sexta-feira, 24 de abril de 2015

Destilando Amor

Há duas semanas Leti, toda vez que se apronta para ir à Ciranda Pedagógica, diz que quer ir à Terapêutica, e não à Pedagógica.
 
Na semana passada, achei tão curiosa sua insistência que, quando fui leva-la à Pedagógica, desci e lhe disse que faria fofoca a Dudú, contando que ela não queria ele, mas Ciça, coordenadora da Terapêutica.
 
De fato, desci, fiz a minha fofoca e Dudú se comprometeu a investigar a causa.
 
Ontem, quando fui leva-la, ela repetia o discurso e, quando Dudú nos viu (presenciando a reinvindicação de Leti de ir à Terapêutica), ele me contou que tinha descoberto a causa. E ela tinha um nome apenas: Sofia.
 
Isso tudo me pareceu tão inusitado, tão improvável. Leti nunca se importou muito com as crianças a sua volta. Seu interesse nos espaços coletivos, normalmente, ou se dirigia à comida, ou a algo que satisfizesse algum prazer sensorial (desenhar no muro, brincar com areia, ouvir uma música...), ou a algo que despertasse a sua fantasia (histórias, espetáculos, desenhos animados...). Mas uma colega... Não! Dudú deveria estar errado.
 
Hoje, ao levá-la para a Ciranda, ressaltei que seria dia de Terapêutica. E ela logo ficou animada! Perguntei por que gostava tanto da Terapêutica. Sem resposta. Então, meio incrédula, perguntei: - é por causa de Sofia?
 
SURPRESA!!
 
Instantaneamente, ela abriu um sorriso de orelha a orelha e começou a repetir "Sofia, Sofia", pulando de alegria.
 
Quase caio para trás.
 
Dudú estaria de fato certo???
 
Então ela falou de Sofia e de Heitor que gosta de correr.
 
Fiquei admirada dela compartilhar, espontaneamente, algo sobre os colegas da Ciranda.
 
Fomos conversando o caminho todo, quando disse a ela que iria entrar na Ciranda quando chegássemos, para que ela me apresentasse a Sofia.
 
Entrei, ela entrou correndo na frente e, enquanto conversava com Ciça, ouvi um burburinho mais adiante.
 
Todo mundo com cara de cuti-cuti, admirado com o beijo que Leti tinha acabado de dar em Sofia.
 
Não satisfeita, se aproximou e deu outro, e mais outro. E sempre saía com um sorriso largo no rosto.
 
Ninguém jamais compreenderá o que senti. Quase caí pra trás. Sempre desejei tanto que Leti construísse vínculos com coleguinhas; vê-la com aquela expressão de felicidade plena, buscando a colega, ofertando-lhe um gesto de carinho e sendo correspondida da mesma maneira foi algo arrebatador. O sorriso que ela trazia no rosto era indescritível! Todos ao redor ficaram tomados pela atmosfera de amor que ela plantou naquele espaço, naquele momento.
 
Uma outra coleguinha, que acompanhava tudo de perto, se aproximou de Sofia e também lhe deu um beijo. Leti logo depois se aproximou novamente, encostou e simulou dar-lhe um tapa no rosto. Sofia ficou sem entender nada. Nós, adultos, intermediamos o pedido de desculpa, seguido de carinho, que ocorreu tranquilamente. E, passado o incidente, todos compartilharam da mesma impressão: o que Leti quis foi demonstrar o seu ciúme, pelo carinho da outra colega a Sofia.
 
Ela, finalmente, está conseguindo generalizar o sentimento de amor que traz latente em seu coração, e que ela consegue demonstrar com tanta clareza em casa.
 
E eu ainda estou meio out de tudo, com um sorriso bobo no rosto, tomada pelo sentimento de amor que minha pequena destilou agora há pouco.
 
 
 
 

Um comentário:

Vaneska disse...

Tbm fiquei bem aqui com esse sorriso bobo, imaginando que lindeza de momento... Imaginando a sua alegria, sua felicidade...
Conheço Sofia, linda, e Solana e imagino que ela tbm deve estar com o coração preenchido...
Amei, Leti! Lindas, lindas, lindas!!!

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