabalharmos mais este aspecto nesses dias de "isolamento".

Como eu já esperava, a receptividade foi linda e imediata e, dias depois, todas já se reuniram virtualmente para pensar num plano de trabalho para minha pequena e se comprometeram a irem enviando atividades para eu ir fazendo com minha tchuquinha.

Em paralelo, e aqui preciso abrir um parêntese, resolvi adotar uma estratégia com ela para tentar conter uma ansiedade que começava a me preocupar.

Como já disse aqui, Leti tem uma mania nada funcional (nem higiênica) de brincar desenhando com saliva em lençóis de poliéster (nos de algodão a saliva não "desenha" o tecido). A brincadeira em si já é meio nojentinha, mas como é o que a acalma e diverte, não impedimos e até nos acostumamos.

O problema é que, ultimamente, ela andava tão ansiosa que mal escolhia um lençol para "brincar", e já queria outro e depois outro e outro. Resultado: o quarto ficava amontoado de lençol espalhado por todos os cantos, quando a bagunça não invadia outros cômodos da casa, e a ansiedade dela ficava cada vez mais visível, na dificuldade de concentração daquela atividade, para ela, lúdica.

Conversei com ela, e expliquei que aquilo não poderia continuar daquela forma. Combinei que ela teria direito a dois lençóis e que, toda vez que fizesse uma atividade - pedagógica, artística ou física - teria o direito de trocá-lo.

Como poucas coisas a motivam, sempre tive dificuldade em envolvê-la para fazer atividade, já que, sem uma compensação, o esforço dela para estas atividades é simplesmente ZERO. A moeda de troca quando tinha atividade para fazer em casa acabava sendo a comida (ou condicionar a próxima refeição à realização da atividade ou premiá-la com alguma guloseima). Mas isso nunca me agradou!

Apesar de ter mudado a postura em relação aos lençóis para tentar conter a ansiedade e a bagunça, não imaginei que os resultados pudessem ser tão bons.

No afã de conseguir um lençol desejado, e depois de pedir, implorar e bajular sem sucesso, ela, VÁRIAS vezes, acaba pedindo para fazer uma atividade, para poder ganhar seu lençol. A iniciativa é dela! E senta, se concentra, se empenha e faz! Lindo!

Bem verdade que, até chegarmos ao formato atual, passamos por alguns percalços.

Resolvi guardar os lençóis no maleiro do quarto dela. Ela, que tem uma insegurança gravitacional absurda, e detesta subir em cadeiras, escadas e afins, simplesmente, puxava a cadeirinha do quarto, subia e puxava tudo! Ah, e ainda saía correndo para me contar. Porque ela é dessas. Não adianta aprontar. Tem que contar que fez.

Resolvi guardar no maleiro do meu quarto que é mais alto. O que ela fez? Puxou minha cadeira (mais alta), subiu, ficou na ponta do pé e, quando viu que não ia conseguir, abriu a gaveta e já ia subir para ficar mais alta. Fico imaginando o estrago se não tivéssemos visto a tempo.

Mudei então. Peguei uma mala grande (com cadeado), guardei os lençóis dentro e a mala fica no chão. Para evitar acidentes. Ela passeia pela casa o dia inteiro empurrando a mala. Muito engraçado! Ela sabe ser bem engraçada quando quer. Mas só abrimos quando ela faz a parte dela.

E tem funcionado. Ela faz o circuito, faz atividades de arte, atividades pedagógicas com bastante empenho, coisa que dificilmente aconteceria sem uma motivação.

E o desempenho nas atividades pedagógicas melhora a cada dia!!!

Estou tão, tão feliz com esse progresso. Extraindo pérolas de todo o caos que estamos vivendo e esperando que joias ainda mais preciosas brotem deste lindo processo.










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