sexta-feira, 23 de março de 2012

Um pouquinho de ciúme não faz mal

As pessoas ficam curiosas para saber como estão Lipe e, principalmente, Leti, depois da chegada do irmão. 

É fato que a chegada de um bebê desestrutura uma casa e sua rotina, já que um recém nascido demanda muitos cuidados, e acaba concentrando nele todo o foco de atenção, principamente nos primeiros meses de vida.

E não foi diferente por aqui. Estamos todos - ainda - vivendo nosso processo de adaptação.

Lipe se apaixonou à primeira vista pelo irmãozinho. (Cá entre nós, acho que ele deposita neste irmão a expectativa de viver o grande amor fraternal que Leti ainda não lhe corresponde).

É super carinhoso com o irmão, não pode ouvir seu choro que logo corre para saber o que aconteceu, se tentamos acalmá-lo e ele demora de parar de chorar, logo dá seu palpite, mandando carregá-lo em pé ou amamentá-lo, adora segurá-lo no colo e fica todo satisfeito quando percebe que o irmão o segue com os olhos. LINDO, LINDO, LINDO!

Mas, na primeira noite de Mateus em casa, também sucumbiu ao ciúme. 

Naquele dia, Samir anunciou que dormiria no quarto de Leti; eu, no de Mateus, e ele, no dele.

Ao perceber que estaríamos ocupados com os menores, logo reivindicou: - e eu, vou dormir sozinho, é?

Respondi que ele poderia dormir em seu quarto porque não acorda mais de madrugada e, por isso, não precisaria dos nossos cuidados à noite.

Pareceu entender, mas quando viu que nos preparávamos para dormir, desligou a televisão (sem que eu mandasse #milagre) e se entocou na cama (de solteiro) comigo, no quarto de Mateus. Acabou adormecendo por lá mesmo, todo espremido, ao meu lado.

Nos dias em que Samir está no interior, e que coloco Leti e Mateus para dormir em meu quarto, ele sempre pega seu travesseiro, e vem nos fazer companhia em minha cama. E, ai de mim, que fale alguma coisa...

Estas são suas únicas, e sutis, demonstrações de ciúme.

Às vezes quero exigir de Lipe uma postura mais amadurecida, mas não posso esquecer que ele ainda é uma criança, e até imatura para sua idade (apesar de muito inteligente). E, na disputa de atenção com Leti e Mateus, ele acaba saindo prejudicado, por ser mais velho. Tenho procurado, na medida do possível, lhe dar atenção e lhe incluir em alguns momentos de curtição com os babies. Também tenho aproveitado os momentos que vou levá-lo ao inglês para conversarmos mais intimamente e para fazermos algo diferente, como ontem que fomos para uma orgia gastronômica na Doces Sonhos. Sinto que ele fica feliz quando temos esses momentos só nossos. E fico feliz também de poder, por alguns instantes desta turbulência que está a minha vida, curtir meu primogênito, que está numa fase diferente, e cheio de interesses e descobertas.


Com Leti, o processo foi diferente!

Inicialmente, sua reação foi de indiferença. Passava por Mateus e olhava através dele, como se ele não existisse. Esta, para mim, era a pior reação que poderia esperar. Mas não durou muito.

Da indiferença, passou para a hostilidade. Uma recusa, quando a chamávamos para olhar o irmão; um tapa no rosto dele, quando teve uma oportunidade; um pedido de colo para mim ou Samir, a depender de quem estivesse carregando o pequeno.

Ela, visivelmente, estava querendo demarcar seu território, mostrar quem é que manda no pedaço.

Adorei! Ela, finalmente, estava percebendo que tinha mais alguém em nossa família. E demonstra isso em alguns momentos. Quando ele chora, e perguntamos quem está chorando, ela responde: - Teteu! De vez em quando cantarola uma paródia que fizemos de uma cantiga que ela gosta (Teteu, Teteu, cadê você, Teteu?), sempre que pode, está no quarto dele, observando (e mexendo em) cada coisinha...

Estes momentos de hostilidade e curiosidade, vez por outra, têm sido intercalados com pequenas demonstrações de carinho. A melhor parte! Algumas vezes, quando estou na poltrona do quarto de Teu, amamentando-o, ela se aproxima, quietinha, faz um carinho em sua cabeça, e se afasta logo. Samir fica tenso, preocupado, com medo d'ela agredi-lo de alguma forma. Eu sempre espero para ver o que ela vai fazer. Fico em alerta para contê-la caso seja necessário, mas tenho sido surpreendida positivamente com esses seus insights de ternura com o irmão.

Acho que o saldo já é muito positivo e que a perspectiva é melhor ainda. Posso apostar que eles serão grande amigos!



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