sábado, 4 de agosto de 2018

Compartilhando Pequenas-Grandes Alegrias

Desde que a paz se instalou em nosso lar, como relatado aqui, Leti tem sido fonte de surpresas e diversão para a família, tem-se mostrado fértil a atividades na escola e nas terapias, tem tornado nossa vida ainda mais feliz...
 
Vira e mexe sou surpreendida com uma mensagem de Whatsapp de sua monitora da escola, contando uma tirada divertida sua. Não raras são as vezes em que ela se desvencilha da literalidade própria dos autistas e faz uma piadinha que nos desarma... Ela está mais carinhosa, mais esperta, mais articulada, mais irreverente... E está uma esponja! Presta atenção em tudo o que fazemos e falamos e, na primeira oportunidade, repete de forma contextualizada, algumas vezes, inclusive, nos expondo a constrangimentos, como quando, por exemplo, canta as músicas "baixo astral" que ouve no celular de Lipe ou solta um pum no elevador e diz, rindo, que soltou um "pum cabeça de cocô".
 

 
 
Aproveitando essa fase maravilhosa, sua psicóloga e sua pedagoga pensaram numa estratégia para, em parceria, trabalharem com minha pequena conteúdos pedagógicos voltados ao processo de alfabetização durante atividades escolhidas por ela de acordo com o seu interesse, que envolvam, inclusive, saída dos consultórios.
 
Dentro desta nova proposta, elas já foram à Perini, comprar ingredientes para fazer um picolé, e a uma pracinha fazer um piquenique.
 

 
 
A ideia é validar a proposta de Leti e, a partir daí, explorar os aspectos pedagógicos e psicológicos que a atividade envolva.
 
Em relação à visita à Perini, antes da visita, fizeram o planejamento, escolhendo o que queriam "cozinhar", procurando receita, redigindo lista de ingredientes, fazendo combinados para pôr a atividade em prática. No dia da ida ao mercado em si, além do contato com a lista dos itens a comprar e o manuseio do dinheiro para efetuar o pagamento, houve também o exercício de controle da ansiedade, que é o ponto principal de abordagem com sua psicóloga, diante de tantos produtos irresistíveis e disponíveis.
 


 
 
Na semana seguinte, foi a vez de colocar a mão na massa e fazer o picolé saudável com os ingredientes comprados na semana anterior: misturar ingredientes, cortar frutas, levar tudo para casa em forminhas de picolé e esperar o dia seguinte para degustar.
 
{Neste ponto vale abrir um parêntese: Tínhamos combinado, na sexta, quando ela trouxe a mistura do picolé para congelar em casa, que o experimentaríamos no sábado, como sobremesa do almoço. À noite, depois da janta, ela ficou nos importunando o tempo inteiro pedindo o picolé como sobremesa da janta. E a gente sempre dava a mesma resposta. Depois de muita insistência, lembramos do banquinho de ferro de decoração que trouxemos de lembrança de uma viagem, que ela havia quebrado depois de tanto tirar do lugar, e que estava desaparecido há 4 dias (e ela nunca nos respondia onde ele estava). Combinamos com ela que se ela nos mostrasse onde ele estava (achando isso improvável por imaginar que ela não soubesse mais onde estava), daríamos o picolé de sobremesa. Em menos de dez segundos, ela foi até seu quarto, tirou o banquinho de trás da sua televisão, nos entregou e reivindicou seu picolé, para nossa surpresa.}
 
 
 
A atividade, que ocupou três semanas, acabou motivando uma outra atividade na escola, desta vez para ajudar Leti com os conteúdos matemáticos.
 
Por iniciativa de sua monitora e sua professora, que perceberam a maior disponibilidade de Leti ao aprendizado diante de atividades do seu maior interesse - o gastronômico, na última sexta feira Leti foi para a cozinha preparar uma receita que levou para a escola: cupcake de limão. Enquanto ela preparava a iguaria, os colegas tomavam nota da receita que, ao final, acabou agradando a todos.
 
Perceber que a alegria com a qual minha pequena acordou na sexta feira, ansiosa para ir para a cozinha da escola, foi proporcionalmente correspondida por sua turminha (as fotos e os feedbacks que tive não deixaram dúvidas quanto a isso) encheu ainda mais meu coração de alegria, de esperança no desenvolvimento pleno da minha pequena e de fé na humanidade.
 
Ah, essa turma é tão especial...
 




 
 

2 comentários:

Unknown disse...

Quem foi o seu geneticista em São Paulo?

Janaína Mascarenhas disse...

Dr. Fernando Kok

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