quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quem disse que amamentar é fácil?

Pode até ficar, depois de um período de prática, como, aliás, quase tudo na vida. Mas o início não é nada fácil. Nem para uma maria de terceira viagem.

Quem vê uma mãe amamentando seu bebê de mais de um mês de idade, sem ter passado pela experiência da amamentação antes, pode jurar que todo o prazer que a amamentação proporciona não exige nenhum sacrifício como contraprestação.

E a culpa dessa falsa impressão é nossa! Porque, passado o tumultuado primeiro mês da vida do bebê, a gente acaba esquecendo de tudo que ocorreu nessa fase inicial (que não é pouca coisa).

Minha experiência foi muito parecida com meus três filhotes.

Primeiro, a dificuldade do bebê pegar a mama corretamente. Eles, com aquelas boquinhas tão pequenininhas, insistem em querer pegar só o mamilo, na hora da fome, quando o correto é abocanhar toda a aréola. Daí até o bebê aprender a se alimentar, corretamente, sozinho, vai um pequeno stress da mãe (e de vários pitaqueiros), para tentar auxiliá-lo nesta nova empreitada.

Outro problema da fase inicial, quando produzimos apenas o colostro, que dizem ser a primeira vacina do bebê, é que, algumas vezes, a falta de efetividade da sucção faz com que o bebê precise de leite artificial para complementar sua alimentação. Aconteceu comigo nas três vezes.

Na primeira, fiquei arrasada, achando que não conseguiria amamentar meu filho exclusivamente com o meu leite. Mas, em todas as três vezes, eles só precisaram do leite artificial no hospital, e em quantidade bem reduzida, mantendo-se exclusivamente no leite materno depois da alta hospitalar.

Mas, o pior problema da amamentação, para mim, é o dia da apojadura.

O dia da chegada do leite é um dos dias mais esperados, porque finalmente estaremos produzindo um alimento substancioso para o nosso bebê, com tudo o que ele necessita para se nutrir até seu sexto mês de vida, mas, ao mesmo tempo, problemático, porque a quatidade do leite que produzimos inicialmente ainda não está adequada à necessidade do nosso bebê.

Nas três vezes, aconteceu depois de passadas 72 horas do parto.
Meus seios ficaram extremamente entumecidos e doloridos, e, da primeira vez, entrei em pânico, sem saber o que fazer, e achando que ficaria daquela maneira por todo o tempo em que fosse amamentar meu filho.

Cada pessoa que me via naquele estado dava um palpite diferente: mandava colocar água quente, mandava passar um pente, mandava colocar gelo, mandava tirar o leite... e eu ia fazendo tudo que mandavam (#desespero). Até que a madrinha da minha irmã me ligou, para saber como eu estava, e, antes de desligar, resolveu perguntar pela mama, ao que lhe respondi, falando da minha aflição.

Lembro como hoje. Era uma noite de sexta feira. Ela largou tudo em sua casa e foi à casa da minha mãe (onde eu morava à época) cuidar de mim. Isso é o que ela fazia no dia a dia do seu trabalho, numa maternidade pública.

A primeira coisa que fez (e que nenhum pitaqueiro tinha mandado eu fazer) foi desobstruir os ductos dos meus seios. Uma massagem firme, de dentro para fora, para desentupir os pequenos canais congestionados de leite, que estavam atrapalhando que o farto leite das minhas tetas conseguissem chegar a boquinha do meu filho. Depois, a ordenha. A retirada do excesso do leite, para que Lipe conseguisse ter força para mamar o que precisava para se alimentar. Por fim, a aplicação de bolsas de gelo, que exerciam uma função anestésica e não estimulavam o aumento da produção láctea.

Falando, parece simples. Mas foi um processo bastante doloroso e que durou cerca de dois dias.

Passada essa fase, às vezes ainda remanescem alguns probleminhas.

Fissuras nos mamilos são comuns quando o bebê não abocanha o peito direito. Tive com Lipe. É terrível e perigoso. Terrível porque dói muito. Perigoso porque tendemos a oferecer apenas a outra mama ao bebê, o que acaba desequilibrando a produção nos dois seios. (esse é um dos motivos para, algumas vezes, uma mama acabar ficando maior que a outra).

O uso regular do lansinoh ajuda a evitar tais fissuras, e não é contra indicado, porque não precisa ser retirado do seio antes do bebê mamar. Fora isso, os obstetras recomendam, durante a gestação, a exposição da mama ao sol, para dessensibilizar mamilo e aréola, o que não consegui fazer em nenhuma gravidez.

Outro probleminha que pode surgir é a mastite, que é um processo inflamatório na mama, de ocorrência mais comum no primeiro mês de vida do bebê. A pega incorreta, o não esvaziamento da mama, uma rotina muito rígida para a amamentação ou um trauma no seio são algumas das causas descritas pelo Babycenter  para a mastite.

Os sintomas são similares a uma gripe: mal estar, fadiga, febre, além de dores no seio, e, algumas vezes, o tratamento exige o uso de antibióticos.

Tive depois que Leti nasceu. Tive febre alta e todos os sintomas comumente relatados e precisei fazer uso de antibiótico. A medicação resolveu e o problema não apareceu mais.

Com Mateus, não tive fissuras, nem mastites. Ele foi quem pegou o peito mais rápido, e acho que as experiências anteriores me ajudaram no trato com a mama, para evitar estes tipos de problema. Desta vez também, não precisei de ajuda externa no momento da apojadura, consegui fazer massagem, ordenha e a fase foi bem mais tranquila.

Sinto apenas um pouco de dor quando ele começa a mamar no seio esquerdo, e acho que é porque ele não pega este peito direito. Ajusto daqui, ajusto de lá e, poucos minutos depois, não sinto mais qualquer incômodo. E sigo amamentando meu bebê, com seus 28 dias de vida.

Mas uma coisa tem me preocupado um pouco desta vez. É que não sinto meu peito super-hiper-mega-cheio entre uma mamada e outra de Mateus. Pelo contrário. Às vezes, sinto até o peito bem murcho.

Fico com medo de não ter leite suficiente para alimentá-lo. E o pior é que sempre que ouvia alguém dizer que não tinha conseguido amamentar seu filho, ficava com uma pulga atrás da orelha, desconfiando da história, por acreditar que toda mãe produz a quantidade de leite suficiente para seu filho.

Durante o dia, ele mama muito e dorme muito pouco. À noite, graças a Deus, ele tem conseguido dormir bem. Também parece estar crescendo, e tem feito bastante cocô, o que, para mim, talvez sejam indícios de que sua alimentação esteja satisfatória.

Estou super ansiosa para a consulta de um mês, para ver se ele ganhou peso direitinho.

Por último, não sei se é lenda ou verdade (mas, por via das dúvidas, prefiro não arriscar), diz-se que a amamentação impõe também algumas restrições alimentares à nutriz. Nem falo da necessidade de manter uma alimentação saudável para assegurar a qualidade do leite, mas dos efeitos deletérios que esse ou aquele alimento pode causar ao bebê. Coincidência ou não, de todas as vezes que comi chocolate, dendê, feijão e café, meus babies sofreram com cólicas. Então, pelo sim, pelo não, evito estes alimentos no período da amamentação (obs: o café substituí pelo sem cafeína e não tive problemas).

O fato é que, tirando os cuidados com a alimentação, todos os outros probleminhas de que falei, na maioria das vezes, não sobrevivem ao primeiro mês de vida do bebê e, passada esta fase de adaptação, o prazer que a amamentação proporciona compensa todo e qualquer sacrifício para assegurarmos o melhor alimento que existe para o nosso bebê.

O post, portanto, não tem por objetivo desestimular a amamentação, pelo contrário. Minha intenção com ele é compartilhar experiências, e oferecer alento para que está passando por essa fase inicial, pensando, como eu pensava, que seria assim por todo o sempre. Saibam: logo, logo tudo isso passa.

4 comentários:

Lia disse...

Oi, Janaína,
Obrigada pela sua visitinha lá no Saco de Farinha. Admiro demais as mães de três!! Um dia (não muito distante) eu chego lá! Beijos.

Vaneska disse...

Que massa Jana, adorei o post! Sou entusiasta da amamentação e gosto sempre de deixar claro que o início não é nada fácil. Mas, com certeza é um dos melhores momentos da relação mãe-filho (senão o melhor...). Que bom que vc está amamentando Mateus...
Beijos, Van.

aprendendoasermae disse...

Jana,passei por momentos de dificuldade na amamentação de Bruna,no inicio,principalmente na mudança do colostro para o leite materno.Mais minha vontade era tanta de dar mama para ela que superei tudo e ate hoje dou o "pepê" para Bruna e pretendo continuar ate quando for possivel.
Um grande beijo!

Meiry Mel disse...

Olá querida, q blog lindo eu passei e já fui ficando...
Já estou te seguindo, quando puder da uma passadinha
lá no meu pedacinho, ficarei muito feliz...bjos
Deus abençoe sua vida e seu blog, sempre!

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